Pátria

Pátria Fernando Aramburu




Resenhas - Pátria


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Isabella.Wenderros 08/06/2020

Pátria
Bittori e Miren cresceram juntas, se casaram com apenas um mês de diferença, os filhos vieram mais ou menos na mesma época, os maridos também viraram melhores amigos. Parece ser o tipo de amizade que vai durar por toda uma vida, certo? Porém não é o que acontece quando o marido de uma é assassinado por terroristas e o filho da outra entra para esse grupo, abalando e posteriormente destruindo os laços que uniam essas duas famílias.
O ETA (Euskadi Ta Askatasuna) foi uma organização fundada em 1959 e que só acabou em 2018, que tinha como objetivo libertar o País Basco da Espanha. Ao longo dos anos foi responsável por milhares de atentados, extorsões e centenas de mortes.
Quando passa nos noticiários números e estatísticas, nem sempre paramos para pensar que cada um daqueles algarismos é na verdade um ser humano, com tantas outras pessoas ao seu redor, entrelaçando tantas outras vidas à sua. É isso que Pátria ressalta ao longo de suas quinhentas páginas, focando no impacto individual que uma mesma história pode ter para pessoas diferentes, com experiências diferentes e visões conflituosas.
Miren, uma mulher que sempre foi apolítica, vira uma extremista depois que seu filho mais velho, Joxe Mari, entra para o ETA. Já Bittori vê sua vida virar de cabeça para baixo quando seu marido é ameaçado publicamente por não pagar uma espécie de ‘imposto revolucionário’ e seus conhecidos passam a evitar a família sempre que podem para que não sejam marcados também. Quando as ameaças são cumpridas e Txtato é assassinado voltando para a casa, a vida dessa mulher entra em uma espécie de pause que dura até as últimas páginas.
Durante toda a leitura, a minha impressão foi de que as duas famílias estavam paradas no tempo. A família de Bittori, principalmente ela e Xabier, vivem suas vidas em função da memória de Txato; para o filho existe a vida ‘antes de’ e ‘depois de’. Nerea, que era a filha preferida, mesmo não indo ao enterro, guarda diversos objetos pessoais, inclusive a roupa que ele usava durante o atentado. Para Miren a vida parou no dia em que o filho foi preso pelos crimes que cometeu em nome do ETA. Aliás, essa personagem me causou certa antipatia, já que não concordava com sua visão de que por ser mãe de alguém que era um terrorista, era obrigada a ser tornar uma defensora da causa. Gostei de Arantxa, irmã de Joxe Mari, logo de cara pela sua visão de que podia amar o irmão, mas isso não significava apoiar cegamente suas atitudes; uma pena o que aconteceu com ela, mas de todos foi a que mais teve empatia e coragem ao manter vivo vínculo com a outra família.
Aqui, o perdão é visto como um meio de liberdade, tanto para quem perdoa quanto para quem pede o perdão. No primeiro caso, é necessário abrir mão de toda a mágoa e raiva para conseguir absolver o outro. Já para quem desejar ser perdoado, é essencial olhar para seu passado, analisar cada atitude e se arrepender do caminho percorrido, o que nunca será fácil.
Quando terminei a leitura e fui pesquisar um pouco sobre o livro, vi que HBO lançou recentemente uma série baseada nele. Estou ansiosa para assistir, já que em diversos momentos nos últimos dias pensei que daria uma excelente adaptação. Por algum motivo estranho, fiquei com a sensação de que numa releitura, terei uma experiência ainda mais impactante. Ele ficará aqui na minha coleção para que daqui a alguns anos eu possa descobrir que se minha intuição se confirma.
Fabiana.S 06/07/2020minha estante
Vou começar agora! Bom saber que gostou ;)


Isabella.Wenderros 06/07/2020minha estante
Gostei bastante! Na minha opinião, poderia ter sido um pouco mais curto, mas foi uma ótima experiência. Boa leitura, Fabi :)


Fabiana.S 08/07/2020minha estante
Obrigada! Ainda não consegui entrar na história.. mas tô indo! Bjs


Isabella.Wenderros 08/07/2020minha estante
Demorou pra mim tb haha
Beijo


Fabiana.S 15/07/2020minha estante
Isabella, falta pouco pra eu terminar, mas li a sua resenha (muito bem escritola por sinal) Me ajudou muito a entender e a ter mais simpatia pela história :)


Isabella.Wenderros 15/07/2020minha estante
Ah, que bom. Estou começando à me arriscar escrevendo minhas resenhas, sempre tive dúvidas se ficariam boas. Fico feliz que tenha te ajudado, Fabi :)


Fabiana.S 15/07/2020minha estante
Excelente resenha!


