Moringan 20/02/2023
N. K. Jemisin é magistral.
1. Falando de um ponto de vista geral da trilogia: à medida que a leitura avança, em algum momento você vai sentindo falta de “alguma coisa”, que passa impressão de que há uma falha na história, uma escassez, uma ausência nesse então mundo fantástico. Vi diversos leitores relatando isso e não posso dizer que discordo. Há algo a mais que deveria ter, há algo a mais que não tem. Mas, posteriormente, esse é um sentimento que é substituído por outro assim que se fecha o livro, - seja para um intervalo ou porque o finalizou -, que é o de: "Uau, esse livro possui tudo!". E a medida que você entra em retrospecto, esse sentimento/analise se tornar mais latente, e por fim, oblitera por completa a ideia "de que algo está faltando".
Quando terminei A Quinta Estação (o volume 1 da trilogia), não me encontrei pensativa ou desesperada para a próxima parte, estava em um estado de "ok, vou continuar, não tem minha paixão, mas conquistou o meu interesse". Para então, semanas mais tardes começar a refletir sobre o mundo e assuntos abordados nesse livro...Ser uma ideia inédita, original, é fato. E logo, fui consumida nesse interim, de repente, precisava alucinadamente ler O Portão do Obelisco.
Já estava inteiramente rendida.
2. O Céu de Pedra cumpre com o anunciado, exceto o final, devo dizer. Esperava uma conclusão quem sabe épica (?), ao passo que terminou "real" e me questiono se esse não foi a propositalmente o conceito, visto que, não, nem todos os problemas seriam resolvidos num passe de mágica e ainda há muito trabalho a ser feito, mais muito trabalho.
É difícil não relembrar da conversa que Hoa e Nassun tem no topo da torre sobre o futuro dos orogenes e a sugestão de que ela agora é a responsável na construção desse novo mundo. E de que possivelmente ela "deverá forçar as pessoas a serem descentes umas com as outra", considerando que apenas "a metodologia é o problema".
Nunca vi um fardo tão pesado quanto as montanhas, repousar nos ombros de uma criança (que há tempos deixou de ser criança).
Mas ainda assim, ansiava por um final mais significativo.
3. Neste livro todas as perguntas e dúvidas são respondidas, a trama se desenvolve entre os fios da urdidura e nenhum ponto é deixado de fora. Apesar dos personagens serem bem desenvolvido - principalmente Alabaster e Nassun (em minha opinião) -, não consegui me ligar a nenhum, pouco me importava se vivessem ou morressem. Todavia, simpatizei muito com Hoa e Alabaster.
4. A trilogia é cheia de assuntos delicados e importantíssimos a serem vistos e discutidos, e é claro, o tema racismo é o mais pungente, com todos os seus desdobramentos até o genocídio.
Os livros desembocam ao sofrimento e com ele ao ódio, a fúria e a inquietação. Todas as gerações, até onde se pode entender – naquele mundo e no nosso (?)-, sofreram e continuarão sofrendo de certo modo, até que a mudança se torne real, até que a justiça ocorra.
5. N. K. Jemisin é maravilhosa e não é de se admirar que tenha ganhado o Hugo Awards três vezes com esta trilogia. O que é de se questionar é fato de ela ter sido a primeira pessoa negra a ganha um Hugo de Melhor Livro, entendem?
Nas últimas páginas de O Céu de Pedra há uma Nota Editorial e o Discurso de N.K. Jemisin da cerimônia de premiação do Hugo de 2018, não deixem de ler.
6. Conclusão:
Com certeza outras pessoas fizeram resenhas e analises criticas e pomposas considerando cada ponto do livro e não seria para menos! Se dispusesse de tempo, diligentemente de me daria o trabalho, mas isso não vem ao caso (apesar de este ter sido o primeiro livro/série do qual eu gostaria de me dedicar a falar sobre até os mínimos detalhes). O que é conveniente para você e para mim saber agora é, se o livro é bom. E minha resposta é: sim, o livro, a trilogia é bárbara e impecável.
Leiam, leiam, leiam, leiam, leiam.
Dei 5 estrelas para A Quinta Estação
4 Estrelas para o Portão do Obelisco.
E também 4 para O Céu de Pedra.
Porém, considerando a série em totalidade com este último volume, dou 5 estrelas e daria mais se fosse possível. Este não é o tipo de história que se esqueça facilmente e pode apostar que vez ou outra você se voltará para ela.
Leiam, A Terra Partida!