O ano do Macaco

O ano do Macaco Patti Smith




Resenhas - O ano do Macaco


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Alexandre Kovacs / Mundo de K 15/11/2019

Patti Smith - O ano do macaco
Editora Companhia das Letras - 168 Páginas - Traduçao de Camila von Holdefer - Capa de Fabio Uehara - Foto de capa: Barre (Skills) Durya Lançamento: 28/10/2019.

Assim como Just Kids, vencedor do National Book Award de 2010 e Linha M, seus dois livros anteriores lançados no Brasil, O ano do macaco também não pode ser classificado em uma única categoria, seja autobiografia, ficção, ensaio ou poesia, apresentando uma mistura de todas elas ao mesmo tempo, assim como a performática poeta, compositora, escritora e artista plástica Patti Smith, sem falar nas citaçoes musicais e literárias que extrapolam em muito as referências locais da cultura norte-americana.

Por outro lado, a autora exercita uma técnica pouco explorada nas suas outras obras, a influência do inconsciente ou um certo estado alucinatório na narrativa, fazendo com que o limite entre sonho e realidade se torne indistinto. A prosa poética original foi preservada na excelente tradução de Camila von Holdefer – uma das melhores críticas literárias e resenhistas do país.

Já a passagem do tempo e a solidão não são coisas fáceis de se lidar como bem sabemos, até mesmo para uma artista libertária como Patti Smith, e este sentimento fica claro quando ela descreve as suas memórias de 2016, ano do macaco no horóscopo chinês, em que chegou aos setenta e perdeu dois grandes amigos: o músico Sandy Pearlman e o dramaturgo Sam Shepard. Contudo, o tom geral do texto é bem-humorado, apesar das adversidades, com base na esperança de que "alguma coisa maravilhosa está para acontecer".

"Dez mil anos ou dez mil dias, nada pode parar o tempo ou mudar o fato de que vou chegar aos setenta no Ano do Macaco. Só um número, mas um indicativo da passagem de uma parte significativa da areia prevista na ampulheta. Os grãos caem e me pego sentindo falta dos mortos, mais que o normal. Notei que choro mais quando assisto televisão, reagindo a um romance, a um detetive aposentado baleado nas costas enquanto encarava o mar, a um pai exausto pondo o filho no berço. Notei que minhas lágrimas me queimam os olhos, que não sou mais uma corredora veloz e que minha noção de tempo parece estar se acelerando." (p. 76)
"Sam está morto. Meu irmão está morto. Minha mãe está morta. Meu pai está morto. Meu marido está morto. Meu gato está morto. E meu cachorro que morreu em 1957 continua morto. E ainda assim eu continuo achando que alguma coisa maravilhosa está para acontecer. Quem sabe amanhã. Um amanhã e depois uma sucessão inteira de amanhãs. [...]" (p. 156)

De acordo com o estereótipo que conhecemos das estrelas do Rock, poderíamos imaginar que a inspiração da autora tem origem no álcool ou nas drogas pesadas, mas o fato é que o seu combustível vem unicamente das inúmeras xícaras de café. Surpreende também a simplicidade do seu cotidiano, o processo criativo e o amor pelos livros e autores, de Lewis Carroll a Roberto Bolaño, que estão sempre presentes em cada página do livro, provando que Patti Smith é, entre tantas outras coisas, uma grande leitora.

"É lá que encontro os arquivistas da Casa Fernando Pessoa, onde sou convidada a passar um tempo na adorada biblioteca pessoal do poeta. Deram-me luvas brancas que me permitem examinar alguns dos livros favoritos dele. Há romances policiais, coletâneas de poemas de William Blake e Walt Whitman, e seus preciosos exemplares de As flores do mal, Iluminações e os contos de fadas de Oscar Wilde. Os livros parecem uma janela mais íntima para Pessoa do que sua própria escrita, pois ele criou várias personas que escreveram sob aqueles nomes, mas tinha sido o próprio Pessoa quem adquiriu e amou aqueles livros. Essa pequena compreensão me intrigou. O escritor desenvolve personagens independentes que vivem a própria vida e escrevem sob os próprios nomes, nada mais nada menos que setenta e cinco deles, cada um com seu chapéu e seu casaco. Então como a gente pode conhecer o verdadeiro Pessoa? A resposta está na nossa frente, os livros dele, uma biblioteca idiossincrática perfeitamente preservada." (p. 94)

