Felipe 17/04/2023
Li sem esperar nada e me surpreendi bastante.
É indiscutível que a figura enigmática de Cthulhu se tornou parte do mundo pop e da cultura de terror cósmico, alienígenas e seres sobrenaturais. Lembro se ver um episódio de “Love, Death + Robots” e uma criatura muito similar ao Cthulhu aparecer em um episódio da terceira temporada, causando um terror nos personagens. Mas, após alguns meses ou até anos, nunca li nada sobre H.P.Lovecraft e a origem de sua maior criação: o Cthulhu.
Pois bem, o fato é que comprei um box de contos de Lovecraft da editora Chronos e comecei a ler, nunca me aventurando muito em contos de terror, literatura mais sombria e etc. E logo de cara, comecei pelo livro que acompanhava o conto de Cthulhu e outros contos, alguns explorando também criaturas cósmicas como o conto de Dagon. E não é que gostei bastante? A construção de enredo de Lovecraft segue um ritmo quase similar em vários contos: um personagem em questão acaba descobrindo acontecimentos sobrenaturais e sai em busca de pistas, documentos ou testemunhas que possam provar a existência desse evento. O conto de Cthulhu começa com esse enrendo, sendo um jovem indo investigar sobre a pesquisa de seu parente falecido, achando as evidências de uma seita ou até mesmo pessoas que tiveram um encontro com o próprio Cthulhu.
Agora um fato bem bacana desse primeiro livro de contos da editora Chronos, é que eu gostei de TODOS os contos. O conto “A música de Erich Zann” é o mais confuso e o mais simples de todo o compilado de contos, mas a sua construção como um todo não é péssima. Logo em seguida, temos “Dagon” que narra a história do Deus-peixe e de um pescador que encontrou essa criatura. Dai se segue o conto “Os Gatos de Ulthar” que é bem macabro e sobrenatural, sendo quase um dos melhores depois do livro. Entretanto, os dois últimos contos “A verdade sobre o falecido Arthur Jermyn e sua família” e “A Casa Abandonada” são o meu top 3 ao lado de “O Chamado de Cthulhu”. A construção da narrativa, o enredo, os personagens e o plot twist de cada um dos contos é sensacional, valeu muito a pena.
Porém, nem tudo são flores. Não pode falar de Lovecraft sem ressaltar que, em alguns pontos do livro, podendo até passar batido ou despercebido, ele usa termos xenofóbicos na forma de se referir a povos de diversas etnias, o que hoje em dia não seria adequado. A escrita e os contos são da década de 20 a 30, então muitos temos não são adequados aos dias de hoje. Alguns eu devo ter passado na leitura sem reparar, no entanto outros são bem nítidos. Fora que, em alguns casos, ele põe alguns povos como o “vilão” ou líder dessas seitas, algo que fica mais nítidos nos contos dos próximos livros do box.