Isabella.Wenderros 15/07/2020minha estante
Obrigada =)




Ãnimo Total 28/02/2020

Um livro maravilhoso .
Leiam.
Jader 28/02/2020minha estante
É daquelas leituras que você nem sente ter mais de 500 páginas, de tão empolgante que é


Ãnimo Total 28/02/2020minha estante
Exatamente.
Podia ter mais...hehe


Jaja Morais 02/03/2020minha estante
Uhuuuuuuuu


Jaja Morais 02/03/2020minha estante
Fico tão feliz que tenha gostado amigo ??


Ãnimo Total 06/03/2020minha estante
Amei Jaja.
Muito obrigado




Bárbara | @barbaraeoslivros 01/05/2020

Leiam esse livraço!
O primeiro calhamaço do ano: o incrível Pátria, de Fernando Aramburu.
Um romance histórico, cujo pano de fundo é a militância e a luta armada do grupo separatista ETA, organização paramilitar que lutou pela independência do País Basco (Euskal Herria), cujo antigo território atualmente se distribui entre a Espanha e a França.

O livro narra a história de Bittori e Miren, duas grandes amigas desde a infância quando ainda pensavam em ser freiras, mas ambas trocaram o hábito por alianças e suas famílias se tornaram muito unidas.
Porém, o destino (sempre ele) muda completamente a vida das duas mulheres, afastando-as a ponto de se considerarem inimigas. Bittori é forçada a sair de sua vila após o assassinato de seu marido. Miren se torna uma militante fervorosa quando um de seus filhos decide entrar na luta pela causa basca.

Além do contexto histórico muito bem delineado, destaca-se a forma de narrativa escolhida pelo autor. A voz unívoca de um único narrador dá lugar a vozes de vários narradores com diferentes pontos de vista sobre os mesmos fatos em uma narração polifônica.
Assim, o leitor entende como acontecimentos que dizem respeito a todos os narradores/personagens repercutem diferentemente em cada um deles.

O livro aborda o poder do perdão e a coragem necessária para pedi-lo. É uma história sobre as surpresas da vida, a importância das relações familiares e a dor do luto.
Flávio 01/05/2020minha estante
Adorei a resenha e me interessei, vou ler então!


Bárbara | @barbaraeoslivros 01/05/2020minha estante
Leia! Você não vai se arrepender! Foi minha melhor leitura do clube intrínsecos e melhor de 2020 até agora!


Flávio 02/05/2020minha estante
Temporariamente fora de estoque na Amazon...?


Bárbara | @barbaraeoslivros 02/05/2020minha estante
Mas vai voltar, acho que teve alguma promoção da editora intrínseca aí devem ter comprado muito.




day 28/08/2019

Que Livro!!
Um dos melhores livros que li esse ano!! Como sempre o clube intrissecos sempre mandando os melhores livros!!

Pátria é um livro que conta a história de duas amigas que cresceram juntas,até que depois de casada o ETA ,faz que essa amizade se parta.

Um livro muito bem escrito,pois além da vida dessas duas famílias,você pode entender um pouco sobre os países Bascos e sua cultura.

O autor é maravilhoso,e fiquei muito feliz em ler essa obra maravilhosa!!

Leiam !! Será uma experiência maravilhosa.
Dayeni 01/05/2020minha estante
Day vc gosta do clube de assinatura da Intrenseca? Nunca assinei. Assino a TAG curadoria


day 03/05/2020minha estante
Eu tive ,ele e o turista literário,porém tem mes que os livros não me agradavam ,daí cancelei os dois ! Prefiro comprar sai mais barato pq os brindes que eles mandam não valem a pena .


Dayeni 03/05/2020minha estante
Jóia ?


Dayeni 03/05/2020minha estante
Obrigada ?




Nick 15/07/2019

Que escrita maravilhosa!
Pátria é o 10º livro do clube de assinatura Intrínsecos e mais uma vez termino a obra muito satisfeito com a escolha da editora para seus inscritos. Mais uma obra que dificilmente compraria de forma espontânea e se não fosse esse tipo de assinatura me passaria totalmente despercebido. Felizmente o Intrínsecos existe e nos proporciona essas experiências para nos tirar da zona de conforto.

O enredo do livro nos leva à acompanhar décadas da existência de duas famílias à princípio muito amigas mas que se vêem separadas pelas circunstâncias de um conflito armado intenso entre a Espanha, a França e o Movimento de Libertação Nacional Basco liderados pelo grupo nacionalista ETA (Euskadi Ta Askatasuna). À partir desse conflito se transcorre uma estória muito envolvente, onde o autor destrincha em camadas os personagens de tal forma que poucas vezes tive a oportunidade de ler, além de não se prender a uma linha temporal linear. É uma estória que vai falar de escolhas, de tomar partido, de mágoa e perdão.

