spoiler visualizarflaflozano 22/07/2018
The best part
Bela tinha a vaga idéia de encontrar-se em um automóvel. Entretanto, como isso era possível? Devia estar alucinando.
Não... Realmente soava como um automóvel, com o regular ronrono do motor. E, se sentia como um automóvel, uma sutil vibração que se via interrompida por uma sacudida como se algo no caminho se colocasse debaixo dos pneus.
Tentou abrir os olhos, deu-se conta que não podia, e tentou novamente. Como o esforço a esgotava, deu-se por vencida. Deus, estava cansada... Como se tivesse gripe. Também lhe doía tudo, especialmente a cabeça e o estômago. E, tinha náuseas. Tratou de recordar o que tinha acontecido, como tinha se libertado, caso tivesse se libertado. Mas, tudo o que conseguiu foi uma imagem do Lesser que a amava entrando pela porta, coberto de sangue negro. O resto era névoa.
Tateando ao seu redor, encontrou algo cobrindo seus ombros e puxou para aproximá-lo mais. Couro. E, cheirava a... Nada como a enjoativa doçura de um Lesser. Era a essência de um macho de sua raça. Inspirou várias vezes mais pelo nariz. Quando captou o aroma do talco de bebê dos assassinos, sentiu-se confusa até que pressionou o nariz contra o assento. Sim, no tapete. Este era o automóvel de um Lesser. Mas, então por que havia aroma de macho vampiro no objeto que usava? E, havia outra coisa, outro aroma... Um escuro almíscar com um toque imperecível.
Bela começou a tremer. Recordava esse aroma muito bem, recordava-o da primeira vez que tinha ido ao complexo de treinamento da Irmandade, recordava-o de um tempo depois disso, quando tinha ido a sua mansão.
Zsadist. Zsadist estava nesse automóvel com ela.
Seu coração pulsou com força. Lutou para abrir os olhos, mas ambas as pálpebras se negaram a obedecê-la ou talvez já estivessem abertas era só que estava muito escuro para que pudesse ver algo.
? Fui resgatada? ? perguntou ? Veio me buscar, Zsadist?
Mas, nenhum som saiu de sua boca, embora movesse os lábios. Formou as palavras outra vez, forçando o ar através de sua caixa de ressonância. Emitiu um áspero gemido, nada mais.
Por que seus olhos não funcionavam?
Começou a mexer-se de um e outro lado e logo ouviu o som mais doce que alguma vez tivesse chegado a seus ouvidos.
? Estou com você, Bela. ? a voz de Zsadist. Baixa. Cheia de força ? Está a salvo. Fora dali. E, nunca voltará.
Tinha vindo procurá-la. Tinha vindo procurá-la...
Começou a soluçar. Pareceu que o automóvel diminuía a velocidade, mas então a dobrou, acelerando.
Seu alívio foi tão grande, que se deslizou para a escuridão.
Zsadist abriu com um golpe a porta de seu quarto, fazendo saltar o mecanismo da fechadura limpamente. O som foi forte, e Bela se mexeu em seus braços, gemendo. Congelou-se quando começou a girar a cabeça de um lado a outro na curva de seu braço.
Isso era bom, pensou. Isso era muito bom.
? Vamos, Bela, volte para mim. Desperte. ? mas ela não recuperou a consciência.
Foi para o colchão e a deitou onde ele dormia. Quando olhou para cima, Wrath e Phury estavam na entrada, os dois enormes machos bloqueando a maior parte da luz que provinha do corredor.
? Precisa ir para o Havers. ? disse Wrath ? Precisa de tratamento.
? Havers pode fazer o que tiver que fazer aqui. Não sairá deste quarto.
Z ignorou o comprido silêncio que se seguiu, totalmente hipnotizado observando como Bela respirava. O peito subia e baixava a um ritmo regular, mas parecia muito superficial.
O olhar de Phury era um que ele conhecia bem.
? Zsadist...
? Esquece. Verá a ela aqui. E, ninguém vai tocar nela sem minha permissão ou sem que eu esteja presente. ? quando olhou para cima, seus irmãos, Wrath e Phury pareciam totalmente confusos ? Pelo amor de Cristo, querem que o diga no Idioma Antigo no caso de ambos terem esquecido como falar português? Não vai a nenhum lugar.
