Carol 27/05/2011
Todo livro com final feliz, quando eu chego no ponto final dou aquele suspiro e digo:
- Que lindo os dois!
E tenho a sensação de paz, de dever cumprido, porém, isso jamais acontece nos livros Marian Keyes, pois sinto uma perda enorme ao chegar nesse ponto final, é como se algo estivesse faltando nos meus dias e que me completasse por inteiro.
Sushi, chegou para nos presentear com 3 personagens distintos a beira de um colapso nervoso.
Lisa, redatora chefe da revista Femme, trabalha em Londres e não vê a hora de ser promovida a diretora de uma badalada revista e morar em Nova Iorque, onde tudo acontece, porém para sua infelicidade sua promoção chega, mas não como o seu desejo, é promovida a diretora de uma nova revista em Dublin, Garota.
Sem nada a perder (a não ser seu lindo apartamento) assume esse desafio e se muda para Dublin, recebendo o mesmo salário e com uma verba baixíssima para fazer de Garota a melhor revista feminina de Dublin, porém sua enorme competência e seus fiéis e escravos escudeiros, fazem o impossível para Garota ser uma revista de sucesso e aclamada pelo showbusiness.
Recém separada, porém ainda não divorciada, passa da fase da humilhação de ter sido abandonada para a fase do flerte com o chefe, ou com qualquer outro bom pedaço de mal caminho que pudesse alimentar o ego ferido. Em uma hilariante narração, seus pensamentos e dilemas são dignos de uma mulher poderosa, que brilha e emana purpurina e virada de pescoço por onde passa.
Seu momento de Colapso Nervoso chega quando se dá conta que seu divórcio está para sair e que jamais irá sentir o cheiro de Oliver novamente, afinal porque inventou a história que queria ser mãe e no fundo abominava a ideia? Com isso estragou 4 anos de relacionamento fantástico!
Ashiling, recém demitida da revista Cantinho da Mulher devido a uma matéria inventada ao qual foi processada por ter manchado o sofá de uma leitora por sua mirabolante invenção, está em busca de novos desafios e vê em Garota sua chance para brilhar.
Muito supersticiosa, não sai de casa sem ler o horóscopo, jogar tarô e esfregar o Buda da sorte, recebe o apelido de Jack, seu novo chefe, de Garota Quebra Galho, pois nela sempre tem um Band Aid sobrando, um elixir, uma caneta e um conselho para quem precisar. Redatora chefe de Garota, faz o impossível para ter ideias mirabolantes e esfregar a sua capacidade de criação na cara de Lisa, a qual nutre uma antipatia mútua.
Relacionamentos frustrantes marcam a sua trajetória no livro, em um misto de sensibilidade, compaixão pelos sem tetos e momentos de depressão, Marian Keyes nos presenteia com a melhor personagem do livro, na minha opinião. (Abro um parênteses enorme para Boo e Trix, personagens brilhantes).
Seu momento de Colapso Nervoso chega quando descobre que seu namorado Marcus Valentine, comediante altamente carente, está de caso com a sua melhor amiga Clodagh, a qual pela 2° vez rouba um namorado seu.
Clodagh, esposa de Dylan (1° namorado roubado de Ashling), mãe de dois filhos lindos e saudáveis, tem a vida que toda a mulher sonha, uma casa linda, um marido bem sucedido profissionalmente, financeiramente e com uma beleza fora do comum, porém se vê entediada olhando para as roupas novas que nunca mais teve onde colocar, olhando para as festas ao redor onde nunca mais pôde comparecer e vendo sua vida perder o brilho dia após dia, afinal tem 2 filhos e nunca sai de casa.
Sua válvula de escape está em reformar um ambiente, trocar uma cortina, um revestimento novo para a cozinha, e mesmo assim se sente sufocada pelos afazeres domésticos, ou melhor, por tentar fazer Molly comer seu macarrão instantâneo e Craig sobreviver a um banho.
Dylan muito preocupado com o comportamento sem paciência de sua mulher, pede ajuda a Ashiling, para tentar levantar o astral de Clodagh. Sendo assim, Clodagh, sai em companhia de Ashiling para os bares da vida, onde se depara com a vontade de viver novamente, com o seu brilho há muito tempo perdido e toda a sua vontade de sair conquistando corações alheios.
Traições, marcam o Colapso Nervoso de Clodagh. Uma após a outra, embarca em um mundo perigoso ao colocar homens embaixo do seu teto e na cama de seu marido, enquanto este trabalha. É pega no flagra e joga a sua vidinha perfeita para o alto, sem nem um, nem outro, e sem a sua melhor amiga que não a perdoa, muda-se para uma casa menor e paga todos os seus pecados de traidora.
E finalmente Jack Devine, diretor da empresa, responsável pelo canal de TV e pela revista Garota, que por trás de suas atribulações profissionais tem um ótimo jeito com as mãos (sendo consertando um timer do aquecedor, sendo lavando os cabelos de Ashing) e um puro coração. Inicia em um relacionamento com Mai, onde bate-bocas, bate-portas e bate sei-lá-mais-o-que marcam essa trajetória que tem fim, para os sonhadores corações esperançosos de suas funcionárias/fã clube.
Em uma troca de experiências promete ensinar Ashiling a apreciar um sushi em troca de receber aulas de salsa, embalam o início de um doce romance.
Por mais uma vez, Marian Keyes com o seu brilhante talento para escrever sobre o comportamento humano na mais nua e crua realidade do dia-a-dia, conseguiu alcançar risadas espontâneas e reconhecimento de pensamentos, cotidiano, atitudes e personalidades, cansei de me pegar pensando: Eu também penso assim! Livro para mil estrelas.