Silvana 09/07/2019
Rafia e Frey são gêmeas idênticas. Mas dá para contar nos dedos das mãos as pessoas que sabem disso. Para o mundo o líder de Shreve tem somente uma filha, Rafia. A diferença de 26 minutos no nascimento das garotas definiu o que cada uma delas representaria. Enquanto Rafia, a mais velha, foi treinada para ser a filha perfeita, Frey se conformou em ser sua dublê. Rafia teve aulas de línguas, etiqueta e liderança e isso funcionou porque Ráfia é amada pelo povo na mesma quantidade que seu pai é odiado. E enquanto Rafia conquistava o mundo, Frey treinava para ser uma assassina implacável e para proteger a irmã, se necessário com a própria vida.
E elas tem o seu primeiro teste aos quinze anos. Seu pai não consegue chegar a tempo em um evento e Rafia faz o discurso no lugar dele. Tudo corre muito bem, Rafia faz o seu melhor e é ovacionada pelo povo. E quando elas estão prestes a trocar de lugar, é sempre Frey que cumprimenta as pessoas, alguém começa a atirar. Então Frey também dá o seu melhor e mata pela primeira vez. Desde então seu treinamento é intensificado. Nunca Frey treinou tanto como no último ano, e mais especificamente no último mês, onde ela quase não teve descanso e teve que aprender a lutar sem suas armas e usar o que estivesse a mão.
Mas todo aquele treinamento intenso tinha um motivo. Seu pai fez um acordo com os Palafox, a primeira família de Victoria, ele vai dar proteção contra os rebeldes em troca de explorar o metal deles. E como ninguém confia no seu pai, os Palafox querem Rafia como garantia. Mas quem vai ficar de refém é Frey. Sempre à sombra da sua irmã, Frey não sabe se fica feliz por finalmente poder sair dos bastidores, mesmo que para interpretar um personagem, ou se fica triste por ser descartável na visão do seu pai. E a liberdade recém adquirida, junto a amizade de Col Palafox, vai fazer com que Frey repense toda sua vida, inclusive sua lealdade para com seu pai.
"Durante minha vida toda achei que era a única impostora. Que todas as outras pessoas tinham certeza de que eram reais de uma maneira que jamais compreendi. Mas e se todos também estão fingindo?
Talvez ninguém saiba quem é de verdade."
Eu conheci o autor e a série Feios lá em 2011 e foi uma das primeiras séries de distopias que eu li. Hoje em dia se formos ver, o mundo criado pelo autor não tem nada de novo, porque logo depois veio uma enxurrada de distopias que eram praticamente todas iguais, mas na época era novidade e eu amei a série. A história era um mundo onde aos dezesseis anos as pessoas passavam por uma cirurgia onde ficavam "perfeitas" fisicamente, mas então a protagonista Tally Youngblood descobre que além da beleza, as pessoas também ganham um controle cerebral, e se junta aos rebeldes para derrubar o governo. Impostores se passa no mesmo universo de Feios, mas no futuro. Quando o governo caiu, alguns espertos como o pai das gêmeas assumiram o controle.
Assim que comecei a ler Impostores me lembrei do quanto a escrita do autor é viciante. Eu peguei o livro só para dar uma folheada e quando vi já tinha lido mais de 100 páginas. Mesmo sendo narrado em primeira pessoa, pela visão da Frey, o que não gosto muito, a leitura passou voando e quando percebi já tinha terminado e agora preciso da continuação, porque o final é de tirar o fôlego. O livro todo na verdade, os capítulos terminam em partes cruciais onde a gente precisa ler o próximo capítulo, porque não dá para ficar sem saber o que vai acontecer. Como ele é voltado para um publico mais jovem, mesmo sendo classificado como ficção científica, a leitura é bem fácil, com bastante aventuras e até um insta love que por incrível que pareça não me incomodou.
Como disse antes, ele é narrado pela Frey, então só conhecemos as pessoas pela visão dela. Frey é um personagem que por toda sua história já ganha a simpatia do leitor logo de cara. Mesmo ela sendo uma assassina, ela é carente, e matar foi a unica coisa que ela aprendeu na vida. Já Rafia, apesar de Frey confiar totalmente nela, eu fiquei esperando o momento em que ela revelasse sua verdadeira face, veremos nos próximos livros. Col também é o personagem criado para nos conquistar. Ele é simpático, inteligente e gentil. E da mesma maneira que Frey e Col são feitos para torcermos por eles, o pai das gêmeas, que eu não lembro de ter visto o nome, é feito para ser odiado. Ele é cruel com todos, e ainda pior com as filhas. Mas temos que reconhecer sua inteligencia, ele sempre está um passo adiante dos inimigos.
E tem todo o pano de fundo, a história dos Enferrujados e dos Perfeitos, e mesmo que o cenário politico seja de uma outra série, dá para ler esse livro de boa sem ter lido os outros. Mas é claro que quem leu a série Feios tem uma vantagem na compreensão da história. Eu fiquei na esperança de que a Tally fosse dar as caras no livro, mas quem sabe isso não acontece nos próximos hehe. Tem muitos personagens secundários interessantes, uma que me chamou bastante atenção é Zura, uma das Guardas da Casa de Col, e acho que ela vai crescer no próximo livro. Quanto a edição, eu achei essa capa meio feia, e só quando já tinha terminado o livro que consegui ver que tem um rosto ali. Mas acredito que ela combine com as capas da segunda edição da série Feios, a minha é a da primeira. Enfim, termino essa resenha indicando o livro para quem gosta de um bom YA misturado com ficção científica e muita aventura.
site: https://blogprefacio.blogspot.com/2019/07/resenha-impostores-scott-westerfeld.html