spoiler visualizarRicardo Tavares 25/02/2021
O TERRORISTA ELEGANTE
Em projeto exclusivo para a Editora Planeta Brasil, o primeiro livro escrito a quatro mãos por dois dos maiores autores da língua portuguesa: Mia Couto e José Eduardo Agualusa. O moçambicano Mia Couto e o angolano José Eduardo Agualusa escreveram três peças a quatro mãos. Neste livro, essas três peças foram reunidas, depois de devidamente adaptadas pelos próprios autores para o formato de contos. A edição conta ainda com ilustrações do artista brasileiro Alex Cerveny e uma entrevista com os autores. Em "O terrorista elegante", um angolano é preso em Portugal por suspeita de participação em atos de terrorismo. O homem alega ser capaz de voar e conversa com um passarinho na prisão, que parece lhe dar as orientações necessárias para que cumpra sua missão. ?Quero explicar a vocês por que estou aqui em Xigovia, neste lugar tão cheio de lembranças. E até me treme a voz quando, por fim, confesso a razão da minha presença: venho aqui para matar.? É assim que o protagonista de "Chovem amores na rua do matador" pretende finalmente fazer as pazes com seu passado: matando as três mulheres que chegou a amar. A noite da cidade está mergulhada em caos. Enquanto o conflito se desenrola nas ruas escuras, um estranho mascarado invade a casa de duas mulheres. Em "A caixa preta", gerações da mesma família são obrigadas a, enfim, enfrentar seus segredos mais bem guardados.
Sobre o Autor
José Eduardo Agualusa nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Estudou Silvicultura e Agronomia em Lisboa, Portugal. Escreve crônicas para o jornal brasileiro O Globo. É membro da União dos Escritores Angolanos e já teve seus livros traduzidos para quase 30 idiomas. Pela Planeta, publicou A sociedade dos sonhadores involuntários e O vendedor de passados, pelo qual venceu o Independent Foreign Fiction Awards. Em 2017, recebeu o prestigiado International Dublin Literary Award pela edição em língua inglesa de Teoria geral do esquecimento, também finalista do Man Booker International Prize. Mia Couto nasceu em 1955, na Beira, Moçambique. Biólogo, além de jornalista e escritor, Mia é o autor moçambicano mais traduzido e divulgado no exterior, com obras publicadas em 24 países, e um dos autores estrangeiros mais vendidos em Portugal. É ganhador de diversos prêmios literários, dos mais prestigiados do mundo, incluindo o Neustadt de 2014 e o Camões, em 2013. Terra Sonâmbula (1992), seu primeiro romance, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi eleito um dos dez melhores livros africanos do século XX. (Resenha/sinopse da editora)
MINHA OPINIÃO
Trata-se de um livro composto de três histórias curtas (denominadas novelas, adaptadas de três textos teatrais), escritas a quatro mãos. Foi meu primeiro contato com os escritores através da literatura. Já conhecia José Eduardo Agualusa por meio das crônicas publicadas semanalmente em O Globo. Agualusa é dono de uma prosa fluida e de muito humor, aquele humor cáustico, irônico. Muitas vezes também escreve com lirismo, uma espécie de prosa poética que se apodera do seu espaço cronistico. Mia Couto conheço de ler alguns contos e poemas. A prosa de Mia Couto é carregada de certo realismo mágico.
Dos três textos que compõe o livro, a última narrativa foi a que me fisgou de jeito. A caixa preta trabalha com o sentido atribuído no setor de aviação, objeto que contém as informações de um avião, desvendando o que ocorre na aeronave. Se ocorre um acidente aéreo, a caixa preta ajuda a entender o que de fato aconteceu. Da mesma forma, a caixa preta da novela contém segredos guardados que serão somente revelados no desfecho. E é esse mistério que vai nos desvendar os segredos e ajudar a entender as situações do enredo. O Terrorista Elegante também é uma narrativa fluida e envolvente, com realismo mágico e sutil ironia. A história do meio contém elementos mágicos e uma boa dose de sarcasmo, com um humor muito debochado.
Fechando com chave de ouro, o livro se encerra com uma entrevista dos dois autores que fazem revelações interessantes sobre suas trajetórias literárias e de suas vidas na África. A entrevista é saborosa e nos permite conhecer melhor esses dois brilhantes escritores.