Lurdes 14/12/2023
A Rainha Maria I, mãe de D. João VI, avó de D. Pedro I, ficou conhecida como Maria, a louca.
É para esta Rainha Louca que Isabel Maria das Virgens, entre 1789 e 1792 escreve as carta que compõe este livro.
Mas não é exatamente um romance epistolar.
Isabel, na verdade, faz um grande desabafo, mesclado com pedido de ajuda e mensagens de solidariedade pois, assim como a Rainha, ela também foi considerada louca e alijada da sociedade.
Sabemos o quanto o artifício de decretar a loucura das mulheres que fogem aos padrões ou que se tornam inconvenientes é, ainda hoje, prática comum.
Imagina naquela época, (e até bem recentemente), as pobres mulheres não somente eram taxadas de loucas, como encarceradas em hospícios, dos quais muitas nunca conseguiam sair.
A protagonista não somente conta sua estória e todas as dificuldades enfrentadas, os maus tratos no Convento e no hospício, o descaso de que é vítima, como aproveita para denunciar os desmandos da corte e o abuso de poder.
A opressão às mulheres assumindo faces sórdidas. Mulheres que "perdiam sua pureza", mesmo que fosse por estupro", mulheres que engravidavam, que traiam ou eram suspeitas de traição, outras que eram inconvenientes em disputas por heranças ou terras, ou qualquer outro motivo, estava sujeita a ser enviada para conventos ou hospícios, que não diferiam muito, já que em ambos os casos, o destino era uma prisão eterna.
A premissa é bem instigante e gosto muito da escrita da autora.
Entretanto me frustrei um pouco por ter achado algumas partes um tanto repetitivas, quase tediosas.
Mas, de qualquer forma, foi uma leitura interessante.