Em meio a vários personagens reais e fictícios, existe uma preocupação da escritora com a eleição de Donald Trump, um desagrado com a "apatia americana" que ela deixa claro em alguns trechos do livro, relembrando outros momentos de sua carreira como ativista política. "Não se preocupe, todos diziam, a maioria vence. Não é bem assim, eu revidava, o silêncio vence e a decisão vai ser deles, daqueles que não votam."

"Na noite da eleição, me juntei a uma reunião de bons camaradas e assisti à novela horrível chamada eleição americana se desenrolar numa TV de tela grande. Um a um todos tropeçaram no amanhecer. O valentão urrou. O silêncio tomou conta. Vinte e quatro por cento da população tinha elegido o que existe de pior em nós mesmos para representar os outros setenta e seis por cento. Viva a apatia americana, viva a sabedoria distorcida do Colégio Eleitoral." (p. 129)

Uma obra muito recomendada para os amantes da música, letras e arte em geral. Para aqueles ainda não inciados no universo de Patti Smith, como primeira leitura recomendo seguir a ordem cronológica de lançamento: Just kids, Linha M e O ano do macaco.
Osmi 02/01/2020minha estante
Você fez uma ótima imersão no livro. Já li os outros e agora estou aqui. É como estar desperto e sonhando. Posso sentir o cheiro de uma boa xícara de café a minha espera. Sorte.


Alexandre Kovacs / Mundo de K 03/01/2020minha estante
Obrigado Osni! Patti Smith é uma recomendação certa!




Brenda 21/04/2022

Eu juro que, honestamente, não sei por onde começar. Nem sei se conseguirei palavras suficientes para contabilizar um começo, um meio ou um fim.

Desde Linha M, meu primeiro contato com a Patti escritora, eu a considero uma das minhas autoras favoritas e uma das pessoas com as quais eu adoraria ficar em silêncio durante horas e horas.

Termino cada livro em uma espécie de arrebatamento apaixonado, em devoção afetiva e sentimentalista. Chorei lendo o epílogo deste, chorei e grifei 5 páginas inteiras com linhas onduladas ? totalmente em crise.

O ano do macaco foi o prelúdio para os nossos tempos mais angustiantes, foi o impulso berrante de uma força nuclear e violenta que nos dominou e nos paralisou diante da vida. E Patti sabia disso, e inevitavelmente foi direcionada a escrever sobre isso com sua prosa poética, autobiográfica e fictícia do cotidiano.

Presságio, sonho, devaneio, êxtase, ruptura, luto, saudade. Medeia, Artaud, Bolaño, Truffaut, Sam, Sandy, Fred, O pianista no telhado. Vigaristas de cabelos amarelos e arminhas nas mãos. Poesias não declaradas, ruínas do hoje, prósperos caminhos do amanhã.

A vida presente é uma linguagem universal ? de mortos, vivos e abelhas. A vida futura é uma angústia parcial. E a vida passada, um sonho manchado por borras de café mal derramadas.

A Lebre e o Chapeleiro Maluco, quem será o alter ego de quem?

Isto não é uma resenha, pois isso implicaria possuir total controle sobre a minha racionalidade e, neste momento, sou apenas uma gota de sal que se derrama sobre uma embalagem de Peanut Chewz escrita errado.
Peudro 21/04/2022minha estante
Caralho, estou impactado!!


Brenda 21/04/2022minha estante
?




Carol 15/02/2020

Impressões da Carol
Livro: o ano do macaco {2019}
Autora: Patti Smith {EUA, 1946-}
Tradução: Camila von Holdefer
Editora: Companhia das Letras
168p.

