Bela 28/06/2024
A Estrangeira
Claudia Durastanti nos leva numa viagem que envolve no mínimo três gerações familiares, 2 continentes, 3 países, muitas cidades e experiências concentradas em uma só vida: a vida de uma menina estrangeira. Que não somente é estrangeira no país para o qual ela imigra, é também uma estrangeira em sua família disfuncional e marcada pela pobreza.
O livro é muito bem dividido entre capítulos sobre família e origens, infância, adolescência, trabalho e amor na vida adulta. Vemos suas memórias pela ótica de uma mulher adulta que compreende as dificuldades que enfrentou, não se ressente, mas sabe nos apresentar a dor de cada fala e ação de seus pais.
A protagonista é ítalo-americana, filha de dois pais surdos e possui um irmão mais velho. O sentimento de não pertencimento permeia toda a sua vida, em casa e fora de casa. Os primeiros capítulos são mais doloridos, os últimos são muito lindos e emocionantes. A leitura é concluída com uma sensação de superação, que apesar das dificuldades, Claudia vive em paz e cuida dos pais da forma que pode.
?Não há um só ato de violência na minha vida do qual eu possa me lembrar sem dar risada.?
Não diria que esse livro é um ?livro em que nada acontece? mas realmente não tem nenhuma descoberta ou grande acontecimento. É um livro lento mas bem ritmado, que soa como uma pessoa se apresentando para nós, abrindo seu coração.
?Escrever-se a si mesma significa lembrar que você nasceu com raiva e que foi um despejo de lava denso e contínuo, antes que sua crosta endurecesse e rachasse para deixar aflorar uma espécie de amor, ou que a força inútil do perdão viesse polir ou achatar qualquer formação de um vale em você.?