Eu particularmente me apaixonei pela escrita do Fernando Aramburu, embora deva confessar que tenha levado exatamente 2 capítulos para entender o seu estilo. Depois que a compreensão veio, fiz uma releitura desses capítulos iniciais e continuei a leitura de forma bastante entusiasmada. Mas o que tem de diferente na escrita do autor? É que ele desenvolve a estória alternando a narrativa entre terceira e primeira pessoa sem a menor cerimônia, faz a transição no mesmo parágrafo, na mesma frase se for necessário. Sem aviso prévio, os personagens tomam a voz do narrador e relatam eles mesmos sua história. Resumindo em um único conceito: uma "narração coral". Mas porque isso? "Ora, é que assim me faço entender melhor." Essa forma de escrita é inédita para mim, não sei se outros autores escrevem dessa forma, mas o fato é que isso torna a leitura muito tocante, coloquial e engraçada, além de combinar bastante com os personagens, principalmente as duas matriarcas da família. É como se o autor falasse com a gente em uma mesa de boteco, de forma simples, remedando a voz dos personagens, nos contando um "causo", como dizemos no interior. É preciso um tempo pra se acostumar, mas depois que se acostuma é uma leitura muito prazerosa.

A edição optou por manter muitos vocábulos e modismos procedentes do basco sem tradução, o que foi uma ótima escolha, porque dá mais profundidade e identidade a obra. Pra auxiliar nós que não conhecemos a lingua essas palavras tem seus significados revelados no glossário.

ps.: em relação a escrita/tradução, uma coisa eu fiquei sem entender o motivo. Se eu alguém puder me esclarecer, agradeço, tenho bastante curiosidade à respeito. Porque em algumas parte do livro é trocado a conjugação de verbos que deveriam estar no pretérito imperfeito do subjuntivo pelo mesmo verbo no futuro do pretérito? Ex.: "se eu TERIA vinte anos menos..." ao invés de "se eu TIVESSE vinte anos menos..." Não entendi o porquê disso, alguém sabe me dizer?

Enfim, Pátria é um excelente livro, uma das melhores leituras do meu ano até aqui. À partir de agora ficarei de olho em eventuais novas obras de Fernando Aramburu, torcendo pra que essa forma de escrita seja uma marca registrada do autor. Livro recomendadíssimo.
Mari 17/07/2019minha estante
Oiii...em relação aos erros de conjugação, eu acredito que seja por os personagens não terem um domínio tão grande do basco. Essa foi minha interpretação, não tenho certeza se está correta, RS. Mas cheguei a ela pois todos ficavam admirados com a forma com que o Gorka falava e escrevia, e também por seu irmão e respectivos amigos irem se consultar com ele para escrever os cartazes. O livro é ótimo mesmo né? Eu também não o teria comprado normalmente, e fiquei impressionada com o quanto gostei. Está sendo ótimo sair da zona de conforto.


Nick 17/07/2019minha estante
Cheguei a pensar nisso também mas depois reavaliando me pareceu improvável que esses erros só surgissem em tempos verbais. Porque pelo menos no português as pessoas erram a escrita mas não o tempo verbal, então... Esse futuro do pretérito eu imaginei que poderia envolver um plot twist no fim da história, quem sabe a indicação de um sonho/delírio/imaginação mas não foi o caso, ou seja, terminei o livro sem essa resposta.


Nick 17/07/2019minha estante
Lendo a revista agora (que eu opto por nunca ler antes de ler o livro) encontrei a resposta sobre a questão da conjugação. A revista diz que "bascofalantes bilíngues são conhecidos por certa dificuldade em usar algumas formas verbais do castelhano". Então é uma maneira de demonstrar essa dificuldade dos personagens bilíngues. Interessante.




Conça 17/07/2019

Impressões, opniões e sentimentos...
Confesso que fiquei encantada com minha assinatura da intrínsecos, cada livro que recebi até agora, tem de fato me tirado da zona de conforto, e com o kit de julho não foi diferente.
A revista tem um papel significativo antes de começar a ler e entender o enredo de Pátria, através dela tive um noção do que estava por vir e serviu de incentivo para querer conhecer os personagens e toda história envolvida entorno deles.
Antes que esqueça, o mimo, de fato, é um mimo!Parabéns pela seleção, elaboração e o carinho em mensalmente me proporcionar algo diferente.

A narrativa me pegou de surpresa e me causou uma certa euforia, a alternância entre a narrativa na terceira pessoa e os intervalos na primeira pessoa adentrando em frases, textos e até em questionamentos, me permitiu ficar fascinada para acompanhar toda contextualização do livro, dos personagens e do fato histórico em si. De forma sarcástica ele vai brincando com à desenvoltura e crescimento dos personagens e revelando cada um entre passado e presente.

