mead_s 23/05/2024
O Bem Amado
Para não deixar essa clássica obra brasileira passar em branco e nem permitir que meu cérebro apodreça em sua totalidade após tanto tempo sem redigir uma resenha, vamos a uma pequena (e péssima) crítica.
?O Bem Amado,? de Dias Gomes é uma peça teatral, a qual se adapta em filme e novela posteriormente, que leva profundas reflexões por meio da comicidade e da grande dinâmica de acontecimentos. De maneira sucinta, descrevo a peça como uma inteligente analogia a um Brasil corrupto, enfermo e tomado por políticos demagogos que abusam do poder e alienam o povo; esses levam cidades ao chão, ao caos, a desordem social. A história se passa em Sucupira, município que leva o nome de uma árvore?. Tal qual o nome do país.
A importância de Odorico Paraguaçu na formação cultural brasileira contemporânea é evidente, uma vez que, citado seu nome, memórias e reconhecimentos chovem. A construção do tão esperado cemitério (em vão), a preferência pelos mortos em relação aos que ainda respiram, as teias de mentiras infindáveis, os casos secretos e a inevitável queda do prefeito daquela cidadezinha do litoral baiano, são características que glorificam a obra no coração dos brasileiros.
Acrescento, outros personagens alegóricos a serem mencionados: o Vigário, um religioso corrompido, Neco Pedreira, jornalista e manipulador da verdade e Zeca Diabo, bandido, produto de seu meio que alcança certa redenção. O autor tem sacadas brilhantes durante a escrita e as personagens estereotipadas não poderiam representar mais a realidade do nosso país, infelizmente. É um texto para refletir, de maneira leve e natural: ?Rindo, criticam-se os costumes.?
Para finalizar a trama, um personagem tão emblemático em vida, eterniza a imagem desse sujo e farsante Brasil. ???Só tu, Odorico, mais ninguém, podias merecer a subida honra de inaugurar este campo-santo, que foi a grande obra do seu governo, grande sonho de sua vida, afinal realizado! Adeus, Odorico, o Gran-de, o Pacificador, o Desbravador, o Honesto, o Bravo, o Leal, o Magnífico, o Bem-Amado...?