Crisálidas de Papel 28/07/2020
Um Hallowen Steampunk
Após realizar um pacto, Jack foi transformado em lanterna e designado a guardar uma encruzilhada, impedindo que seres do mundo mortal e do Outro Mundo atravessassem um para o lado do outro.
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Bruxas, em especial, recebem uma atenção redobrada quando surgem, sendo necessário que o lanterna notifique prontamente o seu aparecimento. Porém, quando o vento de bruxaria sopra na encruzilhada de Jack, ele decide identificar a bruxa por si mesmo, e então, resguarda-la.
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Ember era apenas uma garotinha quando vê Jack pela primeira vez e, desde então, é capaz se sentir sua presença ao longo de seu crescimento, zelando por ela; mas ele atua a distância, como um guardião secreto.
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Quando Ember enfim consegue fazê-lo se apresentar devidamente e conversar com ela, a bruxinha se vê deslumbrada com o Outro Mundo e todas as possibilidades ofertadas por aquela realidade.
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Jack se nega a permitir a travessia, pois conhece todos os perigos que lá espreitam. Entretanto, quando menos esperavam, um vampiro bastante charmoso surge e leva Ember consigo ao Outro Mundo, obrigando o lanterna a deixar o seu posto para procurá-la, e é aí que toda a aventura começa.
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O Halloween sempre exerceu um efeito especial sobre mim, acho que desde que eu assisti "O Estranho Mundo de Jack" quando criança. Na primeira parte da história, eu senti o Halloween em cada parágrafo, as folhas laranjas cobrindo o chão, o clima outonal, o cheiro de maçã, as abóboras e os gatos pretos.
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Ao avançar até o Outro Mundo, me surpreendi a encontrar a temática Steampunk. O universo criado por Colleen foi muito bem feito. Cada mínima coisinha vinha com uma descrição de seu funcionamento, com as engrenagens e a luz de bruxa, assegurando que desempenhassem sua função. As descrições e explicações não me incomodaram e não tornaram a leitura maçante, em realidade, a construção daquele universo é o grande trunfo do livro, tanto que por vezes tive a impressão que a autora se apaixonou mais pelo mundo criado do que pelo enredo.
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É uma característica da Colleen pegar lendas e transformá-las em coisas totalmente novas. Aqui temos a história do Cavalheiro sem Cabeça repaginada, bem como Frankenstein, o homem invisível, os vampiros e até a o fato de as vassouras serem ligadas as bruxas. E tudo é feito de um jeito tão leve, que dá gosto de ficarmos procurando as "referências".
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Agora vamos falar sobre os personagens, primeiramente, fiquei comparando-os o tempo inteiro com os que eu já havia lido em outros livros da autora, e não achei justo, então passei a avaliá-los pelo que eles são.
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Jack é bastante interessante, mas não tive muito tempo com ele quanto gostaria. Ember é teimosa, um pouco infantil demais; os outros personagens a tratam como uma bruxa poderosa, contudo os poderes não são explorados nem por ela e nem na narrativa, nos deixando com gosto de quero mais. Na verdade, eu senti isso sobre TODOS os personagens. Creio que por se tratar de um volume único, não havia tempo para aprofundar cada um deles, mas a gente fica com a sensação de que falta algo.
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Gostei do final, apesar de achar a resolução das coisas um tanto corridas. É um bom livro. Ele é direcionado a um público juvenil, ainda mais jovem do que as outras obras dela, e talvez seja por isso que não me senti completamente satisfeita, pessoalmente eu queria mais intensidade, tanto nas cenas de romance, quanto nas subcamadas dos personagens. Parecia que havia algo separando a superfície, do que havia em baixo, uma parte não explorada pela Colleen e que tornaria o livro mais interessante.
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B. C.
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