Na oportunidade pude obter conhecimento e relatos do Eta, só confirmou, mais uma vez, que se tratava de uma luta pusilânime, muitas vezes, jovens atormentados pelo estado ou pela igreja que fabricavam e manipulavam ?heróis? a cometerem crimes cruéis contra pessoas inocentes e destruindo tudo que acerca.

Apesar da leitura ser cativante e instigadora, achei desnecessário alguns capítulos que nada tinham a contribuir com o enredo, quando não, a repetição das falas e pensamentos de personagens que tratavam dos meus assuntos. Independentemente desses, não deixou de transmitir as emoções/sentimentos e sofrimentos vividos por cada personagem. Duas famílias destroçadas pelas atitudes dubitativas de suas crenças e dogmas motivados por interesses pessoais, reservando-se a nos identificar, odiar e amar mais uns que os outros.

Recomendo esse livro para quem precisa se reavaliar nas formas e pensamentos incutidos como certo, tendo oportunidades para se redimir e retratar com o contrário a tempo.

Ao autor se tivesse oportunidade, perguntaria porque o verbo no meio das frases se apresentavam dessa maneira:
?Se eu poderia voltar no tempo, voltaria?!
E dizer que o livro foi muito bem escrito e deixa uma mensagem muito linda.
Dialugando 17/07/2019minha estante
Teria que ver como na na versão original em espanhol.


Conça 17/07/2019minha estante
Será por esse motivo?


Dialugando 18/07/2019minha estante
Não posso afirmar. Por isso seria bom ver como está na versão original.




Otávio - @vendavaldelivros 03/08/2023

“Todo mundo mente. A polícia mente, mente a esquerda abertzale. Todo mundo mente, Joxian, juro. A verdade não serve para ninguém.”

A crença fundamentada de que somos nós os certos e os eleitos existe em todas as tribos desde sempre. Cremos que os outros estão errados, são maus e perversos, e nunca conseguirão enxergar a verdade plenamente. Isso acontece nas redes sociais, mas também no espírito de muitos povos. Muitos estão certos em suas principais demandas e errados em tantas outras, mas seguem travando batalhas que nunca parecem ter fim. “Pátria” versa sobre como o ser humano, no seu eu, se vê dentro do furacão da História.

Publicado em 2016, “Pátria” do espanhol de origem basca Fernando Aramburu narra a história de duas famílias amigas atingidas diretamente e de formas distintas pelo histórico conflito basco em busca da separação O fanatismo do ETA e seus sucessivos ataques terroristas e a violenta repressão estatal espanhola são mostrados do ponto de vista dessas duas famílias, uma atingida pelo ETA e a outra pela repressão ao grupo terrorista.

Com duas mulheres como personagens “principais”, Aramburu apresenta os dramas da mãe que vê o filho terrorista preso e da esposa que perde o marido para um ataque encomendado. Os filhos, netos e demais membros das famílias formam o núcleo principal de personagens, mostrando também como os efeitos do conflito impactaram suas vidas.

“Pátria” é um livro de profundidade, mas que peca muito pelo excesso de páginas, subtramas inúteis e barrigas. Mesmo contando com ótimos personagens, muito bem desenvolvidos, o autor erra a mão em uma densidade que acaba se mostrando inócua, vazia de sentido e que torna a leitura muito cansativa. É nítido que houvesse a editora cortado metade da obra ela não só ficaria melhor, como certamente continuaria entregando a representatividade e o simbolismo de falar sobre uma história tão importante.

Não funcionou pra mim, apesar de gostar muito de certos personagens (Arantxa principalmente), de algumas passagens e achar o tema central do enredo fascinante. Importante, porém, para lembrarmos sempre que dentro de uma guerra de ódio ninguém sai vencedor.
Alê | @alexandrejjr 22/09/2023minha estante
Não li o livro, mas creio que as "barrigas" do Aramburu foram cortadas na adaptação da HBO, que é uma das minisséries mais interessantes e bem produzidas da Espanha no últimos anos. Chegasses a conferir, meu caro? Ah! E parabéns pelo texto.


Otávio - @vendavaldelivros 22/09/2023minha estante
Rapaz, até que não, mas acredito que o livro funcione bem em outra mídia mesmo. Eu cheguei a colocar a série na lista, mas desisti por conta do livro ahahaha


@thereader2408 28/11/2023minha estante
Eu queria muito ler esse livro, estava há tempos na minha wishlist e em uma promo comprei e passei ele na frente de vários outros livros que queria ler. Ainda não cheguei na página 100 e já estou desapontada, vim aqui para ver os comentários e verificar se alguém teve essa mesma impressão. Pelo visto pouquíssimas pessoas, eu estou desapontada de não estar gostando porque é meu tipo de livro, mas está sendo uma leitura sofrida e cansativa, espero mudar de ideia porque ainda tem muito livro pela frente, mas a priori concordo com você em tudo. Assim que terminar o livro vou assistir a série.




spoiler visualizar
Gabi 23/06/2021minha estante
Ami e o gorka casou com um boyzao??


