Autobiografia

Autobiografia José Luis Peixoto




Resenhas - Autobiografia


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Nathalie.Murcia 18/07/2019

Um livro denso e desafiador
A narrativa circular e a prosa lírica no português lusitano tornam a leitura mais dificultosa e densa. Inobstante o desânimo inicial, após captar a ideia central da trama, na qual realidade e ficção se entrelaçam, a leitura se tornou aprazível e penso, que, dado o objetivo do escritor, essa inovação no recurso estilístico foi pertinente.

Se analisarmos sob o prisma concreto e racional, a história não tem o menor sentido. Mas, em se tratando de literatura, o sentido é despiciendo. A beleza, muitas vezes, reside na falta de sentido. As sensações proporcionadas ao leitor é o que conta. José, e Saramago, além da homonímia, são a mesma pessoa, em diferentes estágios da vida, que se encontram no tempo presente, e possuem personalidades contraditórias. Saramago é um escritor de sucesso, comedido, sem vícios. José sofre do bloqueio de escritor, tem tendência à alcoolemia e é dado à jogatinas, circunstância que até o colocou em maus lençois perante os agiotas.

A simetria de espelhos também se dá em relação às respectivas mulheres, as quais também são muito diferentes entre si. Pilar é uma espanhola culta e cosmopolita. Lydia é uma africana humilde, guerreira e com uma personalidade forte. Ambas as mulheres foram os arrimos para seus companheiros.

O livro portanto, além do caráter de metaliteratura, é autorreferencial e biográfico de forma dupla, com um matiz diferenciado do conceito tradicional de biografia (romance ficcional de cariz biográfico???). A parte da chuva de livros foi uma das que mais gostei, sobretudo pelo sentido metáforico. Nos tempos atuais, uma chuva de livros de um grande escritor seria algo muito proveitoso.

Uma obra para se degustar aos poucos, sem pressa. Uma leitura do tipo "ame" ou "odeie".

Essa edição da Tag está belíssima. O guia interativo de leitura e o dicionário com as palavras desconhecidas no Brasil foram suas ferramentas muito úteis durante a leitura.

Mais resenhas no meu Instagram.

site: http://.instagram.com/nathaliemurcia/?hl=pt-br
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Joao.Rodrigues 21/07/2019

Literatura sobre literatura
Não conhecia o autor mas agora quero ler tudo. Este é um dos romances mais instigantes que li nos últimos anos. Não exagero, embora acredite que não é um livro para leitores menos acostumados a literatura. A exigência é grande. Penso que será um bom livro para quem tenha interesse por autores como: W. G. Sebald, Philip Roth e por aí vai.
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Tamires 22/07/2019

Autobiografia, de José Luís Peixoto
Autobiografia, de José Luís Peixoto (TAG/Companhia das Letras, 2019), foi um livro que dividiu opiniões entre os assinantes do clube TAG Curadoria. Particularmente foi uma leitura que gostei, mas não pude deixar de pensar, em um primeiro momento, que eu não absorvi tudo desse livro ou realmente não tenha entendido completamente o enredo dele.

A proposta do autor foi genial: fazer uma espécie de biografia de José Saramago, incluindo alguns personagens de livros do autor ganhador do Nobel de Literatura do ano de 1998. Autobiografia é um livro que joga o tempo todo com a questão do processo de tecitura de um romance. José (não o Saramago, e sim o personagem condutor do livro) é um jovem escritor encarregado de escrever a biografia de um famoso escritor português com quem pode ter em comum mais que apenas o prenome.

“Se alguém lhe tivesse contado que o filho se perdera em Lisboa, a mãe demoraria a acreditar. Por um lado, José estava sozinho na cidade havia dez anos, tempo de conhecer todas as vielas; por outro lado, não era capaz de imaginar que a escrita de um livro fosse razão para problemas de tal ordem. Para sua própria expiação, o filho alimentava essa influência cega, os livros. Antes tivesse apanhado meningite como o rapaz da vizinha, perdeu alguma audição, mas tornou-se num mecânico gabado por todos. Em julhos da puberdade, enquanto os outros rapazes acertavam pardais com tiros de pressão de ar, saudável treino de pontaria, José passava horas oculto e silencioso, lia deitado na cama ou escrevia doidices, inclinado sobre um caderno. No princípio, a mãe rezou, pediu a Santa Cecília, protetora dos poetas, que lhe poupasse o filho, que o libertasse dessas ideias. Não alcançando resposta, conformou-se e baixou os olhos perante Deus, aceitando os seus mistérios. A partir daí, passou a rezar pelo filho a Santo Aleixo, protetor dos mendigos.” (ps. 13 e 14)

Diferente de outros meses, esse livro não teve um curador. Julho é o mês de aniversário da TAG e eles têm apresentado propostas diferenciadas para esse mês, nos últimos anos. Em 2018, por exemplo, recebemos em primeira mão o livro As últimas testemunhas, de Svetlana Alexijévitch, que ainda não havia sido publicado no Brasil.

