Luccubus 12/03/2024
Esse livro deveria ter sido a metade do que foi, mas a Stephenie definitivamente não consegue se conter em não fazer cenas de ação exageradas. A partir do momento em que Bella se torna a figura poderosa do assassino misericordioso, uma redenção de sua vida pacata, em que sim, poderia ter sido uma humana boa, mas nunca teria a capacidade de fazer o mal, então seria ela realmente boa ou apenas inofensiva? Aqui ela toma a sua fantasia total de poder. Pode ser uma assassina, a criatura mais legal de todas, com o maior poder, com a percepção mais aguçada e isso a redime em seu senso de eu desvalorizado em uma mulher segura, perfeita, linda, muito maior que os outros, mas igual aos que ela considera como dignos.
Mesmo que esse livro seja o que eu mais odeio em sua história linear e por fora, vista através dos filmes, pelo conteúdo certamente pró-vida, e que dá desculpas pra uma representação de violência doméstica, ao gromming e pedofilia do imprint de Jacob (só porque de qualquer forma ele precisava ser feliz e todas as peças tinham que se encaixar, porque nesse mundo realmente existem almas gêmeas e não pode haver dúvidas quanto a isso, e também a partir do momento da transformação ela nunca mais sentiu nada sexual ou de necessidade física por ele, por que se tornou mais poderosa que ele talvez?? É uma fraqueza humana a carência e o desamparo?), eu ainda me maravilhei pela forma como tudo é escrito e desenvolvido. É incrível ver pela perspectiva do Jacob todos os acontecimentos da gravidez perturbada, o sangue, a tristeza, a tragédia inevitável, o amor inconsumável, embora essa seja só uma parte do livro. É lindo porque se reflete num mistério da gravidez como sacrifício, como penitência imoladora, em Bella como uma salvadora e sua vida após a morte ser uma recompensa por sua provação.
Mas o livro ainda precisava ser dividido ao meio porque toda a cena de ação e perigo de os volturi virem puni-los pela existência de uma criança imortal é uma história apartada da inicial: o romance perfeito e a conclusão da realização do poder; como bella disse o fio da sua vida tecido pelas parcas deixando de ser um bege e se tornando um carmesim vivo. O amor como símbolo do poder feminino, da possessão da carne como última transformação.
E mesmo que a batalha com os Volturi, ou não-batalha, fosse a derradeira probação de seu poder, isso era uma história além. Mas eu sei que se a Stephenie dividisse ela do conteúdo final do romance em que Bella finalmente se tornasse vampira e fosse a vampira perfeita com toda a força sobre seus impulsos animalescos, ninguém ia querer ler um desfecho posterior à conclusão erótica. Ela morreu e voltou dos mortos, passou em todos os testes de Afrodite e está pronta para se unir com Eros, Edward, sem a divisão dos dois não há mais história, e a única história além seria sua morte improvável, ou a ascenção as constelações.