Resenhas - O Encontro Marcado

Nogueira 04/10/2011

Um dos melhores livros que eu já li
Vale a pena ler mesmo.

Flávia 06/09/2011

Tentar encontrar palavras para esse livro é difícil. Eduardo me toca e me encanta de tantas maneiras diferentes com seus dramas. Eu me via naquele mar de amarguras dele, um escritor que não consegue escrever. Poderia ler aquele livro milhares de vezes que não me cansaria. Eu sempre penso em como gostaria de conhecer Eduardo! Conversar com ele por 5 minutos que for me faria muito feliz. Ele não é "real", mas é tão real o sentimento que ele passa que é difícil acreditar que ele não exista;

Pedróviz 20/08/2011

Personagem que não quer crescer
O Encontro Marcado é um dos melhores livros que li até o momento. Fala da vida de Eduardo, que cresce com muitos talentos, mas que se torna um homem solitário. Vou comentar várias coisas aqui, menos sobre o encontro propriamente dito.

O Encontro Marcado mostra a vida de uma forma nua e crua, não cai em momento nenhum em sentimentalismos ou clichês. Seu único defeito, talvez, fique por conta dos personagens ainda jovens e boêmios, metidos a intelectuais, enchendo parágrafos com trivialidades filosóficas, simplesmente para retratar uma fase de puro entusiasmo e ilusão.

É uma obra que desenvolve bem os personagens sob o ponto de vista psicológico, especialmente Eduardo, que acompanhamos desde a infância até a idade adulta. Eduardo é um personagem que desde jovem vai mostrando várias vocações e vai fazendo suas novas escolhas esquecendo amizades, relacionamentos, mudando de vida como quem muda de roupa. Por reunir tantas aptidões e ser tão competente nelas, seria de se esperar um final feliz, entretanto, Fernando Sabino quis que Eduardo, pela sua dificuldade de relacionamento, pela sua dificuldade de se doar, acabasse pagando, como pagam todas as pessoas na vida real.

O romance passou a impressão clara da solidão vivida pelo protagonista nos momentos finais do livro. Um importante aspecto que me chamou a atenção na obra foi o caráter efêmero das coisas e principalmente das relações, as quais precisamos aprender a valorizar para não nos vermos isolados no mundo. Mas,aparentemente, essa dor da solidão não parece ser um preço muito alto para o protagonista em troca dos prazeres da sua liberdade; simplesmente não sei a troco de quê ele procurou a companhia de uma esposa na sua vida se ele é avesso a compromissos, é o seu lado impulsivo e obsessivo, um poço de vícios o nosso pobre herói.

No final do livro, ele largou tudo, iniciou uma viagem sem destino, acredito que ele começou a cultivar outro modo de vida, conversando mais francamente, falando menos dos seus méritos, citando menos autores, ouvindo mais, aprendendo mais. Até pouco tempo ele vivia como um adolescente entusiasmado e agora ele pretendia cair na realidade de um modo peregrino - ao que tudo indica, ele continua não se sujeitando a uma vida normal e sua mãe viúva vai morrer sozinha mesmo. Eduardo é um homenzinho que só pensa em si mesmo, o que até era aceitável na sua infância, mas o personagem de fato demonstra que não quer crescer. Ou, talvez, essas viagens fossem moda na época para os intelectuais recém abandonados.

O Encontro Marcado é um livro inesquecível e é sujeito a muitas interpretações na medida em que nos aprofundamos na sua análise.

Zelenski 20/08/2011

O encontro marcado | Pra qualquer fase da vida
O Encontro Marcado, de Fernando Sabino, se parece muito em um aspecto com O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry: o fato de você poder ler em diferentes momentos de sua vida e, a cada leitura, aprender algo diferente.

O personagem Eduardo representa diversas fases que todos, digo todos, passam. Dúvidas, inquietações, decisões e até besteiras que falamos ou fazemos. Não é um herói nem anti-heroi, não é uma história bonita nem triste. É uma história, simplesmente, que qualquer um que ler, em algum ponto ao menos, irá se identificar.

Fernando Sabino tinha que estar ao lado de grandes nomes da literatura nacional, como Machado e outros, ser solicitado em vestibulares e mais. A forma de contar uma história, diálogos, descrições, são únicos e de extrema qualdiade. Dizer que é envolvente é pouco.