Autobiografia foi escrito especialmente para o aniversário do clube neste ano e a expectativa em torno desse título e do principal nome que o chancelou quando não sabíamos, ainda, quem era o autor do livro, talvez tenha contribuído para que as expectativas em torno dele tenham sido conduzidas para um nível que beira a injustiça. Todos esperávamos um livro espetacular, mas recebemos um livro um pouco difícil (o que não quer dizer que seja um livro ruim). No entanto, em 2018 também foi assim.

“Não é exatamente uma biografia, respondeu José, é um texto ficcional de cariz biográfico.” (p. 110)

A minha experiência de leitura com Autobiografia foi peculiar. Devorei o livro e fiquei com a sensação de que não tinha entendido nada. Fiquei tonta com tantas voltas, personagens emprestados do Saramago que eu precisei recorrer várias vezes à revista da TAG para lembrar de onde eram e, claro, a metaliteratura. Resolvi deixar o livro descansar e partir para outras leituras mais simples. Percebi que Autobiografia não é um livro para ser devorado, e sim ser lido e apreciado com calma. Mesmo na primeira leitura, porque eu acabei retornando várias vezes a vários capítulos até escrever essa resenha, percebi que tinha em mãos um livro de muita qualidade. Algo em José Luís Peixoto me conquistou, tanto que logo comprei e devorei (não tenho jeito, eu sei!) Morreste-me e A criança em ruínas. Essas leituras posteriores me fizeram entender o porquê de eu ter gostado de Autobiografia, mesmo ficando com aquele nó de incompreensão na garganta: o lirismo do autor encanta e há algo em seu jeito de contar histórias que faz com que tenhamos de carregá-lo na bolsa para ler sempre um pouquinho, sempre que possível.

O trabalho da TAG foi ímpar neste mês e a revista ajudou bastante na leitura de Autobiografia, embora eu tenha ressalvas à necessidade de estar sempre voltando ao suplemento, por achar, talvez, que o livro deve se fazer entender por si só. No fim das contas, nem essa opinião eu posso defender com tanta veracidade, pois eu mesma precisei e usei o recurso (e acabei gostando).

“Os livros não servem apenas para serem lidos, essa não é a sua única função. Às vezes, basta olhar para eles, intuir ou recordar o que contêm, tempo e mundo. Às vezes, basta mudá-los de lugar.” (p. 83)

Ainda tenho a impressão que depois de ler mais livros do Saramago, especialmente os livros dos personagens que figuram em Autobiografia, a minha experiência de releitura será melhor do que esse primeiro contato. Talvez eu esteja errada, mas pretendo reler Autobiografia para verificar. Gostei muito de finalmente ler José Luís Peixoto, a quem eu só conhecia de nome. Como outros assinantes, considero o capítulo 20 como um presente, o mais especial e bonito entre os capítulos dessa história circular, metaliterária e surpreendente de José Luís Peixoto.

site: https://www.tamiresdecarvalho.com/resenha-autobiografia-de-jose-luis-peixoto/
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Dani @meu_romeo 24/09/2019

Diferente e surpreendente
Olá leitores, hoje trago a resenha do livro AUTOBIOGRAFIA, que veio na caixinha especial de aniversário de 5 anos da tag livros, que é nossa parceira.

Na Lisboa de finais dos anos noventa, um jovem escritor em crise vê o seu caminho cruzar-se com o de um grande escritor. Dessa relação, nasce uma história que mescla realidade e ficção, um jogo de espelhos que coloca em evidência alguns dos desafios maiores da literatura.

A ousadia de transformar José Saramago em personagem e de chamar Autobiografia a um romance é apenas o começo de uma surpreendente proposta narrativa que, a partir de certo ponto, não se imagina como poderá terminar. José Luís Peixoto explora novos temas e cenários e, ao mesmo tempo, aprofunda obsessões, numa obra marcante, uma referência futura.

🌷Quando eu comecei a ler este livro, eu não sabia o que me esperava, até porque fui de olhos fechados, sem nem ler a sinopse antes de começar a leitura.

E que grande surpresa ele foi. Apesar de no começo ele ser um pouco confuso, até que eu tenha me ambientado com a dinâmica da história, já que os personagens se confundem durante a escrita.

É uma leitura difícil. Não ache que será fácil compreender este livro, porque não será.

Porém, te digo que a medida que eu li e fui identificando como a história é narrada, eu me encantei e achei toda a trama genial.