Mari 23/06/2021minha estante
foi kkkkkk mt fofinho pq ele tava com mó medo da reacao dos pais e a mae dele foi um amor la na hora


Gabi 23/06/2021minha estante
Ai eu amoooo




Douglas | @estacaoimaginaria 17/09/2019

Sobre perdão e seguir em frente...
“Pátria” é um livro que conta a história, principalmente, de duas famílias que vivem no País Basco (fronteira entre a França e a Espanha) e que, por muito tempo, foram unidas. Bittori e Miren são as matriarcas dessas famílias, mas quando o livro começa, elas já não mais amigas há um bom tempo. Nessa obra, Aramburu nos conta as influências do ETA (Euskadi Ta Askatasuna – “Pátria Basca e Liberdade”) nessas duas famílias – de um lado, a perda para o terrorismo daqueles que buscam pela liberdade, do outro, a militância e o nacionalismo puros. Quando o cessar-fogo é anunciado, então é hora de buscar o perdão.

O livro é escrito em terceira pessoa, com foco, principalmente, em Bittori e Miren. Mas outros sete personagens se dividem na narrativa de Aramburu, todos da família das mulheres. Ao passo que a história começa com o cessar-fogo do ETA, no presente, o autor volta muito ao passado para nos colocar em perspectiva de tudo aquilo que moldou quem são essas pessoas no futuro, depois da “trégua” que o grupo terrorista dá – e que ninguém sabia se seria pra sempre, ou apenas temporário. Creio que Aramburu focou sua narrativa nesse passado, com inserções do presente para mostrar a que ponto as coisas chegaram, tudo pela “liberdade” de um país.

A última coisa que Aramburu se preocupa é com a linearidade da história e dos fatos. Como disse, é uma mistura entre passado e presente, às vezes sem pré-anúncio, uma vez que o autor não coloca artifícios que facilitariam. Ele deixa para que a própria narrativa mostre que não estamos mais no presente. E, se pararmos para pensar, levando em conta o ponto em que estamos no passado e o ponto que estamos no presente, isso faz todo sentido. Tudo isso é muito bom, como sempre digo, pois nos tira da zona de conforto. Outro ponto positivo é que os capítulos são curtos, deixando a leitura mais fluída, contrastando com uma narrativa mais diferente e, às vezes, de pouco diálogo.

Algo interessante na narrativa de Aramburu é a forma como às vezes insere pensamentos ou falas dos nove personagens no meio da narração, principalmente das protagonistas. Às vezes apenas uma palavra, uma interjeição, uma frase. Enfim, é perceptível que não é mais o autor que está falando. Parece que autor e personagem se conversam, e nós leitores estamos observando essa prosa. Isso acabou dando mais vida à história. É uma narrativa diferente de todos os livros que já li. É uma narrativa mais “difícil”, no sentido de ser diferente do que usualmente leio.

Falando um pouco dos personagens, Bittori meio que se tornou minha personagem preferida desse livro. Eu acho que há muito em sua personagem que não está escrito de fato, mas que a narrativa do autor permite que nós vejamos. Ela é daquele tipo “sincerona”, algo que eu gosto muito. Miren também, mas há muito rancor nas palavras dela. No entanto, algumas das melhores partes da obra é quando o autor sai da questão do nacionalismo e vai para as relações humanas, essas coisas de família, sabe? A mãe questionando quando o filho vai se casar, ou se preocupando como a filha veste ou como aparenta ser (e é assim que começa a história).

Isso tudo, pra mim, mostra dois pontos do livro: o nacionalismo, que demostra a agressividade e o terror, e as relações humanas, tornando a obra mais leve. Esse contraste é muito importante para que o leitor não se “afunde” apenas no sangue e na violência que o ETA trouxe para esse país, mas também não acredite que está tudo bem, que são apenas picuinhas de família, deixando o terror de lado. Não, a obra de Aramburu tem os dois extremos. Há o patriotismo ferrenho, que quer ser conquistado a força, mas há também os típicos problemas de famílias que todos, vez ou outra, passam por.

