Peter e Wendy

Peter e Wendy J. M. Barrie
J. M. Barrie




Resenhas - Peter Pan e Wendy


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Sara 19/04/2011

Nem todas as crianças crescem...
Todo mundo conhece a história de Peter Pan, o menino que não queria crescer: um dia ele adentrou pela janela do quarto de Wendy, João e Miguel e os convenceu a viajarem juntos para a Terra do Nunca. As aventuras que viveram lá envolviam índios, sereias e piratas, incluindo o mais terrível deles, o Capitão Gancho.

Poucas pessoas porém têm o prazer de ler o texto original. Eu fui uma das pessoas que não tiveram esse prazer, tinha lido anteriormente uma adaptação. Na época não sabia que aquela era só uma versão mal feita que alguém ousou fazer. Logo descobri a armadilha em que caí e não sosseguei até terminar a leitura do texto completo. Logo a alegria, a liberdade e o reconhecimento me invadiram! Tão diferente da adaptação!

A linguagem carrega uma facilidade coloquial envolvente; é como se J. M. Barrie estivesse sentado ao nosso lado, nos contando essa história. O texto é cheio de marcações dialógicas que só aumentam a proximidade e intimidade com o autor e seu universo. Em alguns momentos ele nos inclui na história a medida que expõe os fatos, perguntando-nos qual seria o melhor desfecho ou o próximo acontecimento a se desenrolar. Além dessa dialética com o leitor, Barrie nos apresenta respostas mágicas e criativas para as perguntas infantis (e, talvez por isso, mais significativas) do dia-a-dia. Como sua linda explicação sobre as estrelas-que só podem observar a vida, como castigo por uma coisa que fizeram há tanto tempo que nenhuma delas se lembra.

Fiquei surpresa em reconhecer que o Capitão Gancho é uma metáfora da vida adulta, mas está tudo lá! É um homem que Peter combate com todas as suas forças, um homem que não vê mais alegria em nada e que mais se importa com sua aparência do que com qualquer outra coisa. Para ele, o pior defeito é a falta de educação.

Já Peter é o oposto. Peter Pan é a infância que desconhece o significado de barreiras e limites. Como ele próprio diz: “Eu sou a juventude, sou a alegria, sou um passarinho que acabou de sair do ovo.” Ao que Barrie nos adverte que “Peter não tinha a menor idéia de quem ou o que ele mesmo era.”

Depois de viverem diversas aventuras com Peter e os meninos perdidos, as crianças retornam à sua casa, inclusive dando abrigo à esses meninos-essa foi a única alegria da qual Peter se privou. Ao saírem da Terra do Nunca, todos começam a crescer e Pan vai ficando cada vez mais distante até que “(…) Wendy era uma mulher casada, enquanto Peter não passava de um montinho de poeira na caixa onde ela havia guardado seus brinquedos.” Agora Wendy tem uma filha e Peter volta para buscá-la, assim como fará com a filha dela e a filha da filha dela-como é de grande conhecimento de todos, Peter tem uma certa, como direi?, afeição maior por crianças.

Talvez pela sua vida tão marcada por perdas trágicas-o irmão de treze anos; o filho adotivo George; outro filho adotivo de nome Michael-Barrie venha nos lembrar o quão doloroso e nostálgico é o adeus à infância, mas garante que fica mais fácil se acreditarmos na inocência. Ele nos certifica de que todas as crianças crescem, menos uma.
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Mateus 28/06/2010

Sou fascinado por Peter Pan desde que era bem criança, e sempre achei incrível sua história. Comecei a ler este livro por mera curiosidade, e nada mais do que isto. Porém, Peter Pan e Wendy me comoveu e me emocionou de um jeito que nunca esperava. Sua história é tão emocionante que só lendo para entender. Vai em todos os extremos que passamos durante nossa infância, e é por isso que me tocou tão profundamente assim.

Quem nunca sonhou em ser criança para sempre? Nunca crescer, nunca trabalhar, nunca enfrentar as dificuldades da vida adulta? É exatamente essa questão tão delicada e tão profunda, que tivemos de encarar durante nossa infância, que o livro vem nos mostrar. O garoto Peter Pan é o que toda criança sempre sonhou em ser: nunca crescer, viver eternamente brincando, voar para todos os lugares, fazer o que quiser na hora que quiser. Peter é uma grande metáfora da infância, e a Terra do Nunca é como o local dos sonhos, cheio de aventuras, inimigos para se lutar, batalhas a enfrentar, sem mãe para chatear.

Vi uma grande melancolia em algumas partes do livro. É como se o autor estivesse lembrando de sua própria infância ao escrever Peter Pan. Porém, a maior parte é extremamente cativante e engraçado, ao lado dos Garotos Perdidos, os piratas, os peles-vermelhas, os animais selvagens, e o próprio hilariante Peter Pan. Embora o livro seja infantil, possui partes nem tão infantis assim. Os Garotos Perdidos e Peter participam de lutas e batalhas bem sangrentas, que talvez traumatizem muitas crianças que irão ler o livro.