2016 foi o ano do macaco, pelo calendário chinês. O ano em que Patti Smith fez 70 anos, o ano em que dois de seus melhores amigos morreram, o ano em que Donald Trump venceu as eleições americanas.

Foi Walter Benjamin que trouxe para o campo teórico a figura do flâneur, um andante, um explorador de ruas, praças, da cidade, enfim. E, Patti Smith, ao escrever suas memórias de 2016, é a flâneuse, por excelência.

Entre a realidade e o sonho, entre shows e cidades mundo à fora, Smith medita sobre a passagem do tempo e sobre perdas. Envelhecer é perder quem sempre esteve conosco.

Se Patti Smith publicar sua lista de compras da farmácia, eu lerei. Amo como a arte está presente em sua vida. Cada livro lido, cada autor que ela descobre, as músicas, as cidades por que passa. Eu me identifico demais. Só em "o ano do macaco", anotei 43 referências de autores e livros.

Quem a acompanha pelo Instagram - sério, sigam essa mulher - já sabe da capacidade que ela tem de transformar pequenas coisas em poesia. Uma artista que compartilha com os fãs seu processo criativo, sua vida. Uma artista completa.

"o ano do macaco" é um livro imperdível para quem é fã de Patti Smith ou para quem ama andar por uma cidade a esmo, encontrar um café interessante, abrir um livro e divagar.

"É lá que encontro os arquivistas da Casa Fernando Pessoa, onde sou convidada a passar um tempo na adorada biblioteca pessoal do poeta. Deram-me luvas brancas que me permitem examinar alguns dos livros favoritos dele. Há romances policiais, coletâneas de poemas de William Blake e Walt Whitman, e seus preciosos exemplares de As flores do mal, Iluminações e os contos de fadas de Oscar Wilde. Os livros parecem uma janela mais íntima para Pessoa do que sua própria escrita, pois ele criou várias personas que escreveram sob aqueles nomes, mas tinha sido o próprio Pessoa quem adquiriu e amou aqueles livros. Essa pequena compreensão me intrigou." p. 94-97
Marcelo Caniato 15/02/2020minha estante
Bom saber sobre o Instagram dela. Virei fã depois que li Só Garotos e Devoção. Esse livro aí já tá na minha lista também.




Ana Aymoré 20/07/2020

A terceira parte de uma jornada autobiográfica
2016, ano do macaco. Patti Smith completa 70 anos e escreve o terceiro volume de suas memórias, iniciadas com Só garotos e continuadas em Linha M. Enquanto os EUA caminham para a eleição de um demente, e o planeta parece se transformar num pesadelo de catástrofes ambientais, ascensão de ideologias neofascistas e desmantelamento dos direitos das classes trabalhadoras, a narradora desce a toca do coelho branco e, entre devaneios oníricos e experiências surreais, testemunha o desconcerto do mundo, assolado por aquilo que James Bridle já denominou de "nova idade das trevas": a contemporaneidade.
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Passamos, então, a assistir, com essa Alice punk, a uma festa do chá interminável, na qual toda sanidade - com o outro, com a sociedade, com a natureza, conosco mesmos - é drasticamente rompida, na qual todo princípio de verossimilhança é descartado (pois como duvidar dos universos fantásticos da literatura e acreditar nas fake news?), um país das maravilhas bizarro e grotesco, do qual só podemos ter (uma tênue) esperança de sobreviver se aceitarmos o convite do Chapeleiro: "vamos morrer um pouquinho?" Para nossa Alice que registra os pequenos oásis de descanso em meio ao caos com sua Polaroid, "Um punhadinho inocente de desordem, sem dúvida, ou um tipo de feitiço homeopático, uma pequena morte que imuniza contra o terror da maior delas."
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Um relato memorialístico-ficcional, um On the road de caronas frustradas, uma intrusão pelas bordas de vidas excepcionais - acompanhando a escritura do último livro de Sam Shepard, encontrando por acaso o figurino de Maria Callas para a Medeia de Pasolini, desvendando o Fernando Pessoa oculto não na sua escrita que o transforma em outros, mas na sua biblioteca -, O ano do macaco assume a verve trapaceira do animal que os rege (ao ano em si e ao livro), e nos alerta para os perigos que virão (que já estão entre nós). Quatro anos se passaram desde então, e tudo que se encontra nessas páginas ganha ainda maior relevo nos dias atuais: "Não importa qual caminho trilhasse ou qual o plano, ainda era o Ano do Macaco. Ainda me movia no interior de uma atmosfera de brilho artificial com bordas corrosivas, a hiper-realidade de um deslizamento pré-eleitoral polarizado, uma avalanche de toxicidade se infiltrando em cada posto policial. Eu limpava a merda dos sapatos de novo e de novo, ainda lidava com meus próprios assuntos, com essa coisa de estar viva, o melhor que podia. Embora uma insônia insidiosa estivesse aos poucos reivindicando as .minhas noites, dando lugar, ao amanhecer, à repetição das aflições mundanas." Ah, e caso alguém ainda não tenha se dado conta, estamos, em 2020, no ano do rato. A nova idade das trevas é também tempo de peste, também tempo de saqueadores, aqueles senhores da guerra que se julgam donos do mundo.
Alê Magalhães 02/04/2021minha estante
Amei tua resenha. Adorei esta nomeação da Patti como uma Alice punk.




