Romance d

Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta Ariano Suassuna




Resenhas - Romance d´A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta


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Hérico 24/06/2015

É um grande castelo sertanejo de presepadas, safadezas e aventuras cavaleirescas esta obra! Peca um pouco por alguns diálogos de conotação política, que deixaram algumas cenas artificiais. Mas não deixam de ser engraçadas as conversas entre o filósofo-negro-tapuia-comunista Clemente e o poeta-fidalgo-pernambucano-monarquista Samuel, sempre mediadas - e sugadas, no que tem de mais intelectuoso - pelo trambiqueiro-charadista-epopeieta-e-mais-novo-gênio-da-raça-brasileira Dom Pedro Dinis Quaderna - ou Dom Pedro IV, o decifrador.
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Marcos Faria 24/02/2015

A Pedra do Reino é um livro complicado. É bom e ruim ao mesmo tempo. Às vezes dá vontade de mandar para um editor e pedir que corte uns 30% do texto. Mas em outros momentos fica muito nítido que é justamente esse “defeito” do excesso a sua maior qualidade. Porque Suassuna não está apenas contando uma história (aliás, inacabada): o que há de mais importante no seu grande romance do gênio da raça brasileira e quiçá universal é justamente essa caracterização do narrador Pedro Dinis Quaderna, com suas ambições literárias e filosóficas. Quaderna é o sertão, por extensão o Nordeste e todo o Brasil, com seu mau-caráter, seus sonhos de grandeza, sua indecisão que acaba por levar a uma síntese de contrários inconciliáveis (o retrato, aliás, da própria modernização conservadora dos governos petistas, para ficar apenas num exemplo). Então, não seria possível contar a sua história sem mostrar todo o embasamento histórico-geográfico-literário que apenas soa supérfluo. Mesmo assim, depois de 500 e poucas páginas fica cansativo.


site: https://registrosdeleitura.wordpress.com/2015/02/15/a-pedra-do-reino/
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Thiago 09/02/2015

Obra-Prima
Li este livro faz alguns anos, mas ainda recordo de várias cenas gravadas de forma indeléveis na minha memória, como por exemplo o duelo de penicos e as altercações e os mestres do Quaderna, enfim livro incrível e merece ser lido, recomendo com muita veemência.
Zi 08/03/2017minha estante
Não sei por que esse livro não é tão badalado na literatura brasileira como "Grande Sertão - Veredas", pois é do mesmo nível.




Zi 22/07/2014

D. Quixote do Sertão
Este livro, como bem disse Rachel de Queiroz, é difícil de rotular, pois ele é ao mesmo tempo crônica (que relata fatos “meio” verdadeiros – supostamente históricos), romance de cavalaria, conto fantástico e até romance erótico (vide nele poemas como Romance da Filha do Imperador do Brasil). Melhor deixar que Lino Pedra-Verde (um dos personagens do romance) o defina: “história litúrgica, epopeica, lunária, astrológica, solar, risadeira, de putaria, bandeirosa, e cavalariana”.
Lendo-o, expressões como despilotada do juízo, desassitido de vergonha e palavras como alumioso remeteram-me a Guimarães Rosa, coisa com que Rachel de Queiroz não concorda, porque diz (com razão) que Rosa era um inventor de pessoas e palavras, enquanto que Suassuna é um transfigurador de palavras e sintaxes. Aliás, permitam-me fazer um parêntese: não sei como se pode verter Guimarães Rosa para outros idiomas, mas sei que existe versão de Grande Sertão: Veredas até em holandês. Por outro lado, na medida em que Antonio Houaiss traduziu Ulisses de Joyce para o português, uma prodigiosa façanha, parece que não existem impossibilidades no reino da tradução. Mesmo assim, traduzir este Romance da Pedra do Reino para outros idiomas é-me inconcebível, pois como verter o trecho em que Clemente tenta explicar ao nosso “herói” o que é o “penetral” com as seguintes palavras: “- Olhe, Quaderna, o “penetral” é de lascar! Ou você tem “a intuição do penetral” ou não tem intuição de nada! Basta que eu lhe diga que “o penetral” é “a união do faraute com o insólito regalo”, motivo pelo qual abarca o faraute, a quadra do deferido, o trebelho da justa, o rodopelo, o torvo torvelim e a subjunção da relápsia!”.
Nosso herói, D. Pedro Dinis Quaderna, na realidade um anti-herói, pois ele mesmo se declara “um homem sem talento e sem sustança, um sujeito que não podia montar muito tempo a cavalo sem assar a bunda e inchar os dois joelhos de uma vez” ou que não quer “arriscar a garganta e nem me meter em cavalarias, para as quais não tenho nem tempo nem disposição, montando mal como monto e atirando pior ainda!” está preso, após sua quixotesca e epopeica desaventura e o livro, em que cada capítulo é um Folheto, pretende ser um Memorial dirigido à Nação Brasileira à guisa de defesa ou apelo, a ser anexado nos autos do processo em que se acha envolvido.
Pois é, nobres Senhores e belas Damas dos peitos macios (como diz D. Dinis nos seus Folhetos), é uma leitura deliciosa. Eu reputo como um dos livros “essenciais” da literatura brasileira. Tive sorte de ter sido um dos livros que li antes de morrer (arte que não pretendo praticar tão cedo).
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Jorge 12/01/2014