Com uma maldição, Wrath abriu seu celular e falou rápida e firmemente.
Quando o fechou, disse:
? Fritz já está na cidade, e vai recolher o doutor. Chegarão aqui em vinte minutos.
Z assentiu e olhou as pálpebras costuradas de Bela. Desejava ser o responsável por vingar-se daqueles que fizeram isso com ela. Desejava que ela se sentisse aliviada agora. Oh, Deus... Como devia ter sofrido.
Deu-se conta de que Phury se aproximou, e não gostou que seu irmão se ajoelhasse.
Os instintos de Z eram fazer uma barricada diante do corpo de Bela com o seu próprio, evitando que seu gêmeo, Wrath, o doutor, ou qualquer macho pudesse vê-la. Não entendia esse impulso, não sabia a origem, mas era tão forte que quase se lançou no pescoço de Phury.
E, então seu gêmeo estirou a mão para lhe tocar o tornozelo. Os lábios de Z se retiraram para mostrar as presas, lhe saindo um grunhido da garganta.
A cabeça de Phury se elevou rapidamente.
? Por que está agindo assim?
Ela é minha, pensou Z.
Mas, no instante que lhe chegou essa convicção, afastou-se. Que demônios estava fazendo?
? Está ferida. ? murmurou ? Só não se meta com ela, ok?
Havers chegou quinze minutos depois. O alto e magro médico trazia uma maleta de couro na mão e estava preparado para realizar seu trabalho. Mas, quando se adiantou, Z se precipitou para ele, interceptando o macho e pondo-o contra a parede. Os pálidos olhos de Havers lhe saíram das órbitas atrás de seus óculos com armação de tartaruga marinha, e deixou cair sua maleta ao chão.
Wrath amaldiçoou.
? Jesus...
Z ignorou as mãos que tratavam de afastá-lo e cravou o olhar no médico.
? Tratará dela melhor do que faria com alguém de seu próprio sangue. Se ela sofrer uma só sacudida desnecessária, eu cobrarei em sua pele multiplicado por cem vezes o que tenha sofrido.
O magro corpo de Havers tremia, a boca se movia sem emitir som.
Phury lhe deu um forte puxão sem conseguir afastá-lo.
? Z, fique calmo...
? Fique fora disto. ? disse bruscamente ? Estamos de acordo, doutor?
? Sim... Sim, senhor. ? quando Z o soltou, Havers tossiu e arrumou a gravata. Logo franziu o cenho ? Senhor...? Está sangrando. Sua perna...
? Não se preocupe comigo. Preocupe-se com ela. Agora.
O macho assentiu, manuseando a maleta, aproximou-se do colchão. Quando se agachou ajoelhando-se ao lado de Bela, Z desejou que as luzes do quarto se acendessem.
A áspera inalação de Havers foi o mais próximo a uma maldição que um macho educado como ele poderia proferir. Murmurou em voz baixa no Idioma Antigo:
? Fazer isto a uma fêmea... Pela misericórdia do Fade.
? Tire os pontos. ? demandou Z, aparecendo por sobre o médico.
? Primeiro tenho que examiná-la. Devo verificar se tem feridas mais graves.
Havers abriu a maleta e pegou um estetoscópio, um aparelho para medir a pressão e um lápis lanterna. Mediu-lhe o pulso e a respiração, olhou dentro dos ouvidos e do nariz e mediu a pressão. Quando lhe abriu a boca ela se encolheu um pouco, mas logo quando levantou sua cabeça começou a lutar a sério.
Justo quando Zsadist se precipitava para o médico, o pesado braço de Phury se fechou sobre o peito de Z e o puxou para trás.
? Não a está machucando e sabe disso.
Z lutou contra o agarro, odiando a sensação do corpo de Phury contra o seu. Mas, seu gêmeo não afrouxou, sabia que era o melhor. Estava atuando impulsivamente, e derrubar o doutor teria sido uma jogada estúpida. Demônios, provavelmente não deveria estar armado nesse momento.
Obviamente Phury tinha seguido uma linha de pensamento similar nesse instante. Tirou as adagas que Z levava no peito e as entregou a Wrath. Também lhe tirou as pistolas.
Havers olhou para cima e pareceu aliviado de que as armas se fossem.
