Helena 16/08/2020Saramago foi um gênio, e ninguém pode negarCom "As Intermitências da Morte", 6o livro de Saramago que li, ele continua cravando seu posto como meu escritor favorito. Esta obra configurou o primeiro lugar em minha predileção, ganhando dos clássicos, famosos e consagrados "Ensaio sobre a Cegueira", "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "Memorial do Convento". Por que demorei tanto para ler esse? Para quem nunca leu Saramago, comece por aqui!
Nesta obra, Saramago faz um estudo de sociedade: como nos comportaríamos caso ninguém mais morresse? Como seriam as estruturas sociais, como agiria a política, a economia, o sistema de saúde, a religião, a filosofia? Em uma país sem morte, o caos se instaura em todas as esferas! Saramago é genial e traz tudo de forma natural e convincente. Cada página é aflitiva, pois reconhecemos as possibilidades acontecendo exatamente como ele previu. O que seria macabro, Saramago transforma em humor e sarcasmo. Ele traz uma mistura de sentimentos pavorosos (mas muito jocosos!). Chega a nos fazer pensar, de fato, o quanto a humanidade precisa da morte para mantermos nossos equilíbrio como sociedade?
Esteja preparado (a) para uma mudança de tom e dinâmica a partir da segunda metade.
Ler uma obra dessa em tempos de pandemia é certamente provocativo. Oras, afinal, temos aqui uma realidade tão oposta daquela em que infelizmente estamos vivendo...
O que dizer do melhor escritor em língua portuguesa? Um mestre.