É um livro sobre nacionalismo, sim, e como a luta pela liberdade do País Basco muda a vida das pessoas. Mas também fala do preconceito, da diferença de línguas (basco ou castelhano). O ETA mesmo entra como coadjuvante, mas ele está presente em toda a história, nas entrelinhas. O que nos leva a querer saber mais sobre esse movimento, suas consequências, o que foi (e isso a revista que veio na caixa ajuda muito). Mas acho importante voltar a falar isso da língua. Há muito preconceito apenas com a língua que se fala lá. O ETA não admite nada diferente daquilo que é original do país. E o autor, muito inteligente, insere muitas palavras bascas que nós não sabemos – nos colocando dentro daquele país e ao lado das pessoas que não falam essa língua.

Voltando a falar dos personagens. Isso pode ser um spoiler, mas é algo relevado na própria sinopse, e é um fato comum desde o início da obra, então, me perdoem… o marido de Bittori é assassinado pelo ETA. Isso é fato e não é preciso discutir – e é o que leva Bitorri para longe da vila onde por tantos anos moraram. Mas preciso destacar a morte desse personagem. Os últimos momentos da vida de Txato são cruéis… Não a morte em si. Tudo antes, a forma como o autor descreve sua última refeição, a última vez que marcou no calendário quantos dias estava sem fumar, a última vez que tirou um cochilo… É de arrepiar.

Miren é uma mulher amarga e rancorosa, mas que justifica isso pela luta pelo nacionalismo. A mudança de atitude dela com a então amiga, Bittori, é cruel de se ler e imaginar. Tudo porque seu filho, Joxe Mari, é um etarra e o marido da amiga passou a ser ameaçado e considerado contra essa causa (antes de falecer). Essa luta do ETA é algo difícil de se imaginar, confesso, pois não vivemos naquele ambiente. E essa influência que a causa tem em Miren, de ir a protestos, de pedir a liberdade do país contra as pessoas “do contra”, nos leva muito a essa perspectiva de quem não esteve lá e não conheceu o que foi o ETA.

Confesso que me identifiquei muito com Gorka, irmão de Joxe Mari. Eu o vejo como um manifestante de uma forma totalmente diferente, por meio da leitura e da escrita. É um cara que nós nos identificamos na hora. Um tanto sufocado por conta da pressão de também sair às ruas e gritar. Mas ele sabe que não é assim que pode mudar o mundo, ou seu país. E ele mostra isso, depois. Por isso é uma obra tão importante. O livro de Aramburu nos apresenta diferentes personagens, com diferentes linhas de pensamentos a respeito de um mesmo tema. Nessa obra, me identifiquei com um pouco de todos, e talvez essa tenha sido a intenção do autor.

Penso nessa história, assim como outras desse clube, algo como se você estivesse indo a uma cidade ou país que nunca foi. Nesse caso, o País Basco. Você não conhece nada, a língua, a cultura, os costumes, a comida. É o mesmo com a escrita. Nos primeiros dias, assim como nos primeiros capítulos, as coisas são novas e demoram a “engrenar”. Mas depois, você vai conhecendo melhor, se acostumando e até gostando. Foi assim com essa história. No começo, a escrita do autor me “pegou”, foi um tanto quanto difícil. Mas depois deslanchou, pois fui me familiarizando à sua escrita e amei, simplesmente amei.

Recomendo muito essa leitura, assim que ela for lançada pela Intrínseca. Vale a pena leitura, ainda que não seja o tipo de livro que você esteja acostumado a ler. Isso é algo que esse clube tem me mudado: a dar mais chance àqueles livros que vemos na prateleira, mas não nos encanta de início. Aí é que está o poder das palavras, quando começamos a ler, vemos o quanto estávamos errados.

site: https://estacaoimaginaria.wordpress.com/2019/08/01/resenha-patria-fernando-aramburu/
Ana Lina 03/10/2019minha estante
Espero que sirva para dar exemplos nas aulas de geografia para o ensino médio sobre conflitos entre nações e povos nos temas geopolíticos.Obrigada pela dica


agata52 10/10/2019minha estante
Meu Deus, ninguém nunca tinha me explicado tão bem como funciona a narrativa desse livro. Tenho ele, mas nunca li por não ter entendido no início como funcionava forma de lê-lo, agora vai fazer todo o sentido pra mim kkk. Obrigado por esta ótima resenha.


Douglas | @estacaoimaginaria 10/10/2019minha estante
Poxa, que bom que a resenha ajudou rsrs eu que agradeço por ter lido! Qualquer coisa, só chamar pra bater um papo sobre esse livro.