Um ensaio político-fantasioso romanceado.
Recomendo não esperar do livro um enredo de aventura, vejo que os fatos em si não fazem parte da discussão primária do livro. Na minha concepção, li em "A Pedra do Reino" uma história sobre idealismos, lados opostos e sobre como Diniz Quaderna nos propõe unir a fidalguia ibérico-brasileira com o socialismo negro-tapuia. É comum passar por esses termos contraditórios, como "monarquia de esquerda", e igreja católico-sertaneja. Há sempre um rei fidalgo, honroso, honesto e popular que voltará pra trazer glória ao povo sofrido do sertão. Seja ele Dom Sebastião, O desejado, ou Dom João Ferreira Quaderna, o Execrável, ou Sinésio, O Alumioso. Um debate popular de homens eruditos, recheado da sabedoria do sertão e de fatos assombratícios de cangaceiros, cantadores e visagens. O Brasil que Ariano Suassuna sonhou.
No "Romance d'A Pedra do Reino", Suassuna demonstra sua monstruosa cultura, mas não por pretensão e pedância, mas porque o contexto exige tal, pois encontramos diversos debates literários, políticos e históricos do Brasil e do mundo. Além de tudo, é uma aula! Muitas vezes eu me confundia com nomes dos personagens que são muito parecidos, e me perdia no meio de mil referências históricas e literárias, mas entendo que é necessário pra compor o tom idealista e quixotesco do livro... Acho essencial reler a obra, pois há tanta minúncia, tanta história por trás de histórias que o livro se torna impossível de absorvermos tudo que o velho Suassuna nos passou. Uma obra de alto nível para a eternidade.
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Myilena 07/01/2014

Digníssimo romance-memorial-poema-folhetim que revive o mítico sebastianismo aos moldes de Ariano. Belo e moral.
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outrousuário 20/04/2013minha estante




Fernando Lima 17/05/2013

Divisor de águas
Não vou me atrever a escrever uma resenha aqui, pois algumas das que eu li dão conta de tudo o que eu gostaria de dizer sobre a obra.
Porém não posso deixar de expressar as impressões que a leitura me causou:
É magnífica! Uma obra de gênio, pois reúne numa obra traços da cultura nordestina com acontecimentos históricos que não se restringem ao sertão nordestino, como é o caso da guerra entre ibéricos e mouros, e o advento do comunismo.
A obra, alem de ratificar o que eu já pensava sobre Ariano Suassuna, me abriu novos horizontes literários e com certeza vai me tornar mais criterioso na escolha das próximas leituras.
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Andreia Santana 30/03/2012

Um romance para decifradores
Romance d´A Pedra do Reino não é leitura para ser feita às carreiras. É livro de decifrar, de palmilhar página a página, em compasso de quem anda pelos descaminhos do sertão sob um sol abrasador. O estilo da obra de Ariano Suassuna é difícil de definir. Seria cordel, novela de cavalaria, autobiografia, exorcismo de um trauma passado, história de amor, de ódio e de sangue, epopeia em prosa? O próprio personagem principal, Dom Pedro Dinis Quaderna, nos dá a pista: é um castelo de sonho, “a obra máxima da raça brasileira”. Bem disse Raquel de Queiroz no prefácio, que ler livro escrito por um erudito é o diabo. Ou você eleva o pensamento ao nível do visionário e delirante Quaderna (e da genialidade de seu autor), ou deixará a leitura inacabada. É de delírios, miragens de deserto, de legenda e sonho que trata essa obra. Da grandeza do homem mesmo diante da mesquinharia da vida.

