Beatrys 23/05/2024
Não deixam os pobres viver? Agora tiram os santos dos pobres
"Não deixam nem o Deus dos pobres em paz. Pobre não pode dançar, não pode cantar pra seu Deus, não pode pedir uma graça a seu Deus. Não se contentam de matar os pobres a fome..."
É um clássico sobre a realidade brasileira, que assombra pela crueldade da infância abandonada e negligenciada. Décadas depois, a realidade não é muito diferente. Nem para as crianças desamparadas e o preconceito religioso.
O livro foi publicado em 1937, durante o Estado Novo, diversos exemplares foram queimados pela polícia.
Me encanta como Jorge foi fiel em sua luta, e quando foi deputado pelo PCB de 1946 a 1948, criou a lei que garante a liberdade religiosa no Brasil.
Foi fiel em expor e denunciar a situação das crianças e a violência que sofriam, a perseguição sofrida pelas religiões de matriz africana, que na verdade significa perseguição contra a crença dos pobres, a negação da cultura expressa por esses cultos. O racismo e a luta contra a população pobre como política governamental.
Jorge é exemplo de fidelidade e compromisso, é linda a relação construída com o candomblé!
"Pedro Bala sentiu uma onda dentro de si. Os pobres não tinham nada. O padre José Pedro dizia que os pobres um dia iriam para o reino dos céus, onde Deus seria igual para todos. Mas a razão jovem de Pedro Bala não achava justiça naquilo. No reino do céu seriam iguais. Mas já tinham sido desiguais na terra, a balança pendia sempre para um lado."