Lugar de negro, lugar de branco?

Lugar de negro, lugar de branco? Douglas Rodrigues Barros




Resenhas -


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Karina 10/05/2021

Muito didático
Douglas usa como base parte do livro de Fanon "pele negra, máscaras brancas" e apresenta outros elementos a partir daí. O interessante é como ele pontua os elementos a partir da realidade brasileira.
Vale a leitura.
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Guto 02/08/2020

Chamamento à revolta
Douglas Barros é muito claro na sua tese e lúcido na crítica: não há humanidade na estrutura do capital, as regras do jogo são as do mercado, logo, tudo tende a passar pelo próprio crivo da mercadoria e da lógica do lucro e do prejuízo, incluso a vida ou a descartabilidade da mesma.

Tendo como centrais em sua análise o pensamento do psicanalista marxista Franz Fanon e do teórico político Achille Mbembe, Barros analisará a crueza da vida social brasileira se desdobrando nos teóricos do país e nos movimentos políticos e epistemológicos culminantes na farsa nacional; Nos encontramos em uma encruzilhada sem retornos, em síntese, o autor faz um convite a revolta coletiva e a conscientização objetiva e subjetiva de si mesmo enquanto ser social.

Ensaio denso e um pouco difícil para quem não está habituado nem tanto ao debate filosófico e sim aos conceitos fanonianos, embora o texto seja claro o suficiente para os persistente ele não é tão fluído, poderia ser um pouco mais explicativo. Contudo, o ensaio é lúcido e coerente, trás reflexões bem organizadas e necessárias para (re)pensarmos a construção da raça dentro de muitos quadros mas principalmente dentro das relações sociais de produção do capital.
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Matheus 18/06/2020

Extremamente necessário
"Lugar de negro, lugar de branco?" é uma obra impactante e indispensável para se travar a luta antirracista hoje.

(Como a resenha ficará registrada para a posteridade, esclareço que li essa obra no momento em que floresciam, nos EUA, as manifestações do movimento "Black Lives Matter", em protesto contra o homicídio filmado de um homem negro, George Floyd, por um policial branco.)

Nesse contexto, em que a barbárie desfila nua diante das câmeras, o antirracismo se acendeu como chama e ardeu o mundo. A partir da revolta, do impulso reativo contra o estado "normal" de coisas, milhares de pessoas assinaram com fogo suas notas de repúdio contra séculos de crueldade, violência e tortura infligidas aos corpos racializados.

Na ebulição espontânea que nos convida a encarar a realidade de olhos abertos, a vontade de transformar o mundo desperta em milhares de corações, momento em que o horizonte teórico e a organização coletiva emancipatória se fazem indispensáveis. Foi nesse impulso que me agarrei à obra de Douglas Barros e fui arrebatado por um trabalho fantástico, revolucionário.

Resgatando o pensamento radical e pungente de Frantz Fanon (autor do espetacular "Peles negras, máscaras brancas"), Douglas traça com clareza impressionante a prometida crítica à metafísica racial, desnudando as suas origens escusas e delirantes, revelando as suas determinantes concretas e, o mais importante, propondo o horizonte ideal para a ruptura do plano simbólico que vitima os corpos racializados hoje.

Em síntese, o autor traz de volta para o debate de raça a sua indispensável frente anticapitalista. Retoma o legado de Fanon, somando-se à Mbembe, para então demonstrar explicitamente como a marginalização e genocídio da população negra configura atividade essencial do Estado capitalista. (A certeza de que a cada 23 minutos um jovem negro é morto no Brasil - Mapa da Violência -, por exemplo, não o deixa mentir.)

Além disso, a crítica à escolha hegemônica do "Movimento Negro" de apagar a luta anticapitalista de seus debates, e centrar na identidade e no resgate de um passado místico, o seu horizonte de luta, é tecida com maestria em alguns ensaios. Em síntese, o autor nos lembra de que não pode haver mais espaço para ilusões com as concessões das classes dominantes.

Outro aspecto interessante é como o autor demonstra que a "condição do negro" ecoa para além dos corpos negros, atingindo povos que também são encarados como "excedentes" pelo sistema, à exemplo dos palestinos e dos refugiados ao redor do mundo.

Por fim, o autor nos convida a construir um mundo que supere a lógica perversa do capital. No qual brancos e negros não sejam mais forjados enquanto tal por uma forma social racista. Nos convida a fundat uma nova forma de sociabilidade em que todos convivam como iguais.
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