Moonpierre 19/12/2017
"Eu penso em Dean Moriarty"
Peguei esse livro na biblioteca, e como é bom esses espaços existirem, caso contrário, acho que nunca compraria esse livro.
Afinal, eu não sabia se eu iria gostar desse tipo de gênero ou não.
O livro tem muita road-trip (viagem pelas estradas, ou no caso, várias viagens por várias estradas).
Começa com Dean Moriarty pedindo a Sal Paradise para ensiná-lo a escrever, Dean era um "jovem-problema" que passou algum tempo no reformatório condenado por roubo de carros. Desde então, os dois ficaram amigos, e é por meio dessa amizade que acontecem as aventuras de Sal.
O texto é baseado na vida do escritor (que só alterou os nomes, o dele, por exemplo, é Sal Paradise), em primeira pessoa, sem muitos parágrafos, bem frenético, sem muitas pausas. Toda hora acontece algo novo, mas há descrições de alguns lugares pelos quais eles passam.
O livro foi editado várias vezes, e sofreu ajustes por causa da censura (em inglês) da editora naquela época: falava-se de maconha, homossexualidade, sexo, etc. Ainda há um pouco disso, mesmo assim, muito do anterior foi perdido! O que é uma pena, visto que os personagens me cativaram e me fizeram ter vontade de conhecê-los mais profundamente.
Sal Paradise era bem obcecado pelo Dean, essa foi minha impressão ao final da leitura. Por quê? Eu me questionei. O que o fazia defender Dean a qualquer custo, mesmo se ele estivesse errado? O que o fazia passar a mão na cabeça de Dean quando esse fazia suas burradas? O que o fazia cruzar o país por ele? Tudo era só amizade mesmo? Ou havia algo ali que não se podia dizer? Essas foram algumas das minhas questões finais.
Neal Cassady (o Dean real da história) era bissexual, mesmo isso não sendo falado no livro. Veja as cartas (em inglês) que enviava para Allen Ginsberg, esse último personagem também aparece no livro, sob o nome de Carlo Marx.
No caso, minhas impressões de leitura é que o livro tem toques cômicos, e, como é uma história real é como se estivéssemos vivendo essa história. Às vezes era um pouco cansativo (a descrição de lugares que não conheço, e as conversas malucas), mesmo assim, tenho a sensação que valeu muito a pena lê-lo! E aquele final... tão lindo, tão poético (leia para saber, e depois, discuta comigo, por favor!). Não o leia esperando ser um filme de Hollywood, leia-o para descobrir aventuras reais, com suas amarguras e felicidades, para ver as pequenas coisas que acontecem com eles.
Frases que mais gostei:
"[...] Gosto de muitas coisas ao mesmo tempo e me confundo inteiro e fico todo enrolado correndo de um destino falido para outro até desistir. Assim é a noite, e é isso o que ela faz com você, eu não tinha nada a oferecer a ninguém, a não ser minha própria confusão"
"A única coisa pela qual ansiamos em nossos dias de vida, o que nos faz gemer e suspirar e nos submetermos a todos os tipos de dóceis náuseas, é a lembrança de uma alegria perdida que provavelmente fora experimentada no útero e que somente poderá ser reproduzida (apesar de odiarmos admitir isso) na morte. Mas quem quer morrer?"
"[...] Para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações... [...]"
"O anonimato no mundo dos homens é melhor do que a fama no céu, porque... o que é o céu, no fim das contas? E a terra, o que é? Ilusões, apenas ilusões".
site: http://lendoparaescrever.blogspot.com.br/2017/12/on-road-do-jack-kerouac.html