Apesar do começo lento, à medida que eu ia lendo, eu não conseguia parar.

Até porque tem metaliteratura e acho genial quando um autor apresenta ao leitor essa forma de escrita.

Terminei o livro extasiada, louca, confusa, mas completamente apaixonada.

Não tinha lido nenhum livro da tag curadoria e só posso dizer que preciso ler mais livros deste selo.

Parabéns a tag e ao José Luis Peixoto, por ter nos trazido uma obra tão única e que ficará gravada na minha mente por muito tempo.

site: https://www.instagram.com/meu_romeo
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Conça 02/08/2019

Minhas impressões, opniões e sentimentos...
É um adorável kit de aniversário da Tag, ganhei um grande presente com o box e a ilustração da capa muito bem desenvolvida.
Porém, tive dificuldade para adentrar e fincar na leitura, atribuo a minha limitação para um clássico inédito desta categoria e, totalmente desprovida para tal compreensão e entendimento da narrativa, surgiu-me desconforto para diferenciar a figura do personagem, do autor e do Saramago, mesmo o livro sendo curto em números de páginas e cheio de conteúdo, atravessei horas, e por diversas vezes, se fosse uma característica minha de abandonar a leitura, teria-o feito.
Com todo entusiasmo que tentei seguir a leitura, foi notório a repetição de alguns trechos em capítulos que considerei desnecessário, ao mesmo tempo, não posso refutar que foi minuncioso em detalhes para enriquecer conhecimento e de uma fonte inesgotável de lugares a serem explorados. De qualquer maneira, não posso deixar de registrar que, para os leitores amantes de qualquer tipo de clássico, ele foi muito além do que a minha simples percepção.
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cmscotti 04/08/2019

josé, o peixoto, nos presenteia com a história de josé, o jovem e angustiado escritor a quem coube a tarefa de escrever a biografia (ou melhor, um texto ficcional de cariz biográfico) de josé, o saramago. mais do que um romance, o livro é um jogo e uma homenagem, não apenas a saramago, mas também à própria literatura. três josés, um segredo, personagens que ganham novas vidas, muitas perguntas, poucas respostas, infinitas possibilidades. das experiências quase mágicas que a literatura proporciona. não é uma leitura fácil, é possível até que tenha sido torturante para alguns, mas recompensa à altura os persistentes.

dica: quanto mais saramago você traz na bagagem, mais desfruta da viagem. fiquei bem empolgada pra me preparar melhor e repetir a brincadeira.
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Debora 08/08/2019

Um exercício literário
Estava pensando no que escrever nesta Autobiografia escrita a partir da encomenda de uma biografia de Saramago (este é o enredo central do livro) e me dei conta de uma coisa: já li muitos livros que gostei do início e depois o livro perde força.
Neste caso, o que aconteceu comigo foi o contrário: achei o livro, até o capítulo 8, intragável, confuso. Foi uma dificuldade chegar até ali (confesso que não abandonei o livro pq ele é da TAG, e eu nunca abandonei um curadoria...rs).
Mas, depois, a leitura deslanchou, a escrita ficou menos truncada, a história engatou também. O capítulo 20 é super interessante, diferente do que costumo ler.
Por fim, gostei do livro. Uma nota 3,5. Mas foi um desafio ultrapassar certas partes.
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pagina_liter 14/08/2019

Uma história genial
Comecei essa leitura sem pretensão alguma, de repente me vi nas páginas de um dos livros mais confusos que já li na vida, mas por outro lado não conseguia desgrudar do livro. A história me agradou bastante, há um segredo (entre o protagonista e José Saramago) mencionado o tempo todo, o que deixa o leitor numa expectativa crescente. Porém parando para refletir agora, duas semanas após ter concluído a leitura, percebo que a escrita do José Luís Peixoto me ganhou mais do que a história em si.
Um livro complexo, com um jogo inteligente onde encontramos pessoas reais transformadas em personagens, convivendo com os personagens fictícios dos romances de Saramago.
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isa.dantas 20/08/2019

Um livro que foi desafiador para mim nas primeiras 50 páginas. Achei confuso demais. O importante é entrar na loucura dele e se deixar levar. Feito isso, é genial.
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Lacerda 02/09/2019

Metaliteratura
O livro é muito bem construído; toda a história traz personagens dos livros de Saramago para dentro dessa trama, mas o próprio Saramago podia ser melhor explorado, o processo criativo de escrita, experiências sobre ser escritor... de uma hora para outra parece que o livro só precisa ser terminado e as coisas acabam perdendo um pouco o rumo.
É um bom exercício para se colocar no lugar do escritor e principalmente para atiçar a vontade de conhecer mais as obras de Saramago.
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