? Eu... Ah, vou lhe dar uma medicação suave para a dor. A respiração e o pulso são suficientemente fortes, assim poderá suportá-lo bem, e fará que o resto do exame e o que seguir seja mais fácil de tolerar para ela. Ok?
Não foi até que Z assentiu, então o médico lhe administrou um injetável. Quando a tensão no corpo de Bela diminuiu, o doutor tirou um par de tesouras e se dirigiu para a parte de abaixo da ensangüentada camisa que a cobria.
Enquanto levantava o tecido, Z sentiu uma raiva vermelha.
? Pare!
O Doutor protegeu a cabeça com os braços esperando que o golpeasse, mas tudo o que Z fez foi enfrentar o olhar de Phury e logo de Wrath.
? Nenhum de vocês dois vai vê-la nua. Fechem os olhos ou fiquem de costas.
Ambos o olharam por um momento. Logo Wrath deu as costas e Phury baixou as pálpebras, embora mantivesse seu agarro firme sobre o peito de Z.
Zsadist olhou duramente ao Doutor.
? Se for lhe tirar a roupa, cobre-a com algo.
? O que deveria usar?
? Uma toalha de banho.
? Eu a trarei. ? disse Wrath. Depois de entregar-lhe voltou para seu lugar olhando para a porta.
Havers estendeu a toalha sobre o corpo de Bela e logo cortou a camisola de um lado. Olhou para cima antes de levantar nada.
? Preciso ver todo seu corpo. E, vou ter que lhe tocar o estômago.
? Para que?
? Tenho que apalpar os órgãos internos para determinar se algum está inchado por ter recebido um traumatismo ou por causa de uma infecção.
? Que seja rápido.
Havers afastou a toalha para um lado...
Z fraquejou contra o forte corpo de seu gêmeo.
? Oh... Nalla. ? sua voz se enrouqueceu ? Oh, doce Jesus... Nalla.
Tinha algo cortado na pele do estômago que pareciam ser letras maiúsculas de três polegadas, em português. Como era analfabeto, não podia saber o que dizia, mas tinha um horrível pressentimento...
? O que diz? ? gritou.
Havers esclareceu sua garganta.
? É um nome. David. Diz David.
Wrath grunhiu.
? Sobre sua pele? Esse animal...
Z interrompeu o seu Rei.
? Vou matar a esse Lesser. Juro por Deus, vou mastigar seus ossos.
Havers inspecionou os cortes, brandamente, com muito cuidado.
? Deve te assegurar que não toque sal perto dos cortes. Senão, as cicatrizes ficarão com esta forma.
? Não me diga. ? como se não tivesse experiência em como as cicatrizes se convertiam em permanentes.
Havers a cobriu e foi para os pés, inspecionando-os e logo se voltando para as panturrilhas. Afastou a camisola enquanto se dirigia para os joelhos. Logo moveu uma das pernas para um lado, separando as coxas.
Z se impulsionou para frente, arrastando Phury com ele.
? Que droga está fazendo?!
Havers retirou as mãos rapidamente, as sustentando sobre a cabeça.
? Preciso lhe fazer um exame interno. Ante a possibilidade de que tivesse sido... Violada.
Com um rápido movimento, Wrath parou na frente de Z e rodeou a cintura de Z com os braços. Através das lentes escuras, o olhar do rei queimava.
? Deixe que o faça, Z. É melhor para ela se fizer.
Zsadist não podia olhar. Deixou cair a cabeça contra o pescoço de Wrath, perdendo-se no comprido cabelo negro do macho. Os firmes corpos de seus irmãos o rodeavam, mas estava muito horrorizado para sentir pânico ante o contato. Fechou os olhos fortemente e respirou profundamente, as essências de Phury e Wrath invadindo seu nariz.
Ouviu um ruído como um sussurro, como se o médico estivesse buscando na maleta. Logo houve dois estalos, como se o macho estivesse colocando luvas. Um roçar de metal contra metal. Uns ruídos. Logo? Silêncio. Não, não realmente. Pequenos sons. Logo um par de clicks.
Z se recordou que todos os Lessers eram impotentes. Mas, só podia imaginar como compensavam essa deficiência.
Tremeu por ela até seus dentes baterem.