A idade média nunca se acabou no sertão do Brasil. Em pleno século XIX do fim da monarquia, cangaceiros eram príncipes vingadores, beatos transmutavam-se em sábios merlins, prostitutas em misteriosas feiticeiras, sinhazinhas eram as damas de peitos macios e olhares sonhosos. E os mancebos, heróis trágicos. No começo da primeira república, alvorecer do século XX, a têmpera do sertanejo era forjada nesse fogo passional. Romance d´A Pedra do Reino é uma obra totalmente passional, dotada de uma paixão tão fanática, iluminada e beatífica quanto a do “santo” Antonio Conselheiro de Canudos.

Um rico mosaico de personagens desfila no grande palco que é esse Romance d´A Pedra do Reino. Personagens inspirados na cultura sertaneja e no gosto do autor pelas “demandas novelosas, embandeiradas e epopeicas” das novelas de cavalaria medievais. E alguém conseguirá pensar em Quaderna sem enxergar nele a ingenuidade de Quixote lutando contra moinhos de vento? Mas, Quaderna, um personagem complexo, que suscita amor, ódio, riso fácil, asco e piedade, é também moldado à semelhança daquele diabo sertanejo e treteiro, filho (ou seria o pai?) de Pedro Malazartes.

O livro não é linear, é uma mistura de muitas histórias dentro de uma única história, como aquelas bonecas russas, as matrioskas, em que ao abrir a maiorzinha, aparece outra e mais outra... Quaderna traz no sangue a tragédia de sua família, com tudo o que ela significou para transformá-lo no ardiloso arremedo de cavaleiro de triste figura que ele é. Suassuna, por sua vez, é um escritor que traz no sangue a tragédia do assassinato do pai, por causas políticas. Nesse sentido, o livro tem seus traços autobiográficos, mas é muita pobreza interpretativa reduzi-lo apenas a uma catarse individual. A Pedra do Reino vai além.

A leitura, árdua em alguns trechos, revela diversos momentos de grande prazer. O burlesco, o ridículo, o mal-ajambrado dão a tônica de uma narrativa febril, pontuada de picardia e de citações poéticas clássicas e populares, de descrições detalhadas da heráldica de bandeiras e brasões que, no entanto, é visão de um único homem delirante. Quaderna conta sua história, do seu jeito, para as belas damas de peito macio e para os nobres senhores, ao mesmo tempo em que na segunda metade da obra, responde a um longo interrogatório em um inquérito policial. Ele parece acreditar piamente nas motivações nobres de cada um dos seus atos e usando uma lábia fina (de diabo sertanejo) tenta nos convencer e ganhar a simpatia da audiência para a sua causa.

Quaderna, o charadista - A história, totalmente aberta e enigmática não traz a clássica resposta para os ”whodunit” da vida. A charada central permanece indecifrada: Quem assassinou o velho rei degolado, tio de Quaderna? O rapaz-do-cavalo branco era mesmo o jovem herdeiro do coronel morto, ou era um líder sertanejo querendo reeditar uma versão armorial da Coluna Prestes? Os fatos são passados ao leitor através do ponto de vista de Quaderna, um homem supostamente louco, com toda certeza de personalidade exótica e valores morais flexíveis (para não dizer amoral), mas que em determinados momentos, revela aquela lucidez involuntária dos inocentes. A maldade de Quaderna, se é que existe, não é maquiavélica e isso fica muito claro nos seus embates com o “Fucinho de Porco”, o corregedor nomeado para descobrir os assassinos do rico coronel e achar possíveis focos de uma nova Revolução Comunista em Taperoá, no sertão da Paraíba.

