fernandaugusta 06/11/2022Os Catadores de Conchas - @sabe.aquele.livroQuando a conhecemos, Penelope Keeling está com 64 anos e vive em uma linda casa, nos arredores de Londres. Lá cultiva flores e amizades. Tem três filhos, Nancy, Olivia e Noel. Está se recuperando de um ataque cardíaco, que definiu como "uma bobagem", pois sempre foi uma mulher forte e saudável.
Com o decorrer da história, vamos entrando nas memórias de Penelope desde sua juventude. Memórias estas que estão intimamente ligadas com a obra do pintor Lawrence Stern, seu pai, que lhe deixou um quadro e painéis inacabados que Penelope conserva com amor. O quadro, intitulado "Os Catadores de Conchas", mostra uma cena ao ar livre em uma praia da Cornualha, onde Penelope viveu durante a Segunda Guerra junto com a família.
Entremeando passado e presente, vamos conhecer todos os personagens que formam a intrincada rede de lembranças de Penelope e os filhos desta mulher marcante. Filhos estes agora adultos e muito ciosos do valor que a obra do avô está alcançando nos leilões, e que vão infernizar a vida da mãe para que ela os venda. De ambientação magnífica e enredo viciante, fazia tempo que não me envolvia em uma saga familiar como "Os Catadores de Conchas", que vem detalhadamente mostrando o efeitos dos anos, das escolhas, da guerra, dos sonhos perdidos e dos realizados na vida de todos os personagens.
Personagens que aliás são extremamente reais em seu poder de encantar e de causar ódio. Penélope, Lawrence, Richard e Olivia ganharam meu coração. Ambrose (o marido), Nancy e Noel me fizeram passar raiva em suas passagens, com sua ambição desmedida e índole duvidosa. O grande momento deste livro, para mim, foi o surgimento de Richard. Ali me alegrei e depois sofri e chorei litros com o desfecho dele na história (não posso dar mais detalhes por motivo de spoiler, é o melhor arco do livro).
A escrita de Rosamunde é bem detalhada e descritiva, mas os cenários são evocados com tanto esmero que, a meu ver, não ficou pesado ou enfadonho, mas teve um efeito imersivo mesmo. Consegui imaginar vivamente as casas e principalmente as passagens na Cornualha. É uma narrativa bem convencional, no estilo novelão. Apesar de se passar em 1984 como "tempos atuais", a história não ficou vencida, e em momento algum percebi inadequação de fala ou contexto para estes mais de 30 anos, algo notável.
Esta foi uma dica de várias seguidoras do IG em várias caixinhas! Agora já quero ler outros livros da autora ("O Regresso" foi outro muito citado), que pelo jeito vai se tornar presença frequente nas minhas indicações.