Luciana 15/01/2021Sobre luto infantilZach tem seis anos e perdeu seu irmão, Andy, de dez, em um tiroteio que ocorreu na escola onde estudavam. A história, narrada por Zach, fala do processo de luto dele e de seus pais.
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"Agora, sentado na bancada ao lado do papai, comendo o meu cereal favorito de jantar, pensei na brigada de ontem à noite, em como a mamãe tinha gritado com o Andy [...]. E fiquei pensando que a gente não sabia que aquela seria a última terça-feira normal, porque, se soubesse, talvez a gente tivesse tentado não ter aquela mesma briga que sempre tinha" (p. 56).
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"Não sei como uma alma é. A mamãe disse que elas são todos os nossos sentimentos, pensamentos e memórias, e achei que ela deve se parecer com um pássaro ou alguma coisa com asas [...]. Fiquei me perguntando se a alma da gente ainda tem o nosso rosto quando vai para o céu, porque senão como é que pessoas que a gente ama e que já estão lá sabem que é a alma da gente e vão nos encontrar para que a gente não fique sozinho?" (p. 83).
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"O homem com uma arma apareceu e a vida real desapareceu. Agora era como se a gente estivesse vivendo uma vida de faz de conta. [...]
Todas as pessoas do lado de fora faziam as mesmas coisas de sempre, e eu me perguntava se elas pelo menos sabiam que dentro da nossa casa tudo tinha mudado.
A única coisa do lado de fora que combinava com o que tinha dentro da nossa casa era a chuva. Chovia e chovia, e era como se não fosse parar nunca mais. Igual à mamãe chorando e chorando, como se não fosse parar nunca mais" (p. 114).
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"O problema do Hulk é que ele odeia ficar zangado. [...] Então era como se ele fosse duas pessoas diferentes numa só, porque quando ele é um cientista, ele é calmo e uma boa pessoa, mas quando ele fica zangado, se torna um homem muito grande e barulhento [...]. Ele não quer virar Hulk, mas não consegue se controlar [...].
É assim que é comigo agora" (p. 195).
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"Quando ficamos solitários, é como se a gente ficasse invisível, como se as outras pessoas no mundo não vissem a gente, e olhassem através da gente" (p. 204).
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" [...] - Papai?
[...] - O que foi, filho?
- Você alguma vez quis que eu tivesse morrido? Quero dizer, no lugar do Andy?" (p. 211).
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