Pudima 04/02/2017Precisamos falar sobre Aléxis Zorbás.Uau. Que livro! Mexe conosco mas, talvez, o que mais tenha me incomodado foi o comentário de alguns leitores.
Sim, é um livro machista. Sim, muitas vezes menospreza as mulheres. Mas, como disseram alguns leitores: entendam o contexto histórico em que o livro estava inserido.
Querendo ou não, muitas vezes me identifiquei com os personagens do livro, e percebi que esse machismo expressado com tanta revolta nas redes sociais está em mim também.
Sou a viúva que, carente, caiu nos encantos de algum homem. A mulher que, sem querer, encanta e é encantada. Que cede, que lamenta, que fantasia.
Sou o povo, que já julgou uma mulher que estava passando na rua, sem mesmo conhecê-la.
Já fui aquela que passou na rua e foi julgada. Já fui traída, e mesmo assim culpei a amante, e não o companheiro. Já fui aquela que defendeu e acobertou homens, a que já se sentiu "menos" por ser mulher. E, ainda que me policiando, ainda me flagro pensando "tinha que ser mulher!" quando vejo alguém fazendo "barbeiragem" no trânsito, mesmo sendo mulher E motorista.
Sim, o livro é machista. Sim, o machismo da década de 40, na Grécia, era revoltante. Mas vocês já pararam pra pensar no machismo de 2017, no Brasil?
Julguemos menos e aprendemos a apreciar uma boa leitura. Esse livro é incrível! Uma pena que, dos tantos personagens que eu fui, só não fui Aléxis Zorbás. Quem dera ser mais corajosa, mais impulsiva e aproveitar a vida de forma plena. Quem dera me desligar dos problemas e aproveitar 100% todos os momentos que vivo. Quem dera abrir os olhos e todos os dias descobrir tudo como se fosse a primeira vez. Quem dera ser um pouco "Zorbás"!
O "deusdemo" que habita em mim saúda o "deusdemo" que habita em você!