Nan ® 28/08/2020
Definitivamente, Nicholas não decepciona!
Passados complicados, complicados humanos passados. Mundos cruzam-se durante as suas férias, e percebem que, na verdade, eram o mesmo mundo. Mas a vida segue em frente, e os mundos virão a dividir-se, permanecer girando nos seus respectivos universos. Pode o amor sobreviver à distância? – eis a pergunta que, só quando a fazemos, notamos ser a menor e a menos complexa do que a essência por detrás dela.
Fico feliz de ter adquirido essa obra.
Além da leitura ser deleitosa e imersiva; notar-se-á o planejamento do autor e o quão bom foi posto em prática e a escrita na medida que mesmo um “Eu te amo” prematuro faz sentido – e quem conhece-me sabe o quão raramente defendo essa questão.
Gostando ou desgostando: o autor realmente sabe o que faz, indiscutível.
Há tempos não lia um romance tão bom, embora nada mudará meu pensamento que as obras de Nicholas Sparks sejam muito dramáticas para o meu humilde gosto. Isto posto, sempre que anseio ler um romance, noto-me recorrendo a esse autor.
(Devo ter algum problema, um do qual descreio que um dia quererei tratá-lo!)
Todavia, note... sinto-me tão estranho e confuso quando leio um romance – de casal, “os pombinhos apaixonados” – e declaro que, certamente, um dos pontos mais interessantes e altos de Querido John foi a relação de John e o seu pai.
É incrível como o autor envolve-nos durante a sua narrativa duma maneira tão natural que... quando percebe, leu o livro em um dia – e olha que sou do tipo de leitor propende a refletir entre os capítulos!
Quando percebi, estava no fim. Um fim reflexivo – embora, suponho, que para alguns seja de lágrimas; quando ler um “para sempre” nas obras de Nicholas Sparks, tema!!!
Fascina-me o zelo do autor com seus personagens, são humanos. Pontuo também que Nicholas não recorre aos piores gêneros de humanos da face da terra, mas almas humanas, complexos compreensíveis e pertinentes. Cada sucessão de evento é pertinente... pois bem, agora voltamos ao “Eu te amo”! Forçadíssimo. Digamos apenas que John ser o primeiro a dizer “Eu te amo”, é totalmente compreensível, dado as questões com o pai e da vida em que tal se encontra, ponto. Entretanto, a resposta que recebeu, da Savannah... só não alego “incoerência”, porque a história foi narrada por John, em primeira pessoa; logo, aproximamo-nos dum personagem mais do que o outro e sob a perspectiva de nosso querido narrador – querido mesmo, pois John é legal, difícil tornar-se apático a suas questões ou até da própria Savannah –, mas ainda considero forçado! Um forçado leve; então, está perdoado!
(Depois dos casamentos forçados da Sarah Maas na série Trono de Vidro, nada é forçado aos meus olhos... por que diabos a autora arrumou aquele batente de porta para a Lysandra? A coitada sofreu demais na vida para ter um batente de porta, e estragado, daqueles... ah, vejo-me com isso na cabeça mesmo daqui a cinquenta anos! Esqueçamos...)
O desenrolar do relacionamento entre Savannah e John encanta, emociona e até nos deixa com uma sensação leve e engraçada no peito. É lindo.
Simplesmente um encanto e fascínio. Quem não shipar esses dois, não tem coração!!
Amei o final; foi, na verdade, o que me trouxe a este resenhar.
Embora creio que falar de amor como “verdadeiro” ou “falso” seja dessaber amar – uma vez que se é falso, não era amor; e se era verdadeiro, era quimera; amor é amor, desamor é desamor, por sua vez, rejeição é rejeição e, ao esperançoso e persistentes, quem sabe... –, foi um gesto muito bonito, ao ler a pergunta de John, refleti absurdos – quer na história do livro quer nas histórias de vida que conheci, etc.
É uma obra que encanta, emociona; e estimula-nos a revermos as nossas perspectivas de amor através da experiência sentida entre John e Savannah.
O que é o amor? O que somos quando amamos? Como podemos salientar esse amor? Como o amor se manifesta? Onde o amor esconde-se? Tantas questões... a considerar.
Questiono-me se é possível findar a obra sem refletir, em algum momento, se “Eu faria isso?” ou “Quão maravilhoso o sentimento que podemos nutrir por outra pessoa: amar com zelo, e atenção, e carinho, e fidelidade, e dignidade... e amar mesmo sem ter algo em troca”.
Parece um clichê, não parece? Quem sabe o amor seja um clichê, tal qual o demônio trajado de anjo no céu, e anjo trajado de demônio no inferno.
Abraços!