O leitor, e o corregedor, desconfiam que Quaderna possa ser o assassino desse tio que ele parecia idolatrar. Nós, leitores, ao menos, acreditamos que a motivação do suposto crime, se é que foi mesmo Quaderna, foi menos pelo interesse na herança (no tesouro enterrado numa furna do sertão) do que para ter com a morte tão sanguinolenta e misteriosa, o motivo, “o centro do enigma da epopeia” que o esdrúxulo Quixote de Suassuna quer tanto escrever.

Quaderna, megalomaníaco, age em nome do desejo ardente de ser gênio da raça brasileira, quiçá gênio da humanidade, está completamente tomado e alucinado pela lenda que criou para si mesmo e para sua malfadada família. Até a cegueira muito peculiar do personagem, que almeja ser maior que Homero, não deixa de ser uma metáfora precisa para descrever alguém que abriu mão da vida ordinária e calcinada no sol e nas pedras da caatinga, e transportou-se para dentro de um sonho acordado. Quaderna só vê a miragem e para ele, a miragem é a única realidade que consegue discernir.

Colcha de tacos - O cenário político do Brasil das primeiras três décadas da república, os fatos históricos que na leitura de Quaderna e de seus seguidores sempre descambam para a legenda e o sonho, as crenças e crendices do sertanejo, com toda a sua propensão ao fanatismo, as guerras de sangue entre as famílias poderosas, a tênue linha fina onde se equilibram os míticos cangaceiros, esses heróis-bandidos ou bandidos-heróicos, tornam A Pedra do Reino à primeira vista, uma colcha de retalhos mal remendada.

Mas, quem já viu uma colcha de tacos (aquela feita com quadrados e losangos de tecido colorido) sabe que à primeira olhada, a colcha se parece com uma maçaroca confusa de panos costurados aleatoriamente. Mas, ao acostumar os olhos, percebe-se a ordem precisa e o padrão de encaixe dos quadrados e losangos, que formam um rico mural “amosaicado”. A colcha, tão comum de encontrar nas casas pobres do sertão, é uma unidade formada por muitas outras, uma realidade compacta criada a partir dos fragmentos (dos pontos de vistas) de realidades diversas.

Assim é A Pedra do Reino, muitos livros dentro de um, aparentemente sem conexão, mas todos interligados, encaixados com precisão, unidos com a cola ancestral da mistura dos povos que formaram o Brasil no seu âmago. Sem deixar de ser um elaborado entretenimento e uma preciosa obra de arte literária, é ainda uma aula de sociologia e de história sobre o caldo “flamengo-ibérico-mouro-negro-tapuia” da nossa cultura brasileira, como bem diriam os dois mentores intelectuais de Quaderna, os caricatos Clemente Hará Ravasco, advogado negro – e comunista - com sobrenome espanhol; e Samuel Wan´Ernes, sinhozinho falido dos engenhos de Pernambuco, que se orgulha do sobrenome holandês legado pelos conquistadores chefiador por Nassau.

Abrir a mente para as conexões invisíveis presentes nessa ancestralidade de tantos povos misturados num único povo é essencial na leitura de A Pedra do Reino. E também, abrir a mente para aceitar que um romance pode abrigar na sua essência muitas outras linguagens como a poesia, o teatro, a musicalidade sertaneja, o compasso das ladainhas e as invocações apocalípticas dos adivinhos.

A Pedra do Reino é um exagero de livro, não tanto pelo tamanho de suas mais de 700 páginas, mas porque ele ambiciona abranger a vida, essa fera tão terrível quanto a “onça do divino” e tão doce (sem deixar de travar na língua) feito uma cajarana madura.
Douglas 21/06/2013minha estante
Achei bem complexa sua resenha, o que acabou não trazendo o que eu buscava saber. É um romance? Se é, é uma história emocionante com personagens marcantes? E o que mais se acrescenta o livro além da trama?

Obrigado.