O final é muito emocionante mesmo, fiquei extremamente muito triste. Me fez ver o que eu já sei há muito tempo, mas que prefiro esconder num lugar escura onde eu nunca possa encontrar: todos morrem, tudo passa. Apenas Peter Pan fica. Eu, que já passei desta fase há muito tempo mesmo, tive vontade de ser Peter Pan. Nunca crescer, ser criança para sempre, fazer o que quiser. Mas é apenas um sonho, um sonho que nunca irá se tornar realidade :(
Milena Karla - Mika 23/03/2012minha estante
Também fiquei triste. Queria ser criança para sempre também. E serei,pelo menos intimamente. Serei uma eterna criança.


Mateus 18/04/2012minha estante
Com certeza, Mika. Pelo menos em nosso interior podemos ser crianças para sempre, e é assim que quero ser. Só basta querer.




FNEVES 18/01/2010

Maravilhoso...
“ – Eu sou a juventude, sou a alegria, sou um passarinho que acabou de sair do ovo – Peter respondeu sem pensar.”


Peter Pan é um imortal, uma eterna criança quase um Edward Cullen (Rs RS). Com uma diferença Peter tem seus defeitos e Edward é perfeito. Mesmo por isso eles não deixam de serem meus preferidos.

Amo você Peter...
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Rodrigues 03/08/2009

Peter Pan e eu


Meu primeiro contato com Peter Pan não foi através do filme de Disney - como talvez aconteça com a maioria das crianças - mas, sim, pelas mãos da Dona Benta, de Monteiro Lobato. A versão de Lobato, apesar de não ser totalmente fiel ao original, se aproxima muito mais do que a de Disney. Talvez por isso, o livro tenha deixado um gosto ruim na memória da menina de 9 anos que eu era na época. Hoje eu sei que, sem querer, acabei percebendo algo mais do que a superficial história infantil. Para mim, durante muitos anos, Peter Pan, os meninos perdidos e a Terra do Nunca tinham um quê de mórbido.

Peter Pan e Wendy - J. M. Barrie (texto integral). Ilustrações de Michael Foreman. Tradução: Hildegard Feist. Editora: Companhia das Letrinhas.Somente em 2002, meu interesse por Peter Pan foi novamente despertado. Primeiro, uma recomendação de Luiz Antônio Aguiar, um professor que eu respeito e um escritor que admiro. Logo depois, li dois livros da Ana Maria Machado que falavam de Peter Pan: "Texturas " e "Como e Por Que Ler os Clássicos Universais desde cedo". Lendo esses livros eu comecei a descobrir o que havia por trás de Peter Pan e a entender o meu incomodo. No final do ano passado (2003), resolvi ler a tradução do texto original feita por Hildegard Feist. Bem, lido o livro, devo dizer que meu incômodo da infância foi explicado: para mim, Peter Pan e os meninos perdidos são o símbolo de crianças abandonadas, não desejadas pelos pais.

Tenho certeza que esta é uma versão (radical, talvez) dentre as muitas que o livro pode suscitar. Fundamentei-a na história do autor (o irmão morto na infância e os pequenos amigos de quem era tutor, já adulto) mas, principalmente, na sensação de melancolia e de impalpável que o personagem de Peter Pan me transmite.

Saindo agora de quem é ou não Peter, me dedico a uma elegia a J. M. Barrie. Há muito não me deparava com um autor tão brilhante! Ele navega com total segurança ao longo do texto, inserindo recursos narrativos deliciosamente criativos e usando a interferência do narrador com maestria. Além disso, cria uma história maravilhosa, que pode ser lida em camadas que vão desde o mais superficial conto infantil até um drama psicológico de dimensões trágicas. Barrie consegue um admirável equilíbrio entre o denso, o irônico e o lúdico. Para mim, é uma aula de boa literatura.

Mas é também um texto que exige fôlego do leitor que se propõe a ir fundo, pois cansa a alma. Na sua parte mais densa, Peter Pan é um texto difícil que deixa muitas perguntas sem resposta. E essas dúvidas fazem o leitor sofrer: Quem é Peter Pan e por que ele esquece? Quem é o capitão Gancho e por que o autor de forma não tão velada o admira? Wendy é feliz?

Pessoalmente, devo dizer que apenas uma coisa mudou desde a primeira vez que li Peter Pan, aos 9 anos de idade: hoje, posso dizer que é uma grande obra. Mas o livro ainda me incomoda, ainda me entristece, ainda me faz sofrer. Se, quando criança, a história trazia embutido o medo de não ser desejada por meus pais como Peter e a ansiosa vontade de ser adulta de Wendy; hoje, aos 36, traz a tristeza que sinto, como mãe, de ver um menino carente, abandonado, precisando se refugiar na arrogância para não desmoronar e, também, a melancolia de uma Wendy que ainda acha que ser adulto é melhor do que ser criança, mas que hoje sabe, que toda escolha implica em perdas.

Pefico 18/08/2010minha estante
Excelente resenha.


Lorraine 29/06/2012minha estante
Peter Pan também sempre me passou uma certa melancolia, um sentimento de que não era tudo tão perfeito como desejam demonstrar as personagens do livro. Sempre tive aquela sensação do conto de fadas com seu lado mórbido.

O que, não podemos negar, é o ingrediente essencial para todo conto de fadas perfeito.




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