Os ratos

Os ratos Dyonelio Machado




Resenhas - Os Ratos


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Arsenio Meira 25/10/2013

INJUSTAMENTE JOGADO NO POÇO DO ESQUECIMENTO
No colégio, nem por alto falavam deste romance. Prova de que a formação pedagógica na seara da literatura brasileira deixa, e muito a desejar. Lúcio Cardoso é outro autor jogados à traças, e é fenomenal. Influenciou decisivamente Clarice Lispector. É pouco?

"Os Ratos" é muito bom, é um livraço. O escritor gaúcho deu uma tacada violenta nos romances regionais; estes, soberanos, dominavam as letras pátrias da época. Foi escrito em 1935, e mesmo assim permanece assustadoramente atual. A trama é quase uma ode à Kafka, porém é um romance urbano, centrado na claustrofobia que invade o protagonista em sua cruzada para pagar uma conta pendurada com o leiteiro do bairro.

Reparo meu erro de não tê-lo cadastrado aqui e avaliado, pois li e reli há muito tempo, e aconselho a quem não leu a ler com certa urgência.

Trata-se apenas de uma dica. Não taco cinco estrelas pois lembro nitidamente que reclamei com as paredes que o Dyonélio poderia ter esticado mais a corda, sem o perigo de arrebentar o violino.
Thiago 21/04/2015minha estante
Me convenceu, vou comprar na minha próxima compra"


Arsenio Meira 21/04/2015minha estante
Opa Thiago,
Espero que gostes! Escrita em 1935, é uma obra atual, atualíssima.
Abraços


Rita Neta 09/07/2015minha estante
Quero muito ler este.


rodrigo.mahfuz 08/11/2016minha estante
Oi Arsenio. Em relação ao seu comentário sobre Kafka, o Dyonélio nunca teve contato com a obra do tcheco. Um detalhe interessante pois seu realismo tendendo ao absurdo lembra muito Kafta. Certamente os dois compartilhavam de uma certa visão viceral que os aproximou sem nunca terem se conhecido. Atenciosamente, o bisneto do velho Dyonélio.




João Henrique 24/05/2020

Os Ratos
Vai sobrevivendo como pode. Pelos cantos, olhos baixos e reflexivos, vai tocando o dia. Acuado pela cobrança, o dever. Tentado ao vício e o cansaço. Poderia desistir quase agora, mas Naziazeno continua... não sabe bem por que. A tormenta perdura. Mais um dia. E outro, e outro...

Somos todos ratos. Lutamos por misérias.
Alê | @alexandrejjr 27/05/2020minha estante
São as primeiras linhas do romance, certo? Parece um livro insano.


João Henrique 28/05/2020minha estante
Essa foi só minha resenha. O livro é insanamente melhor rs. Vale muito a leitura!


Alê | @alexandrejjr 30/05/2020minha estante
Caralho, mano! Jurei que era um trecho do livro. É que eu ouvi o Luiz Ruffato num podcast do Itaú Cultural lendo umas partes desse livro e a tua resenha captou bem o estilo do texto, parabéns!




Rita Nunes 18/04/2012

Por que ler isso?
Fico me perguntando porque obrigam os pobres vestibulandos, que já têm tanta coisa com que se preocupar, a lerem uma coisa dessas!
Thiago 10/02/2015minha estante
Por que é muito bom e ponto.


João Lucas Dusi 08/06/2017minha estante
O comentário expressa com perfeição o sentido do vestibular (da maneira que funciona ainda hoje): criar uma horda de papagaios preocupados com decorebas, alheios a tudo que não seja o conteúdo que irá render uma questão na prova. Esse livro é um puta livro, uma aula, humanizador. Mas talvez não sirva mesmo para todo mundo.


Cida 07/09/2017minha estante
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Fernando Torres 07/01/2009

Obra Prima
Um livro tenso e desafiador. Uma obra prima quase perdina dentro de nossa literatura.
Geógrafo da Alma (Poeta) 19/01/2009minha estante
Uma das obras mais contagiantes que li. A narrativa é tensa e emblemática ao dimensionar o drama que aos olhos de muitos é pequeno, mas que era de uma imensidão profunda para o protagonista.




Isabella.Marques 14/02/2024

Naziazeno é um homem que vive somente para sobreviver. Não possui momentos de prazer e nem de felicidade. Acorda todos os dias para trabalhar e ter míseros réis. Devido a uma dívida com o leiteiro, ele passa o dia se desdobrando para conseguir o dinheiro. Jogos de azar, penhores, empréstimos. Um livro que escancara a fome, jogos de apostas e, em todas as cenas, o medo de não chegar em casa com o dinheiro para o leite de seu filho.
A parte que mais me marcou foi quando, mesmo sendo ameaçado pelos ratos, Naziazeno não se levanta pra conferir se eles estão estraçalhando o dinheiro que lutou para conseguir. Mas isso acontece não porquê Naziazeno está com preguiça, mas sim porquê lhe falta coragem para ir ao confronto em uma situação social em que é tido como inferior.
Alana 14/02/2024minha estante
Fiquei com MUITA vontade de ler, depois dessa renomada crítica literária hablar!!??