Paulo Sousa 16/11/2019

O ano do macaco, de Patti Smith
Título lido: O ano do macaco
Título original: Year do the Monkey
Autor: Patti Smithsonita
Tradução: Camila von Holdefer
Lançamento: 2019
Esta edição: 2019
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 168
Classificação: 3.5/5

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"Não importava qual caminho trilhasse ou qual o plano, ainda era o Ano do Macaco. Ainda me movia no interior de uma atmosfera de brilho artificial com bordas corrosivas, a hiper-realidade de um deslizamento pré-eleitoral polarizado, uma avalanche de toxicidade se infiltrando em cada posto policial? (Posição no Kindle 1239/70%).
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Após o excelente ?Devoção?, é o ?O ano do Macaco? que me delicio. É mais um livro da lavra de Patti Smith, a multiartista que, às vésperas de completar 70 anos, sai em turnê pelos Estados Unidos, matéria destas memórias.
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Aliás, este livro não caberia na categoria de memórias, de romance autobiográfico. Isso porque, com seus múltiplos enfoques, percebemos um livro que mistura o onírico ao ensaio, a biografia às memórias, tudo junto e misturado. Estão presentes as excelentes alusões à literatura, à fotografia, aos lugares que evocam lembranças na cantora.
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Dessas memórias, sempre envoltas nos amigos de longa data, Patti mistura o agora e o então ao ontem vivido ao lado do dramaturgo Sam Shepard e o músico Sandy Pearlman, seus para sempre amigos. Mas Patti é uma pessoa capaz de também criar laços com desconhecidos que vai conhecendo à medida que avança pelo território americano, figuras particulares que chamam sua atenção.
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O livro pode parecer um tanto triste e melancólico, mas tem também arroubos de bom humor, de preocupação com a vitória de Trump (os fatos da obra se deram em 2016) e a postura apática dos americanos. Para Patti é o Ano do Macaco.
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Apesar de não ser exatamente seguidor ativo das estrelas do rock, me identifico muito com o estilo de Patti, pois ela mexe com assuntos que para mim são caros e cativos. Sair pela estrada, fotografar objetos e lugares, congelando momentos marcantes, perder horas em cafés, contemplando o fim das tardes. Na escrita. Na própria solidão, essa formadora de arte e beleza, das coisas que atraem e nos envolve. Patti tem a capacidade de dar vida e interpretação a essas coisas e transmitir tudo num turbilhão de palavras cativantes, em especial estas muito bem traduzidas pela genial diva da crítica literária Camila Holdefer. Vale!
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Bruno.Dellatorre 29/11/2019