Flaus 26/05/2011

Perfeito.
É temeroso escrever uma resenha sabendo que posso não expressar da melhor forma a perfeição desse livro. Assim como todas as outras obras que li de Fernando Sabino, essa que acabo de terminar também marca uma fase da minha vida, será relembrada por mim e possivelmente relida. Eduardo, protagonista do romance, expressa toda a angústia e anseios de uma geração clássica, que existe desde sempre: o grupo de pessoas, a maioria, que persiste em alcançar metas exageradas e persiste em abraçar o mundo com as pernas. Ser alguém, deixar uma marca, ficar em primeiro lugar, ganhar e, no final, descobrir que nada disso realmente importa e que passado, presente e futuro não existem propriamente como imaginamos. Uma lição de vida, inspiração para realizarmos o que desejamos, o anlagésico que alivia a dor causada por aquela vontade de viver com pressa sem observar os pequenos milagres.
Se esse livro está na sua estante, não espere para lê-lo. Se você não possui esse presente em mãos, procure em algum lugar, peça emprestado, compre... E leia, porque vale a pena de verdade.

Biasdfg 14/04/2011

O encontro comigo mesma...
Li esse livro a muito tempo, quando soube da morte de Fernando Sabino fiquei curiosa pra ler algo do autor. "O encontro marcado" era o único livro que havia na biblioteca municipal. O titulo é de cara tentador, a história simplesmente brilhante. Não somente pela inteligência do autor, de todos os livros de literatura estrangeira que li poderia dizer até que o tema da obra é algo bastante antigo e já a muito explorado. Mas algumas reflexões são muito marcantes, as fases da vida de um homem que não se apega a certas futilidades, as experiências de um ser humano, a busca pela essência do ser. Esse livro significou pra mim a revelação do fato de que a maioria das pessoas passam a vida inteira sem se preocupar com o verdadeiro sentido de sua existência e isso se deve ao fato de a sociedade já ter imposto a elas previamente o sentido da vida com o discurso do amor, da maternidade, da existência de Deus. A outra minoria que se predispõe a acreditar que o sentido da existência é algo maior e deve portanto ser buscado, passa grande parte da vida tentando encontrar a si mesmo. E desse pequeno grupo, se alguém consegue se encontrar de fato, é somente por meio de muita dor e enfado.
Tem um trecho desse desse livro que marcou a minha vida e acho que nunca vou esquecer pois foi a partir dele que comecei a sentir a necessidade de marcar um encontro com meu eu verdadeiro:

"Olha a cara das pessoas. Todo mundo tem dois olhos que coisa estranha. È preciso ver a realidade que se esconde além, onde a vista não alcança (...)"

Fica então uma boa sugestão de leitura, muito melhor do que os best sellers vazios que as pessoas lêem hoje em dia...

João 06/03/2011

Romance de Deformação.
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Clarice Lispector ao comentar o romance de Fernando Sabino destacou que a saída e a entrada das personagens se faz repentina e silenciosamente. Mas isso, ao invés de parecer uma falta lamentável, na verdade revela-se elemento determinante da estrutura do romance: “um estratagema que é quase uma ausência de estratagema, aquilo que seria a falta absoluta de literatura, mostra-se o mundo até sofisticado da literatura”, citando palavras da própria Clarice.

Faço minha tais palavras e, como sugestão a ser aprofundada, diria que há uma correspondência sutil entre o ritmo da prosa (ligeira / lenta, pesada / leve = sem continuidade), e o quadro geral do tema ao qual dirigi-se: uma personalidade em formação descontínua, ou, uma deformação.

A sensação que se tem ao fim do livro é de que passamos rapidamente de ares leves à uma camisa de força. É o protagonista Eduardo Marciano jogado à sorte de um estranhamento do mundo sem qualquer contra-partida, banidas que estão, definitivamente, as referências mínimas à constistuição do "sujeito".

Em última análise é o auto-estranhamento, o processo quase visível de desagregação que, bem entendido, constitui a origem imediata e permanente de seu sofrimento, posto que tanto a dimensão espacial quanto temporal é difusa, como não poderia deixar de ser, inclusive para nós, leitores.... numa adaptação literal para o cinema, seria concebível um mundo externo em que a nitidez dos menores detalhes estivesse borrada por um enquadramento desfocado, opressiva a fotografia, e, o que restasse fosse apenas a intimidade mais imediata do protagonista.

Pensando em termos de cinema, torna-se mais clara a sufocação: que intimidade pode existir sem constituir-se dos elementos que lhe são exteriores? O mesmo mundo exterior a ser negado é o único dentro do qual o suposto beneficiário deste negação, o indivíduo, pode subsistir. Enfim...

Delicado e duro romance de Sabino.

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Láh 28/02/2011

É meu livro. Preciso dizer mais?

Clarissa 04/02/2011

Recomendadíssimo
Excelente.
O livro traz questões e problemas que são inerentes a qualquer ser humano, e sua leitura traz um certo conforto, pois ele possibilita uma compreensão mais dessas questões.
É atemporal, um clássico.

