Rub.88 26/11/2017SanturiA curta existência humana vivenciada completamente. Solta das amarras sociais e religiosas. Ser, apesar e por causa de tudo que é. Poucos arrependimentos e muitas alegrias. Aproveitar o agora intensivamente. Planejar se preciso for, mas não se demorar muito na teoria. Praticar, errar, fazer de novo, aproveitar. Usufruir o que é bom e despreza o duvidoso, o complicado. Simples é comer, beber e amar. Ver o mundo com cores vivas, cheirar o odor das estações no vento, sentir as diferentes composições do solo com a sola do pé. Existir sem racionalizar a cada passo.
Ao escrever o romance Zorba, o Grego, Nikos Kazantzakis usou de base à vida de um amigo que conheceu num monastério na Montanha Sagrada, que fica no nordeste da Grécia.
Um intelectual com a mente mergulhada na filosofia budista esta de partida para Creta. Vai investir em minas de lenhite, que uma espécie de carvão mineral de baixo poder calórico. Num bar, esperando o barco, é abordado pelo personagem titulo da estória. Um homem que viveu todos os dias dos seus mais de 60 anos. O intelectual, que sente falta de um amigo, aceita que o velho vá com ele mesmo não tendo nenhuma habilidade especial além de fazer sopa de peixe e tocar santuri, um instrumento de cordas estranho.
Na temporada que passam juntos na praia cretense, Zorba vai contando sua vida e filosofia, que constitui simplesmente de viver enquanto está vivo. Trabalhe quando tiver trabalho. Durma com as mulheres, coitadinhas, que quiserem dormi com você. Encha a barriga de carneiro e de vinho. Não pense muito em Deus, no Diabo e nos seus intermediários. Cada pessoa tem o seu demônio interno que merecem mais atenção. Ter pensamentos grandes distrai do que esta na frente dos olhos. O mar não precisa de explicação. O céu não precisa ser decifrado. O chão não se importa em lhe carregar. A humanidade é um animal que vive livre nos campos do Nosso Senhor. Se existe algo ou alguém anotando tudo que cada um faz é melhor lhe dar assunto para encher a linhas do livro da vida. Senão o todo poderoso pode na cair ociosidade divina e no desinteresse por nos criaturas de barro e desejos...
Nikos Kazantzakis viveu mais no estrangeiro do que no seu próprio país. Morou e visitou França, Alemanha, Itália, Rússia, Espanha, Chipre, Egito, na antiga Checoslováquia, China e Japão. O homem peregrinou pelo mundo tentando aplacar a angustia e inquietação que sentia no espirito. Morreu no final de 1957 e no seu tumulo esta escrito:
“Não espero nada. Não temo nada. Estou livre."