O resenheiro 08/01/2022
Aprendendo com o adeus ao ano novo...
Literatura é isso. Uma nova descoberta em cada livro. Desta vez, descobri como foi a vida de Marcelo Rubens Paiva antes, no dia e durante todo o processo de aceitação de sua nova condição de vida após a trágica pulada em um lago raso, quebrando uma de suas vértebras da cervical.
O seu jeito de contar histórias é leve e agradável, considerando um assunto que pode causar um certo medo de se familiarizar, simplesmente por querermos distância daquilo que não nos pertence ou do que fugiriamos a qualquer preço.
Achei importantíssimo lermos a respeito de pessoas normais como Marcelo que, diga-se de passagem, popular como era aos vinte anos e órfão de pai assassinado durante a ditadura está longe de ser normal, tornaram-se deficientes, paraplégicas ou tetraplégicas.
Além de ser super informativo sobre este assunto que muitas vezes nem queremos ouvir a respeito, por medo, preconceito ou seja lá o que for, Marcelo consegue trazer todo aquele lado de sua juventude até os primeiros anos de faculdade, em uma linguagem coloquial deliciosa de se ler.
Fatos como o que ocorreram com sua família duranta a ditadura dão aquela pitada boa de pimenta que pode deixar alguns vermelhos de raiva e outros nem tanto assim. Mostra um pouco do que foi essa barbaridade que muitos ainda pensam ser uma boa alternativa de vida.
Enfim, um livro interessantíssimo de se ler, onde podemos aprender mais sobre o que foi viver na década de 70 no Brasil, mais especificamente em São Paulo e Campinas, seja no campus da Unicamp, dentro da sala de UTI, ou no apartamento de Marcelo após sua fatídica pulada no lago onde não descobriu tesouro nenhum, mas uma nova vida que teria de encarar dali em diante...