Tayna 07/12/2010

Comecei a ler o livro mas não consegui chegar a metade dele. Isso aconteceu, pois a leitura do livro requer um vocabulario ainda muito tecnico e avançado para mim! Realmente vou ler o livro quando eu tiver a plena capacidade de o ler. Indico o livro para as pessoas que irao prestar algum tipo de exame - por exemplo; vestibular e enem - por ser um livro de um classico autor brasileiro!

Pablo 03/11/2010

Uma vida inteira dentro de 311 páginas!

Às vezes fica tudo meio confuso, por causa do enorme número de personagens que vão e voltam na vida de Eduardo.
E mais confuso ainda pela correria das coisas no começo do livro!

Mas a escrita de Fernando Sabino é muito gostosa de ler!
E os detalhes poéticos no meio do livro dão um toque muito interessante.
Sem contar as inúmeras referências a grandes nomes da arte!

Eduardo (o personagem principal) é uma pessoa única e ao mesmo tempo igual à todos nós.
Com momentos de desespero e felicidade extremos!

É um livro marcante de um escritor igualmente marcante!

PS: do mesmo autor eu recomendo "Duas Novelas de Amor" e "O Menino no Espelho".

Márcia 05/09/2010

Amei
No início estranhei o estilo, mas Sabino me surpreendeu. A leitura é muito prazerosa. Os olhos deslizam pelas páginas.
Quando espera-se algo acontecer com Eduardo o autor nos surpreende totalmente de uma maneira inteligente e indescritivel.
Há apenas uma leve confusão referente ao grande Encontro - acontece rápido demais. De repente já está lá e o leitor não tem ideia de como chegou.
Bem: coisas do Sabino.
Foi com esse livro que ele se tornou meu autor brasileiro predileto e me consquistou pra sempre.

hoarsesoul 25/07/2010

Trechos que quero guardar
O encontro marcado
50ªedição, ed. Rio de Janeiro, Record, 1986.
285p.

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Mauro, ao falar de Eduardo: "É destes remédios que matam a doença e o doente." (pág. 87)

Hugo, ao falar de Mauro: "Quem fala em sangue, e não está sangrando, é um impostor." (pág. 88)

Eduardo, em sua vez de falar: "Eu me recuso, simplesmente. Se nós mesmos, que nos conhecemos mais do que ninguém, somos de tal maneira precários no julgamento de cada um, é porque não sabemos nada, não somos donos de verdade nenhuma, temos de buscá-la fora de nós. A consciência é inútil, sem uma convicção adquirida. Isso que estamos fazendo é inútil, é masoquismo. Não temos importância, somos apenas três coisas largadas, desarvoradas, aflitas. Está acima de minhas forças dizer alguma coisa mais..." (pág. 89)


"O segredo é ir para frente e não pra trás : é uma espécie de lodaçal em que a gente mete o pé. Se parar pra tentar arrancar o pé , acaba deixando o outro e se afundando a cada novo esforço..." (pág. 180)

"É preciso escutar o silêncio, não como um surdo, mas como um cego." (pág. 187)

"A música é o silêncio em movimento." (pág. 188)

"As palavras estão em quem fala e em quem escuta. O silêncio fica entre os dois, intocado, um silêncio enorme, intransponível. Ao passo que a música está nela mesma, isto é, no que resta além de nós. E o resto é silêncio." (pág. 188)

"A rotina não sendo afinal o temido fantasma do tédio, mas a ordem, o equilíbrio, a permanência tornados hábitos" (pág. 189)

DeBee-SaN 21/06/2010

Só peguei no livro por que tinha ganhado de presente, e bom, não posso desperdiçar né...

Gostei bastante da infância e juventude do protagonista, porém depois o livro se torno MUITO cansativo e quase abandonei! Mas como eu queria saber que raios! de encontro seria esse fui até o final... E não gostei mesmo!

Muito chato! E podem até dizer que ele conseguiu se encontrar no fim das contas, mas para mim foi só mais um que desperdiçou as coisas boas da vida e me fez desperdiçar o meu tempo!! Eu esperava mais... ¬¬

Lacerda 25/05/2010

Nunca imaginei que encontraria um personagem tão real numa ficção. Sabino de fato colocou sua alma em Eduardo, despejou toda sua angústia, sua fraqueza, sua vontade de vencer, seus medos e criou o personagem mais belo de que tenho notícias.
As verdades de Eduardo são pertubadoras, seus questionamentos mexem com o íntimo do leitor e sua vivência nos faz pensar se conseguiremos alguma vitória.
Depois de conhecer Eduardo, Mauro e o terceiro [sem spoilers] aprendi que temos um encontro marcado todos os dias, seja com os outros, seja conosco mesmo; O fato é que o temos, e mesmo que apareçamos sozinhos, devemos ter na consciência que comparecemos.