Minha Velha Estante 11/03/2021Marlon, negro, 16 anos, perdeu o pai muito cedo e é irmão de André, que tem várias passagens pela polícia, com um histórico de violência e envolvimento com drogas e gangues além de sequelas de um terrível acidente de carro.
Totalmente diferente de André, Marlon é o nerd da família, adora ler e ouvir jazz, é o filho que só traz alegria, caseiro e focado nos estudos, sua intenção é seguir uma vida totalmente diferente da do irmão. Sempre foi o ponto de apoio da mãe nos momentos mais difíceis e sua esperança de uma vida melhor.
Mas tudo muda quando Marlon vai ao parque com Sonya, a garota descolada que jamais deveria sair com um cara como ele. Induzido por ela, Marlon usa drogas e com os seus sentidos alterados não conseguem perceber que, misteriosamente, Sonya morre ao seu lado no túnel fantasma. Como se isso não fosse suficiente, a polícia encontra as drogas que eram de Sonya com Marlon.
“Todo mundo conhecia a história que eles queriam ouvir. E não era a minha.”
Assim, a promessa que Marlon fez a mãe de que se manteria longe de problemas, vai por água abaixo e parece que Jenny, sua mãe, vai viver o mesmo dilema que viveu quando André virou líder de gangue.
Mas Marlon vive em um mundo racista, onde um garoto negro nunca deveria estar com uma garota branca. E se tem drogas no meio, ele deve ser o traficante dela. Se ele é irmão de um ex-líder de gangue envolvido com o tráfico, com certeza, herdou o negócio do irmão.
Não posso deixar de falar de Tish, melhor amiga e sempre companheira de Marlon, que mostra para o leitor a imensa importância de se ter um verdadeiro amigo ao seu lado nos momentos difíceis. E de Jenny, mãe de Marlon, que está o tempo todo ao lado do filho por confiar plenamente nela, ou seja, a mãe que todo adolescente gostaria de ter.
Essa história é extremamente forte, real, chegando a ser cruel principalmente para quem não conhece a realidade de violência do povo negro ao redor do mundo. Para suavizar essa dura realidade, a autora insere muitas cores e músicas ao longo da história.
Patrick Lawrence mostra, sem rodeios, como um jovem negro pode ser tratado pela polícia, como ele é considerado culpado mesmo antes de ser ouvido, e como a cor de sua pele pode ser fator determinante para definir se você é culpado ou não.
Cores vivas também fala sobre como você herda os problemas que as pessoas próximas a você cria, sobre como você é considerado responsável por algo que outra pessoa faça só por ser da mesma família e, principalmente, sobre o quanto é difícil ser negro em qualquer lugar do mundo quando você não quer fazer parte das estatísticas ruins.
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