Andreia Santana 21/06/2013minha estante
Oi Douglas, como eu disse logo na abertura do texto da resenha, O romance d´a pedra do reino não é fácil de classificar. É uma mistura de vários gêneros. Essa obra não cabe em rótulos e nem em categorias de escola, muito menos em divisões academicistas, não tem como precisar se é romance, cordel, epopeia (que é um tipo de poesia épica), história, crônica, romance anárquico, panfleto? A obra transita por vários gêneros e por nenhum. Suassuna, na sua genialidade, orquestrou uma narrativa fantástica que mescla vários gêneros literários conhecidos e outros que ele, muito provavelmente, inventou. Não sou erudita, sou apenas uma jornalista que gosta de escrever. Minha resenha é a opinião passional de uma leitora, não um tratado de estudioso. Propositalmente, fiz o texto da mesma forma labiríntica que o livro, porque ele é de leitura árdua, de difícil compreensão. Pra absorver esse romance é preciso abrir o espírito e a mente e embarcar na viagem de Suassuna e no sonho de Quaderna.


Juliana 05/01/2019minha estante
Andreia, que resenha incrível, obrigada pelo esmero!


Andreia Santana 02/02/2019minha estante
Obrigada, Juliana. A literatura requer respeito e esmero, acredito nisso. Abraços!




Coruja 21/09/2011

Por diversas vezes tive de interromper a leitura desse livro com a cabeça girando, demorando-me uma meia hora em esquemas mentais para conseguir interpretar todas as referências e simbolismos que se entrecruzavam nas mais de setecentas páginas do romance.

Não é um livro fácil, eu confesso. Por vezes, os tantos volteios que Dom Pedro Dinis Ferreira Quaderna, rei no sertão e narrador do livro - que se trata de sua defesa para os crimes atribuídos a si e sua família - se tornavam um pouco cansativos, especialmente pelo peso da linguagem, bastante regional. Mas ao chegar ao final dessa história de "enigma, ódio, calúnia, amor, batalhas, sensualidade e morte!", eu estava prestes a ricochetar nas paredes de tão entusiasmada que estava.

A história narrada por Quaderna, misto de vaqueiro nordestino e Dom Quixote (o cavaleiro da Mancha esteve em minha mente por toda a obra), é inspirada num episódio real ocorrido em 1838 no município de São José do Belmonte (eu conheço, é pertinho de Mirandiba, onde fica a casa da minha avó).

Tudo começou com uns profetas ao estilo Antônio Conselheiro pregando ali por Floresta o retorno de Dom Sebastião, rei português desaparecido na África, supostamente encantado, ecoando as lendas do Rei Arthur inglês. De acordo com as pregações o rei retornaria para estabelecer um novo governo de paz e justiça uma vez que toda a Pedra do Reino - uma formação rochosa que lembra duas torres juntas - fosse devidamente banhada em sangue.

*comentário sem noção da Lulu: só neste último parágrafo há dois títulos da trilogia do Senhor dos Anéis..*

Assim, para desencantar Dom Sebastião, o povo, liderado pelo profeta e auto-coroado rei João Ferreira (de quem o personagem Quaderna descende) forma uma sociedade com inspiração feudal (até a história da primeira noite da esposa com o rei antes de ela ser do esposo tinha...), fundamentada na idéia de sacrifício humano - e estima-se que mais de cinqüenta pessoas, na maioria crianças, foram degoladas sobre a Pedra do Reino para melhor pintá-la de vermelho.

No final das contas, eles acabaram se encontrando cum uma patrulha, que acabou de massacrar os devotos, os quais continuavam a esperar o retorno do rei, seguido dos degolados em toda a sua glória.

É engraçado que as três obras que li para o tema do Desafio Literário 2011 desse mês têm em comum a linguagem vívida, bem carcaterística da região, misturadas - especialmente em Freyre e Suassuna, com um eruditismo que impressiona, sem ser, contudo, pedante.

Estes dois autores, em especial, despertaram curiosidade e nostalgia, porque sua ação se passava em locais que conheço, alguns dos quais importantes para mim. Sei como são os sobrados assombrados de São José, sei o que é caminhar na caatinga cerrada com o sol cozinhando seus miolos enquanto a paisagem seca de repente dá lugar a um verde luxuriante e a forma como essas leituras se somaram às minhas experiências pessoais as tornou ainda mais interessantes para mim.

Não sei se era bem esse o objetivo do pessoal do DL ao estabelecer a leitura de autores regionais, mas eu gostaria de agradecer a eles pela oportunidade que acabaram me dando com ela.

Agora... rumo à próxima etapa! Estamos já quase no final do desafio!

