Gramatura Alta 28/08/2019
http://gramaturaalta.com.br/2019/08/28/palmares-de-zumbi-12-fatos-historicos/
Leonardo Chalub é mineiro de Belo Horizonte, apaixonado por capoeira e pela história da vida de Zumbi dos Palmares, o maior líder negro do Brasil, cuja vida é rodeada de lendas e verdades. Em sua novela, PALMARES DE ZUMBI, através de uma narrativa ágil e uma linguagem simples, Chalub conta a vida de Zumbi desde a época em que era coroinha, até sua ascenção a líder do maior quilombo que já existiu.
Entretanto, ele utiliza algumas liberdades narrativas e modifica alguns poucos acontecimentos como forma de romantizar a história, mas sem nunca desrespeitar a verdade. E por verdade, coloco abaixo 12 fatos que estão em PALMARES DE ZUMBI, e aponto quais as diferenças, se existirem diferenças.
UM: Quilombos eram locais de refúgio dos africanos e afrodescendentes escravizados no Brasil colônia por volta do ano de 1740, e Palmares foi o maior e mais famoso. Localizava-se na Serra da Barriga, na então Capitania de Pernambuco, região, hoje, pertencente ao município de União de Palmares, em Alagoas;
DOIS: O governo português considerava “quilombo” qualquer agrupamento de mais de 6 escravos fugitivos, vivendo juntos e ao revés da lei. Os moradores do quilombo eram chamados quilombolas. A palavra vem do tupi “canhambora“, que quer dizer “aquele que costuma fugir“;
TRÊS: A população total dos Palmares chegou a atingir a marca de 20 mil habitantes, o que representava 15% da população do Brasil. Além de negros escravos, lá viviam também índios e brancos pobres, dispostos nas várias aldeias, chamadas de “mocambos“, esconderijo no dialeto banto falado pelos escravos;
QUATRO: Quilombo dos Palmares resistiu por mais de um século, o seu mito transformou-se em moderno símbolo da resistência do africano à escravatura;
CINCO: Zumbi nasceu em 1655, na Serra da Barriga, em Alagoas. Foi aprisionado pela expedição de Brás da Rocha Cardoso e entregue aos cuidados do Padre Antônio Melo, em Porto Calvo, quando ainda tinha cerca de seis anos;
SEIS: O nome verdadeiro de Zumbi era Francisco, batizado pelo Padre Antônio, foi coroinha e aprendeu a ler e a escrever, inclusive em latim;
SETE: A palavra Zumbi, ou Zambi, vem do termo zumbe, do idioma africano quimbundo, e significa fantasma, espectro, alma de pessoa falecida. Após fugir e passar por algumas senzalas, devido à sua perspicácia em passar despercebido, ganhou o nome de Zumbi;
OITO: Zumbi era sobrinho de Ganga Zumba, líder do Quilombo de Palmares, que por sua vez, era filho da princesa Aqualtune dos Jagas, um povo de tradições militares com ótimos guerreiros;
NOVE: Dandara foi esposa de Zumbi, com quem teve três filhos, e foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata. Não há registros do local do seu nascimento, tampouco da sua ascendência africana. Ela aprendeu a lutar capoeira, empunhar armas e, quando adulta, a liderar as falanges femininas do exército de Zumbi. Em PALMARES DE ZUMBI, o romance de Dandara é apenas mencionado. Existe um capítulo que narra a vida de Dandara e de como ela se tornou representante das mulheres dentro do Quilombo.
DEZ: Em 1678, Ganga Zumba fez um acordo com o governo da Província de Pernambuco. As autoridades prometeram libertar todos os negros nascidos no quilombo e dar terras no vale do Curcaú (Pernambuco), caso o quilombo fosse desfeito. Zumbi não concordou com os termos, porque ele não contemplava os escravos fugidos, e resolveu permanecer no reduto. Ganga Zumba, que fugiu para Curcaú, acabou sendo assassinado. Zumbi então assumiu o comando de Palmares, aos 25 anos. Em PALMARES DE ZUMBI, a traição acontece ainda diante do governador, onde, após uma sangrenta luta, tanto o governador como Ganga, morrem;
ONZE: Na condição de líder, Dandara chegou a questionar os termos do tratado de paz assinado por Ganga-Zumba e pelo governo português. Posicionando-se contra o tratado, opôs-se a Ganga-Zumba, ao lado de Zumbi. Após ser presa, jogou-se de uma pedreira ao abismo para não retornar à condição de escrava;
DOZE: Em 1692, um ataque, comandado pelo bandeirante paulista Domingo Jorge Velho, iniciou o fim da resistência dos Palmares. Sitiado, o quilombo caiu em fevereiro de 1694, com a invasão da Aldeia do Macaco. Zumbi conseguiu fugir, passando o ano seguinte na mata, atacando aldeias portuguesas. Em novembro de 1695, um antigo companheiro de Zumbi, chamado Antonio Soares, delatou a localização do esconderijo do líder negro. No dia 20 de novembro de 1695, ele foi localizado, preso, morto e esquartejado pelos tropas portuguesas. Sua cabeça foi levada para Olinda e exposta publicamente. Em PALMARES DE ZUMBI, a história termina de uma forma diferente, que, claro, não vou contar aqui, mas é muito mais otimista.
A vida de Zumbi é incrível, independentemente do que é verdade e do que são lendas. PALMARES DE ZUMBI é uma leitura emocionante, com uma ação constante, que acompanha um herói que representa todo um povo que foi torturado por séculos, e que ainda luta por igualdade e por respeito.
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