lili 10/10/2022

não curti
tudo bem que li obrigada, mas nossa senhora que livro CHATO. Se passa em um dia e é tudo mto confuso odiei odiei odiei odiei
lili 10/10/2022minha estante
chocadissima que tem gnt que realmente gosta desse livro que isso




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Audra 19/10/2023

Não gaste o seu tempo nessa merda
Se eu tivesse escrito essa afronta à literatura brasileira eu teria vergonha de sair na rua. Sinceramente, só leia essa aberração da natureza se for prestar FUVEST ano q vem.
bobsleigh 06/01/2024minha estante
voce é burra




Gabriella169 30/07/2010

Uma pérola da literatura gaúcha que com certeza deveria receber mais atenção
Fabrício 16/12/2017minha estante
Que bom que gostaste deste! Da literatura gaúcha vale a pena conhecer os contos do Sérgio Faraco, maravilhosos!




Li 06/07/2012

Das semelhanças com O castelo, de Kafka
Não adianta. Chega o momento em que o ouvinte, como que impregnado da palavra, sente que é preciso escrever. Há os que o faça contra tudo e contra todos: desagrado dos pais, carência material, estranhamento que seus textos possam causar, tempo escasso etc.
Moacyr Scliar dividiu seu tempo entre os pacientes e a escrita. Machado de Assis começou a escrever na adolescência e nunca parou. Entretanto, fez carreira como funcionário público, porque sabia dos altos e baixos dos percursos dos escritores que, vindos de famílias com poucos recursos, percorreram.
Se esses autores levaram até o fim da vida duas profissões, há e houve os que, ao verem cobertas suas necessidades pelo rendimento de seus escritos, a proteção de um mecenas ou uma bem-vinda herança, passaram a se dedicar apenas à escrita.
De todo modo, esse impulso motivado por uma paixão ou necessidade interna foi pegar Dyonelio Machado num período em que ele atendia em dois hospitais e num hospício. Os ratos, ele o escreveu em vinte noites, apesar da jornada longa de trabalho. Era verão. A mulher dele lia os manuscritos e uma moça os datilografava. Quando Dyonelio se pôs a escrevê-lo, ele já o tinha pronto na cabeça. Foram nove anos a gestá-lo.
O que chama a atenção na narrativa é o viver medíocre do funcionário público, (representado no texto por Naziazeno), daquele responsável por mover a máquina pública. Esse personagem possui algumas semelhanças com o protagonista de O castelo, de Kafka, não pelas suas energias internas, mas pela absoluta incapacidade de transformar sua realidade. O personagem kafkaniano se vê completamente impossibilitado de cumprir sua função no lugarejo em que se apresenta e pela própria máquina burocrática, para quem ele é nada. E o que é um homem sem um fazer que o distinga? Durante toda a narrativa ele roda, bate, perambula, fala, insiste sem que consiga entrar no castelo (a fim de obter a autorização para que inicie suas atividades).
Enquanto este se vê rendido graças a condições externas, aquele o que tem é uma fraqueza moral, um completo desamor por si mesmo, uma ausência angustiante de sonhos, de metas para si e sua família. E todas as dificuldades financeiras porque passa não despertam nele o guerreiro. Não há indignação, não há a confiança em si. Todas as alternativas por ele vislumbradas para melhoria de vida deposita-as no outro.
Naziazeno entra e sai da repartição a hora que quer. Mas o que ganha mal dá para o sustento dele, da mulher e do filho. E tal qual o agrimensor de Kafka, que chega a dormir no chão, entre cascas de cebola, Naziazeno se rasteja em busca de dinheiro para pagar o leiteiro.
Deve ao leiteiro e não tem como pagar. O sapato da mulher está no conserto esperando pagamento. Não quer passar pelo constrangimento de ter novamente o leiteiro destratando a ele e a mulher por falta de pagamento, os vizinhos ouvindo tudo. Pede ao chefe, mas este se recusa a emprestar (já o havia ajudado quando da doença do filho).
À hora do almoço sai da repartição, mas não vai para casa comer, como costumava. Sai pela Porto Alegre dos anos trinta procurando quem o ajude. Tenta o jogo, o agiota. Um dos conhecidos penaliza-se dele, mas também não tem dinheiro. Propõe penhorar a única peça de valor que tem. E procuram vários profissionais da penhora. Passam a tarde e parte da noite nisso. Não comem. Não têm dinheiro para isso. Passam o dia tomando cafezinhos, que ora um ora outro paga. Cada moedinha retirada do bolso é com parcimônia, porque poucas.
São os ratos.
Durante a narrativa, Naziazeno passa mais tempo em seu imaginário que com os pés na realidade: ora é ele conseguindo o dinheiro, indo para casa com os sapatos da mulher, um brinquedo para o filho, um pedaço de queijo, sendo recebido pelos dois. Fuga?
Ele foge. Do médico que tratara do seu filho e para quem ainda deve. Da repartição que não o trata com o respeito que deseja. Do leiteiro.
Quando finalmente consegue o dinheiro (outro empréstimo) deixa a quantia que cabe ao leiteiro sobre a mesa. Por que não o entrega pessoalmente, olhando o leiteiro nos olhos?
Até cogitara conseguir um outro trabalho à noite, mas desiste. É uma vida pequena, que gira em torno de conseguir o suficiente para continuar vivendo. Só que mal.
Qual a origem dessa letargia? No livro O construtivismo na sala de aula, que é aconselhável, todo professor leia, pois apresenta importantes informações resultantes de pesquisas sérias sobre como a criança aprende, mais especificamente no capítulo três, que trata dos conhecimentos prévios, fica-se sabendo que uma criança nunca se confronta com um novo conhecimento sem já ter construído sentidos sobre ele. Nos seus poucos anos de existência, ela já tem construída uma base:
• a disposição para aprender, para enfrentar algo novo;
• já tem uma autoimagem, de acordo com as experiências e as relações vividas;
• No que se refere aos conhecimentos prévios, ela já tem esquemas de conhecimento em maior ou menor medida organizados, tanto internamente quanto entre si;
Embora Naziazeno seja um personagem fictício, a relação que ele mantém com o trabalho é um aspecto que merece a reflexão dos educadores. Por que o trabalho é visto como peso? O trabalho não é apenas fonte de sustento, é também fonte de realização. Ora, aprender é trabalho sério, mobiliza forças internas do indivíduo. Mas como fazer com que o trabalho de aprender seja uma experiência de realização para os educandos? Levando-se em conta o modo como aprendem. Crianças e jovens aprendem de modo dinâmico explorando, criando, realizando experiências, O ensino que limita o ler para responder questionários ou que abusa dos exercícios de fixação mata a curiosidade, a vontade de agir, natos nos jovens.