(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)
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cfsardinha 25/07/2011

Fora o fato de ser meio doido, como todo livro do autor, esse romance se assemelha ao Auto da Compadecida e é chamado por Ariano como um romance picaresco. É tipo um poema, uma odisséia.
O livro é todo entremeado de religiosidade e erotismo, heroismo e covardia. O personagem principal, Dom Pedro Diniz Quaderna, como se auto-denomina, nos arrasta pelos seus mundos alucinados, através dos seus delírios genealógicos e seus mistérios e enigmas nem sempre decifrados. Nas contradições do comportamento do personagem principal, um "herói" grotesco, estão as do seu coração. No meio disso tudo, uma representação do seu mundo sertanejo - como ele queria que esse mundo fosse, ou como imagina que é. Com tudo sempre muito belo e mágico. É inspirado em um episódio ocorrido no século XIX, no município sertanejo de São José do Belmonte, perto de Recife, onde uma seita tentou fazer ressurgir o rei Dom Sebastião - transformado em lenda em Portugal depois de desaparecer na África (Batalha de Alcácer-Quibir).
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Gláucia 17/07/2010

Cansativo.
Criei a expectativa de uma leitura leve e divertida mas não é bem assim. O livro é extenso e acabei me perdendo nas peripécias e viagens dos personagens. No final já não sabia quem era quem e o que eles realmente pretendiam.
Cayo 24/10/2011minha estante
Verdade. O livro não é leve.


Thiago 09/02/2015minha estante
Gláucia eu acho esse livro um dos mais engraçados que eu já li na minha vida, e de fato você pecou achando que ia ser um livro leve, as misturas de gêneros torna a obra inclassificável o que se torna fácil se perder na leitura, bem que você poderia fazer uma releitura e dá uma chance ao velho Ariano.




oficial 17/12/2009

Verdadeira jóia da literatura Brasileira e Nordestina.
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IvaldoRocha 06/07/2009

Um dos melhores
Com toda a certeza um dos dois melhores livros que já li, coloco tranquilamente ao lado de Don Quixote. Talvez não tenha toda a universalidade de Cervantes, embora também trate de um mito quase universal de Don Sebastião, mas é simplesmente fantástico. Vale a pena ver antes um pouco da historia real que envolveu a pedra do reino, onde várias pessoas foram realmente sacrificadas.
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Biu.V 30/03/2009

Armorial
O livro o "Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta é uma tranposição oral da peleja entre Mouros e Ibéricos com uma pitada brasileira, no sertão da Paraíba e Pernambuco. É um livro hilário como só sabe ser hilário Ariano Suassuna. O ponto alto: as discussões entre o fidalgo Samuel (Ibérico) e o tapuia Clemente (Mouro). Um romance alegórico armorial que traz uma beleza impar para o Sertão das Carvalhadas. Um ótimo livro com tiradas geniais, que só mesmo Ariano Suassuna para escrever algo assim. Amei o livro, uma obra-prima da Literatura brasileira.
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O Leitor 27/02/2009

Globo
Bom, sou uma daquelas pessoas que gostam de ler antes de ver... E no momento que soube que a Rede Globo iria fazer uma adaptação do Romance da Pedra do Reino, procurei pelo livro e li... É um livro bastante cansativo, imaginem do início ao fim (?), o interrogatório de uma pessoa contando sobre as suas gerações passadas, toda a história da família de imperadores de um Reino do nordeste, etc... Levei uns 3 meses para concluir,ms consegui com a expectativa de ver como ficaria a microsérie e, sinceramente, o livro se mostrou melhor. A melhor parte, descrita genialmente pelo Ariano, é a batalha dos padrinhos do Quaderna, um usando como arma um pinico. E a parte da cavalhada também é maneiro. Quem nunca viu uma, como eu, dá para se sentir assistindo uma pela forma que está descrita. Não conhecia a literatura do Suassuna e o livro me mostrou que ele é um daqueles gênios vivos da literatura brasileira. Quem gostou do Auto da Compadecida, pelo filme, irá gostar desse livro, pelos personagens e o modo folclórico pelo qual a história é conduzida. Já ouvi dizer que Ariano Suassuna merece um NOBEL DE LITERATURA e concordo plenamente. Como o Nobel não premia pessoas mortas, atualmente ele é um dos raros que podem representar o Brasil em um prêmio assim.
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