Giorgia10 05/02/2023

Livrão
Sinceramente, não esperava gostar assim desse livro.
Em um primeiro momento esse livro me desagradou, os capítulos são tão curtos que senti a história ficar quebrada, sem um fluxo contínuo, mas conforme fui lendo comecei a me envolver com os personagens e com suas histórias.
Também tive uma quebra de expectativa com esse livro, achei que ficaria do lado de um ou de outro, mas é impossível manter uma parcialidade nesse livro, a vida das personagens é muito mais do que um branco no preto. E aliás, que personagens! De tantas personagens só consegui criar apresso por Gorka e Arantxa.
Enfim, acho que o ponto alto pra mim foi o desbravar da cultura Basca durante toda a narrativa.
Gostei
Natalia Cunha 25/03/2023minha estante
Acho que essa quebra de capítulos foi uma das coisas mais interessantes que achei no livro. Ela deixa a história mais complexa, porque a gente só vai descobrir algo muitas páginas depois que começou a ser contado lá atrás. Parece um fio de pensamento, que é cortado do nada, e volta mais pra frente. Mas concordo com você, personagens muito bem estruturados e uma história bem amarrada demais


Giorgia10 27/03/2023minha estante
Adorei o seu ponto de vista sobre os capítulos!! Acho que acendeu uma luz na minha cabeça agora e com certeza deixou a história melhor
Obrigada!!




Leléu Ltd. 26/04/2020

Marcante, mas cansativo
A temática do livro é forte, uma história onde não há culpados, apenas vítimas. O episódio histórico é apresentado a partir do cotidiano de duas famílias.

Leva-se um certo tempo até habituar com o estilo de escrita que foge bastante do habitual, e que leva o mérito de conferir à história uma forma bastante humana de ser contada.

A linha temporal é picotada sem um motivo aparente, os acontecimentos com os diversos personagens ocorrem de maneira salteada dentre muitos momentos diferentes, o que deixa a leitura incrivelmente confusa. Não há um apelo ao mistério, pois eventos importantes sempre são apresentados no início da narrativa.

Todos os mais de cem (curtos) capítulos começam confusos, com a clara intenção de não revelar de imediato sobre o que trata cada um, deixando o leitor apreensivo por alguns instantes.

Enfim, a história é extraordinária, apresentando o poder dos acontecimentos corriqueiros sobre um panorama de guerra, mas o estilo é cansativo e por vezes desanimador.
Bebel 08/02/2023minha estante
Há 1 ano eu comecei a ler esse livro e parei porque achei EXTREMAMENTE cansativo? agora decidi recomeçar. Tô achando menos cansativo, mas ainda bem confuso em algumas passagens, tentando ler com atenção redobrada kkkkkkk


Leléu Ltd. 08/02/2023minha estante
Eu quase desisti algumas vezes. Definitivamente não foi meu intrínsecos favorito.




Ladyce 21/08/2020

Por motivos profissionais de meu marido, passei algum tempo na antiga Iugoslávia, saindo de lá na semana em que a Guerra da independência dos estados e eventualmente da Sérvia contra a Bósnia começou. No período que estivemos lá um dos mais incompreensíveis comportamentos que testemunhamos foi o ódio de uns pelos outros muitas vezes por crimes acontecidos há dois ou três séculos, quando aldeias inteiras de um grupo guerreavam contra aldeias de diferentes religiões ou etnias. Lembro-me de acreditar que sentimentos de ódio de tal maneira entranhados na cultura de um lugar são mais tipicamente encontrados na Europa do que em qualquer país do Novo Mundo. A razão é simples: imigrantes que vieram do Velho Mundo deixaram para trás não só a terra natal, mas os hábitos e os ódios centenários para se adaptar a novas realidades. Ler Pátria de Fernando Aramburu [tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht] lembrou-me dessas características do Velho Mundo, quase inexplicáveis para aqueles que de lá emigraram. Rusgas políticas, ódios e desprezo podem e frequentemente tomam conta de aspectos vitais do relacionamento social de grupos étnicos, principalmente quando imaginam que na conta está a identidade nacional, mesmo que esta seja mais teórica do que prática.

Pátria trata do movimento terrorista separatista do País Basco, uma região que cobre parte da Espanha e da França, que um quarto da população fala uma das mais antigas línguas do mundo e que se imaginava capaz de ser um país independente. Lugar pequeno, com língua esdrúxula, população de dois milhões, mas portador de um ego extraordinário, imaginando-se possuidor de importância. Se independente teria que competir com países vizinhos, na indústria, na educação, na saúde e em tudo aquilo que os identificava. Conseguiriam? Não. Contavam, claro, com uso pleno de enormes fundos da Comunidade Europeia. Ou seja, impostos pagos pelos alemães, franceses, ingleses, espanhóis e demais para que eles, os bascos, mantivessem sua identidade independente. Fantasia. Desvario socio-cultural. Impossível de justificar-se. Nem a eles mesmos o ETA [Movimento separatista] conseguiu captar a imaginação de toda a população. Apelaram, então, pelo recurso da milícias: ou você participa do nosso plano pagando uma mensalidade ao movimento separatista ou morre. Nenhum movimento de independência pode ter sucesso desta maneira. É preciso incendiar imaginações. É preciso oferecer realidade melhor do que a existente. Eles tampouco tiveram, desistindo oficialmente da separação em 2018.