Talvez a obra mais íntima de Patti Smith
Patti Smith comenta em um dado momento a primeira frase de um livro que ela está a ler, que diz: "Os sonhos são nossa segunda vida", ou algo parecido. E neste livro de memórias, ela retrata memórias não da maneira convencional, e sim de maneira onírica, fazendo tudo parecer um grande sonho.
O livro é entediante e maluco demais, fora da realidade, mas tem ótimas passagens, uma escrita luminosa e fotografias que complementam a leitura da obra, tiradas pela própria autora. Pode ser que esse seja seu livro mais íntimo, pois retrata até mesmo os seus sonhos e as sombras que a vida real fazia na sua suposta "segunda vida". Patti fala de como foi perder Sandy Pearlman e fala um pouquinho de seu outro amigo, que é um ator: Sam Shepard, que morreu um ano depois do Ano do Macaco (2016).
De novo, pode ser seu livro mais interno, mas não é o melhor.
Nota 3 de 5.
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Camille.Pezzino 28/12/2019

A MAIS VIVA ARTISTA
Por vezes, temos de admitir nossa incapacidade. Às vezes, uma leitura se torna agradável ou não, cansativa ou não, porque simplesmente não entendemos ou não emergimos o suficiente naquela história; principalmente, quando essa história trata de uma figura, uma longa carreira de uma artista multifacetada. A leitura de O ano do Macaco, de Patti Smith, é exatamente isso: uma mescla do que eu não tenho conhecimento com um aprofundamento em diversas áreas da arte e da psicanálise.

Por ser um texto biográfico é importante conhecer um pouco da escritora, desde sua carreira literária até a musical; quanto mais a conhecermos, mais agradável o livro vai se tornar. O fato de eu não ter contato com sua obra, nem com sua trajetória, tornou O ano do Macaco um livro poético, mas que não vai além disso – para mim, leiga de toda uma trajetória que parece ser extremamente fantástica.

O positivo de ler uma biografia de um autor ou personalidade que você pouco conhece é a abertura para conhecê-lo; o lado negativo é que, por vezes, você pode ficar com sono (embora eu esteja cansada constantemente e possa não ser culpa da obra).

O ano do Macaco é um título baseado no calendário chinês. De acordo com a lenda, um grande imperador teria ordenado aos animais que fossem até ele para que marcassem a passagem do tempo no calendário. Os primeiros doze animais – tal como os meses de um ano – seriam escolhidos para demarcá-lo, o macaco foi um deles. Contudo, os animais não marcam o passar dos meses, mas sim dos anos. O ano de 2016 foi literalmente o ano do macaco para os chineses.

Dessa maneira, Patti acrescenta essa – e tantas mais culturas – em sua obra, remontando o fato de que o Macaco (nono símbolo do zodíaco) é um animal auspicioso, mas que pode, ao mesmo tempo, ser danoso, principalmente aos regidos pelo signo. E, assim, elenca os acontecimentos eleitorais do mesmo ano, a vitória de Trump como presidente americano e também as suas relações passadas e mortas.

PARA LER A RESENHA COMPLETA, acesse em: https://gctinteiro.com.br/resenha-109-a-mais-viva-artista/

site: https://gctinteiro.com.br/resenha-109-a-mais-viva-artista/
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Vinícius 02/05/2020

