procrastinatoria 16/10/2022
decepcionante ?
Sempre que vou ler um livro, primeiro penso qual é o objetivo dele, pra não cometer a injustiça de analisar criticamente algo que tava longe da proposta do livro. Em um livro de romance, por exemplo, raramente eu almejo uma reflexão crítica, mas isso não significa que eu não vá querer um bom desenvolvimento de personagem, um bom desenrolar da trama e uma boa construção da relação do par principal, porque são essas as coisas que contribuem para um bom livro desse gênero.
Apesar disso, eu não acho que só porque um livro é de romance ele não pode conter uma reflexão sobre algum ponto importante da nossa sociedade. Por isso, quando li a sinopse desse livro eu instataneamente pensei: preciso ler AGORA. Já tava um pouco cansada de rom-coms que focam exclusivamente no casal principal sem nada mais substancial. Mas esse ?bringing down the duke? parecia proeminente, porque conciliava romance histórico com a primeira turma feminina de Oxford e com o movimento sufragista. Dei uma rápida pesquisada e vi que as datas conciliavam, então fui ler sem medo imaginando que a autora fez uma boa pesquisa antes de escrever o livro.
A primeira parte do livro focou na personagem principal, na chegada dela na Universidade de Oxford, na atuação dela dentro do movimento sufragista e tudo isso foi ótimo! A personagem principal é bem inteligente e sempre tava citando John Stuart Mill, Aristóteles ou Platão e, incrivelmente, as citações se encaixaram bem na história. Rapidamente ela formou um grupo de amigas que também eram muito legais e divertidas e até aí a leitura tava boa.
Quando o romance começou a engatar as coisas deixaram de funcionar. Não que o romance tenha sido ruim, porque não foi. O Sr. Montgomery é tudo de bom e a tensão sexual dele e da Annabele é absurda, eu curti bastante o smut e olha que não sou tãoooo fã quando o livro foca bastante nisso.
O problema de tudo, pra mim, foi que a autora não conseguiu conciliar uma coisa com a outra. Assim que a Annabelle se envolveu mais com o Montgomery tudo que envolvia Oxford ou o movimento sufragista foram esquecidos no churrasco.
Na metade do livro quase nem se falava mais sobre as coisas pelas quais a Annabelle lutava e acreditava, e quando se falava era só como um acessório pro relacionamento deles, tipo algo pra eles discordarem sobre. Como eu disse antes, não fui ler o livro como se fosse um manifesto feminista, mas eu esperava que a autora pelo menos conseguisse conciliar as duas coisas, porque era a proposta do livro e foi como como o divulgaram.
Faltando 1/3 pra acabar o livro parece que a autora lembrou que Oxford e o movimento sufragista eram temáticas importantes e aí tentou encaixar essas questões a força no relacionamento deles dois, mas ela não conseguiu fazer isso de uma maneira satisfatória, e ainda criou situações que não eram plausíveis pra época pra tentar conciliar tudo.
Lá pro final do livro a Annabelle se perdeu completamente no relacionamento com o duque e eu deixei de gostar dela como personagem principal. Sem falar que do nada a autora introduziu um desentendimento em 90% do livro (sério eu fiquei nervosa pq nao ia dar tempo de resolver), e a reconciliação foi muito sem pé nem cabeça pra mim.
Enfim, se fosse meramente um romance histórico ia ser bom, ótimo inclusive. Mas a autora apresentou uma proposta diferente que não conseguiu cumprir. Por isso, minha nota foi 3,0 (não dei uma nota tão baixa porque acho que em parte eu desgostei do livro porque fui refém das minhas próprias expectativas), mas não sei se indicaria pra alguém porque acho que tem livros melhores do mesmo gênero.