Para mostrar o exagero miliciano do movimento separatista basco, Fernando Aramburu foca em duas famílias, cujas matriarcas eram as melhores amigas desde criança. Casaram-se, tiveram filhos. Cada qual cumpre seu destino: uma enriquece através do sucesso empresarial do marido, outra se dedica ao movimento separatista: são pobres e invejosos. As amigas se separam. Passam a se odiar. Quando o assassinato do empresário ocorre, a viúva encontra problemas ao voltar para o lugar em que moravam. É nesse ponto que encontramos pela primeira vez os principais personagens de Aramburu. A trama é envolvente. Com capítulos curtos vamos e voltamos no tempo cobrindo aquilo que foi acontecendo dramas físicos e emocionais dos personagens.

Mas, por mais que detalhes do dia a dia sejam retratados vemos que os personagens pensam sempre no passado, ninguém supera as maldades que sofreu ou que impôs aos outros. As família retratadas quase vivem em função uma da outra, alimentando o ódio assim como os habitantes da antiga Iugoslávia me pareceram fazer sobre acontecimentos enraizados há séculos nas aldeias do país. Ninguém consegue sair do passado. Ninguém consegue esquecer. Perdoar seria necessário para crescerem, para se livrarem. Resta saber se os personagens serão grandes bastante para fazê-lo.

No entanto, a leitura é dificultada por excesso de palavras em basco (realmente, precisamos de um dicionário no final de um romance?). É detalhada demais, o leitor atenta ao que pode ou não ser importante (se um vaso de planta é um gerânio, se as pedras de um bracelete são verdes) que podem ou não ser relevantes. Como tantos livros publicados nos últimos anos, faltou o trabalho de um bom editor que cortasse pelo menos umas cento e oitenta páginas dessa obra de mais de quinhentas. Não há necessidade disso tudo.

Fora isso é uma boa leitura. Não entendo o motivo de ter se tornado “leitura obrigatória da intelectualidade carioca”. Mas reconheço que em tempos de pandemia, todos com tempo de sobra, um livro com uma boa história, mesmo por demais longo, possa preencher as manhãs, tardes e noites de isolamento social. Aprende-se um bocado sobre o país basco, além das paixões humanas.
Patsy Z 21/08/2020minha estante
Vou me tornar redundante mas as melhores resenhas são suas. E olha essa bagagem cultural de ter vivenciado tanta experiência em outros locais. A avó do meu marido veio da Iugoslávia e a gente brinca que ninguém mais sabe onde fica isso. E afirmando esse ódio intrinsico, tenho um amigo muito querido que é alemão, e ele vem quase todo ano para o Brasil e sempre diz que aqui ele é bem vindo, que o mundo todo odeia alemão e no Brasil parece que não existe isso.


Ladyce 21/08/2020minha estante
Ah, Patsy, muito obrigada.




Paula 22/08/2021

Simplesmente incrível
Kaixo! Nunca havia lido algo sobre o País Basco. E que incrível! É uma história humana, mas que no contexto ali apresentado toma uma dimensão poética de sensibilidade única. O texto é uma arte em si. Não é simplesmente não linear. Ele é composto por um mosaico de narradores sobre fatos comuns ou não, e a grande arte é que em nenhum momento o leitor se perde. É inacreditável. O autor muda o narrador as vezes dentro de um mesmo parágrafo, dando um ritmo único para a leitura. A profundidade dos personagens é tbm um ponto crucial ao sucesso deste livro, que se tornou um favorito. Leiam! Leiam!
Carla Verçoza 23/08/2021minha estante
Fiquei mais interessada ainda!


Paula 23/08/2021minha estante
leia carla! eu gostei demais !!




Michele 13/09/2022

Impactante, imersivo e transformador
É possível sentir a carga dramática que essa história vai nos apresentar já desde as primeiras páginas, e ainda assim o resultado surpreende. Todas as personagens passam por grandes traumas, cada qual reagindo a eles a sua maneira, e isso é tão bem construído e explorado ao longo da narrativa que ela deixa marcas não apenas naqueles envolvidos diretamente com a trama, mas em todos nós também.

O autor define seu livro como "doses justas de literatura e verdade humana", e Pátria é bem isso mesmo: uma estrutura narrativa impecável e extremamente sincera, mais humana impossível.
Alê | @alexandrejjr 13/09/2022minha estante
Michele, indico fortemente a adaptação em série da HBO, que é muito bem realizada.




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