Jon O'Brien 31/10/2017
Ah, Coben...
Eu tinha muita vontade de ler algo do Harlan Coben, porque a maior parte dos comentários que via sobre seus livros era positiva. Eu poderia dizer que não sei o que deu em mim para dar a primeira 1 estrela como avaliação para uma obra aclamada pelos leitores, mas eu sei, sim, e VOU CONTAR A TODO MUNDO sobre como esse livro foi, para mim, uma absoluta perda de tempo.
O livro conta a história do pediatra David Beck que, oito anos atrás, foi atacado junto com sua esposa, onde ele foi acertado por um bastão de beisebol enquanto sua esposa foi raptada e assassinada depois. O assassino de Elizabeth foi preso, mas o caso volta à tona quando dois homens são encontrados nas proximidades do lago Charmaine, o lago onde David Beck caiu, e junto com eles é encontrado o taco de beisebol que supostamente nocauteou David. Ao mesmo tempo, David passa a receber e-mails anônimos que parecem ser enviados por sua esposa, então várias perguntas surgem na sua cabeça, como o que aconteceu oito anos atrás e se Elizabeth realmente está morta.
Apesar de esse livro ser o queridinho do público, minha opinião sobre ele oscilou bastante ao longo da leitura, mas chegou num momento em que foi despencando ladeira abaixo. O começo do livro deveria ser um tiro, mas para mim foi um tiro de silenciador que não me acertou. Não senti absolutamente nada. Acho que sou muito mais ligado ao que a pessoa sentiu do que o que aconteceu, e o começo, mesmo tenso, não me provocou nenhuma reação.
Desde as primeiras 20 páginas, percebi que Harlan Coben escreve de uma forma muito sensacionalista, para chamar a atenção, abusando de frases de efeito e expressões que as pessoas querem ouvir. Confirmei essa “impressão” conforme continuei o livro. O mistério surgiu rapidamente e confesso que me senti bastante atraído, mas a história, apesar de ter muito movimento, deu-me a impressão de não sair do lugar. Por causa disso, em vez de querer terminar o livro logo para saber o final, queria terminar logo porque eu estava com muita raiva.
Harlan Coben abusou do tipo de drama que eu não gosto. Aquele meloso e sem base, que não te convence. Senti-me enganado durante toda a leitura, e a sensação de perda de tempo apenas se intensificou. Chegou um momento em que, apesar de todos esses pontos, dei a nota 5, porque o suspense estava arrebatador. Apesar do fiasco do começo, consegui sentir algo pelo meio. Minha paixão pelo livro continuou até a metade, quando a nota desceu um pouco. O ar de sensacionalismo já não era um ar, mas uma coisa muito mais intensificada que isso. Um VENDAVAAAAAAL! Eu senti como se estivesse em um filme, ou melhor, como se o David tivesse em um filme, porque eu não me senti parte da história. Parecia tão, tão surreal que os acontecimentos não me surpreenderam. Eu ficava pensando “Isso aconteceria em um filme da Tela Quente, mas não aconteceria em um livro que preza pelo realismo”. Depois de ler uma Gillian Flynn ou Lionel Shriver, Harlan Coben é… bem, já sabe. Não sei se foi assim em toda a história, mas o autor apresentou muitos pontos que realmente existem. Eu pesquisei alguns deles e as descrições batem. Entretanto, no livro era como se tudo fosse inventado, porque se o suspense do livro não consegue se adequar à realidade, isso afeta todo o resto. O livro parecia a pura mentira, tanto que eu fiquei pensando que qualquer coisa poderia acontecer.
E o excesso de reviravoltas mirabolantes, então? Eu senti a história girando mas não parando em lugar nenhum. Todos esses pontos citados contribuíram para que eu não esperasse mais nada da história — coisa que nunca aconteceu comigo — e só não desistisse do livro porque não queria falar que abandonei ou que as pessoas dissessem que eu não gostei porque não li até o final. Mas eu li até o final, e ele foi horrível. Eu já esperava isso desde o começo. A impressão que me deu foi que o autor queria terminar logo porque nem ele mesmo estava gostando do que escrevia.
Pelo visto, Harlan Coben é aquele tipo de autor genérico, que escreve um livro por ano e todos são sucessos, porque ele escreve principalmente para a maior parte de leitores de suspense, que gosta desse amontoado de reviravoltas e dessa sensação de “Ei, família, vem cá, vai começar a Tela Quente, com muuuuuuuitas explosões”. Já imagino — não sou de julgar, mas vamos lá — que os outros livros dele não serão tão diferentes e vai chegar um momento — se eu continuar lendo os livros dele — em que eu vou pensar: “Eita, já li isso antes. No próprio Harlan Coben.”
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