livrodebolso 14/10/2019
É PRA ISSO QUE EU PAGO UM RIM NAS EDIÇÕES DA @editoraaleph (brincadeirinha, editora Aleph, eu te amo!?). Aleph, inclusive, é onde encontra-se nosso (não tão) querido Bobby-Count-Zero, "lugar" baseado no conto homônimo de Borges em que "um ponto no espaço contém todos os outros pontos e pode-se ver a totalidade da realidade". Parem pra pensar no que isso significa e vocês entenderão (até parece) o enredo da trilogia do Sprawl (não dá pra entender isso aqui, sério. Mas dá pra chegar perto, e sentir um soco no olho que assumirá o tom das capas dos livros, ilustrações por Josan Gonzalez). .
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Gibson insiste no formato do volume anterior, com focos paralelos que se encontram no final. Neste caso, assim como na segunda parte, é beem no final, constituindo um início lento e cheio de descrições e diálogos desnecessários, que acredito ser a característica principal do autor, nos desesperando a todos (socorro!). Logo, os últimos capítulos são tão rápidos que precisamos reler e reler até entender. Mas eu não fiz isso, prefiro reler toda a obra outra vez e ver o que perdi. Muita coisa se perde nesse emaranhado narrativo construído de forma desengonçada e, não se sabe como, genial. É, não tem como negar, um quebra cabeça genial.
A trama é a seguinte: Kumiko, filha do chefão da Yakuza está sob a guarda de Sally, que é, na verdade, a Molly-erão da porra (Neuromancer) disfarçada; Angie (Count Zero) torna-se a estrela principal do stim (estímulos simulados) e viciada em drogas precisando ser substituída por uma sósia; Mona (Lisa, que dá nome ao livro não sabemos o motivo) é a sósia prostitua adolescente; e Slick, é contratado para cuidar de Bobby que está conectado ao Aleph e praticamente morto.
Além disso, Gibson inseriu uma mitologia africana, pois a questão de IAs tomando o controle do mundo, fantasmas GPSs e donos de corporações completamente fora da casinha não era complicada o suficiente. Portanto, além de extremamente poderosas, as IAs também fazem vudu (é o termo utilizado). E, no fim, isso explica muita coisa ("explica" não é bem o que acontece, justifica, eu acho melhor).