Marta Skoober 24/02/2013minha estante
Muito boa sua resenha, Li. Não tivesse ainda lido o livro certamente iria procurá-lo...




Ruan 11/01/2009

Esse livro é de uma sensibilidade muito grande..li quando ainda era criança, gostei muito e sempre vou lembrar dele. Esse título ja diz muito..."Os ratos".

Até hoje me lembro do café que o Naziazeno gostava de freqüentar; e até hoje escuto o barulho dos ratos roendo o dinheiro guardado embaixo do colchão
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Marcelo Bohm 02/06/2009

Grande romance urbano da literatura gaúcha. Dyonelio Machado descreve os dramas vividos pelo ser-humano a partir do personagem Naziazeno Barbosa, que representa o que todos ja viveram ou viverão um dia.
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Tito 21/06/2010

Um dia na vida de Naziazeno, um pequeno camundongo faminto, eternamente preso a uma roda tortuosa de necessidade, embaraço e expectativa.
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Leonardo 04/07/2011

Por trás de um fato corriqueiro, uma obra-prima nacional
Disponível em: http://catalisecritica.wordpress.com

Um homem recebe, logo no início da manhã, um ultimato do leiteiro: se não pagar no dia seguinte os 53 mil réis que lhe deve, cortará o fornecimento do leite. Ao longo de 24 horas é narrada a trajetória do homem em busca desse dinheiro.

Assim, em duas linhas, pode ser resumida a trama do romance Os Ratos, publicado em 1935.

Mas há muito mais. A inquietação e a angústia do Naziazeno são tocantes, e confesso que, à medida que ele ia caminhando, deixando de lado almoço e janta, à procura de um meio de saldar a sua dívida, eu ia me cansando junto com ele. Ao final do dia, quando ele praticamente já não tem forças para continuar, eu igualmente sentia-me modorrento, torcendo para que o sofrimento dele chegasse a um fim.

Mais do que narrar o tour de force do funcionário público, que recorre ao chefe, a agiotas, a amigos, ao jogo para saldar sua vida, Dyonélio Machado nos apresenta um personagem rico, do qual pode-se dizer, ao final do livro: eu o conheço bem. Ressalto isso porque o escritor não emprega uma linha sequer para dizer: Naziazeno É assim, Naziazeno É assado. Ao invés disso, ele mostra o que Naziazeno FAZ, e por conta disso o conhecemos. Exemplo emblemático disso, ao meu ver, é o que ele faz após o resultado da sua primeira jogada no Cassino.

Eu havia lido os ratos provavelmente há 15 anos aproximadamente e, como acontece com quase todos os livros que li nessa época, de quase nada me lembrava. A releitura se mostrou deveras proveitosa. É uma pequena obra-prima. Escondido no desafio dos 53 mil réis há uma preciosa análise de um ser humano, de uma sociedade inteira, do sistema político, do Estado. E além disso, a leitura é prazerosa. O que querer mais?
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