Entre sonhos e perdas, há a esperança
Depois de me aventurar na leitura de Camus, precisei de uma leitura mais tranquila. Resolvi encarar ?O Ano do Macaco?, de Patti Smith.
A chave-mestra do livro está em uma frase de ?Aurélia?, do escritor Gérard de Nerval, citado por Patti: ?Nossos sonhos são nossa segunda vida?. Neste livro, Patti Smith traz seus sonhos para o centro desta narrativa autobiográfica, misturando-os com os principais acontecimentos (pessoais, inclusive!) do último ano do macaco do horóscopo chinês - 2016, no caso. Um desafio e um deleite para o leitor, que é desafiado a distinguir o que pertencia à ordem do inconsciente ou não.
A eleição de Trump, a doença de Sandy Pearlman, a revisão do último manuscrito de Sam Shepherd, mistérios surreais típicos de histórias de detetive, andanças literárias e não tão literárias assim: um conjunto de narrativas entremeadas por doses de café e de belas imagens em preto e branco.
Sonhos intensos, leves delírios e doses brutais de realidade: tudo isso está em ?O Ano do Macaco?. Um livro sobre os limites da realidade e a brevidade da vida. Por isso, vale lembrar o que disseram a Patti sobre Tanger Island: ?Essa é Tanger Island. Assim como ela se vai; nós também.?
Como diz a autora, no final desta narrativa, ?o problema dos sonhos é que no fim a gente acorda?. Não queria acabar este livro, mas, como os sonhos possuem sua hora para acabar, o mesmo devemos fazer com as leituras. E chego ao fim desta com uma pontinha de tristeza, mas com a alegria de ter visto Patti falar sobre este livro bem de perto em novembro de 2019.
Sigamos, com a esperança que Patti Smith nos traz diante das ruínas e da morte que nos cerca, tão bem descritas por ela no epílogo do livro. Afinal, enquanto estamos vivos, nunca podemos matar ou deixar morrer a esperança. É a lição que eu levo para mim depois de ler ?O Ano do Macaco?...
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Sumaia.Gomes 25/05/2020

Como sempre, a escrita da Patti nos atrai pra uma viagem inimaginável, dessa vez de uma maneira menos real e mais fantástica. Ainda é um texto muito pessoal e muito característico da autora, mas na atual situação do mundo, ele parece ser ter sido escrito pensando em todos nós. Talvez tenha. Uma obra pra refletir de sim jeito que somente Patti seria capaz de fazer. Mais um dos meus favoritos pra vida toda.
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Carla Verçoza 26/07/2020

Depois de Só garotos e Linha M, o Ano do Macaco volta a mesclar autobiografia com ficção. O ano em que Patti Smith completa seus 70 anos também foi o ano do macaco, pelo calendário chinês. Reflexões e visitas em cafés, andanças por cidades, sonhos, pesadelos... tudo com a escrita delicada e sincera da autora, belo livro.
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Giovana 26/07/2020

Segundo livro da Patti Smith que leio. Não gostei tanto quanto "Só Garotos", mas são histórias distintas e não é possível alguma comparação. Escrita verdadeira e marcante.
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Alexandre 23/01/2021

Patti Smith conseguiu novamente
Tenho uma relação meio forte com a obra literária da Patti Smith. Eu precisei me preparar emocionalmente pra concluir este livro. Não somos simples leitores, somos companheiros de jornada que viajam com a autora sem saber onde chegar, mas com a certeza de que, pelo caminho, vamos ouvir ótimas histórias.
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Daniel263 12/02/2021

A intimidade psicológica em um ano muito difícil...
7ª leitura de 2021
(No ano do boi! 😝)

Os livros de Patti Smith são sempre uma deliciosa imersão nas memórias e nas perspectivas incríveis dessa autora!

Em “Só garotos” acompanhei a saga do surgimento/formação de Patti Smith e “Devoção” o amor da autora pela cultura como um todo.

“O ano do macaco” traz uma perspectiva mais triste e obscura. Patti está prestes a fazer 70 anos e pensa em sua impressionante trajetória de vida, enquanto perde dois grandes amigos e vê Trump ganhar a eleição nos EUA, em 2016.

A narrativa trás fotos da autora e ilustra uma espécie de “road trip” psicológica cheia de frustrações, recordações e pensamentos profundos.

O leitor acompanha de perto uma jornada íntima com angústias e piadas muito espirituosas, encerrando com uma mensagem bem linda!

Uma breve reflexão: acho interessante como o calendário chinês sempre faz sentido preteritamente... em 2016, macaco, Trump; em 2018, cachorro, Capitão Cloroquina no Brasil; em 2020, rato, começou a pandemia...

site: https://www.instagram.com/curadorliterario/
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Maria.Printes 02/03/2021

Patti Smith, Um Ser Cativante
Patti Smith, como eu venero este ser!
Este livro é curto quando se trata de páginas, mas imenso em conteúdo.
Patti faz algo de algo simples tornar-se grandioso, de extremo valor e é o que me fascina nela.
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