Lorran 28/06/2010WWW.SUBTITULO.COM.BRResenha publicada no blog Subtítulo - www.subtitulo.com.br
Quando falei aqui sobre Alice no País das Maravilhas, questionei sua complexidade e de como é difícil compreender a história por completo. Como já havia dito, o livro é muito bom. Faz uma crítica - através de uma visão infantil - do universo adulto e de seus modos aborrecidos e artificiais. Mas senti necessidade de procurar algo mais.
Encontrei algumas respostas no ótimo livro de Melanie Benjamin, Eu sou Alice. Trata-se de um romance baseado na biografia de Alice Liddell, a musa inspiradora de Charles Lutwidge Dodgson (Lewis Carroll) no livro que leva seu nome: Alice no País das Maravilhas.
O livro é narrado pela própria Alice e dividido em três fases: infância, adolescência/adulta e velhice. Acho que não preciso dizer que a primeira é a mais importante para entender a relação entre Alice e Dodgson. É de arrepiar a parte onde Dodgson conta a história que virá a se transformar no livro que conhecemos:
"Quem gostaria de ouvir uma história?" perguntou o Sr. Dodgson.[...]
"Eu! Eu!" Edith (irmã de alice) bateu palmas.[...]
"E você, Alice?" perguntou o Sr. Dodgson em voz baixa e gentil.
"Sim, por favor, conte-nos uma história", pedi.
E ele contou.
"Era uma vez uma menina chamada Alice." Foi assim que ele começou.
Preciso relembrar que o livro é apenas ficção, mas baseado na biografia de Alice Liddell, e que, de certa forma, nos proporciona um retrato da verdadeira Alice e de como sua amizade com Charles Dodgson inspirou o livro. Muitos dos fatos sobre a vida de Alice não são comprováveis, devido a falta de documentos - como o seu envolvimento com o príncipe Leopold, bastante explorado no romance.
Durante a maior parte de sua vida, Alice preferiu ficar à margem do sucesso do livro homônimo. Apenas no final de sua vida, quando precisou de dinheiro - após a morte de dois filhos na guerra e do marido, pouco tempo depois - e resolveu leiloar o manuscrito que o Charles Dodgson havia lhe dado é que resolveu assumir seu papel na criação do clássico.
Essa opção se explica devido ao fato de a família de Alice ter rompido com o Sr. Dodgson pouco tempo depois da criação do livro. O fatos não são claros, mas Melanie procura se apoiar no que há disponível sobre Alice e Lewis Carroll e, como romancista, dá uma floreada em tudo.
A Menina Cigana, como ficou conhecida a foto de Alice tirada por Lewis Carroll, quando a menina tinha apenas sete anos (mesma idade da garotinha que caiu no buraco do coelho) mostra uma menina com olhos de mulher. A menina que inspirou o autor.
É exatamente essa fase da vida de Alice que é explorada na primeira parte do livro, e que nos revela o espírito captado por Carroll para criar sua grande obra.
O livro é realmente muito bom e uma excelente oportunidade para conhecer melhor a trágica e maravilhosa experiência da mulher que inspirou Lewis Carroll.