Otávio - @vendavaldelivros 24/09/2020
“O problema de Eichmann era exatamente que muitos eram como ele, e muitos não eram nem pervertidos, nem sádicos, mas eram e ainda são terrivelmente normais”. Adolf Eichmann era o responsável pela logística da chamada Solução Final no regime nazista. Cabia a ele ordenar os trens e transportes dos judeus para os campos de concentração e extermínio. Adolf Eichmann nunca matou um judeu ou qualquer pessoa com suas próprias mãos. Nunca puxou o gatilho por conta própria, nunca ligou o gás em uma câmara. Adolf Eichmann, porém, era uma engrenagem importante na máquina de morte de Hitler, mesmo sendo uma pessoa absolutamente comum e “normal”. O julgamento de Eichmann em Jerusalém registrado pela filósofa Hanna Arendt traz questões essenciais para entender como holocausto da Segunda Guerra aconteceu. Como o povo alemão não enxergava o que estava acontecendo? Se enxergava, por que concordava? A análise concisa sobre o próprio julgamento demonstra como o fato, acontecido anos depois do julgamento de Nuremberg e, dessa vez, em uma nação judaica com juízes judeus, pode ser enxergado como uma vingança contra os nazistas, do que algo que simbolizasse os preceitos normais da justiça.
Mas, como julgar crimes que nunca haviam sido categorizados como crimes? Crimes contra a humanidade, crimes contra um povo e crimes de guerra são diferentes entre si, com complexidades que nunca haviam sido analisadas. E, no meio de tudo isso, estava Eichmann. Um funcionário medíocre, com ambições de crescimento profissional e deslumbrado por uma visão messiânica de Hitler.
É assustador pensar que existem até hoje milhões de Eichmann no mundo. Do nosso lado, no vizinho, na fila do supermercado. Pessoas “normais”, que acreditam em políticos totalitários e messiânicos e estão dispostos a fazer o que são ordenados, sem peso na própria consciência. Judeus ou “esquerdistas”, o que importa é seguir as ordens para transformar o país em uma potência. Deutschland Über Alles e Brasil Acima de tudo são cada vez mais próximos. Que evitemos novos Eichmann.
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