A Filosofia explica Bolsonaro

A Filosofia explica Bolsonaro Andressa Urach




Resenhas - A Filosofia Explica Bolsonaro


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riquew 03/04/2020

Não se engane pelo título!
Realmente esperava uma análise do motivo do presidente ter sido eleito, relacionando o motivo do atual presidente ter sido escolhido com a filosofia, explicando desde os presidentes anteriores até a eleição de Bolsonaro.
Porém o livro é basicamente:
1 Cap: Como o autor entende o capitalismo até os dias atuais.
2 Cap a Conclusão: ataques completamente imaturos ao Presidente, seus filhos, e seus aliados. Tanta coisa para criticar e o autor se concentra em ataques a sexualidade de Jair Bolsonaro, ao fato de ele ter um desejo incontrolável por Ciro Gomes, ao tamanho do órgão e desempenho sexual de Eduardo Bolsonaro, ao fato de Carlos Bolsonaro não ser amado pelo pai (por ser homosexual e supostamente ter um relacionamento com seu primo), o fato de Paulo Guedes ter bochechas desproporcionais e por aí vai de mal a pior...
Excurso: aqui o autor realmente faz o que eu imaginei que faria no livro inteiro, relaciona todo o circo que foram as últimas eleições com conceitos da filosofia, mostrando quão ridícula e grotesca foi a campanha de Bolsonaro, e o porquê de ser um governante tão confuso e sem credibilidade perante a outras nações.
Lendo minha análise parece que estou pegando no pé do autor, mas em certo momento não sabia se o livro que estava lendo se tratava de uma comédia ou não!
Vindo de um autor que é Doutor em Filosofia pela USP, realmente esperava um livro mais fundamentado e com argumentos bons para criticar o governo Bolsonaro, o que convenhamos não é difícil, porém foram 128 páginas de ofensas de alguém que parece estar no ensino médio e não gosta do aluno que senta na mesa da frente.
Mauricio186 20/01/2021minha estante
Continue lendo Doutores em Filosofia pela USP e vai deixar de "esperar mais" desses caras.




Jess 01/05/2020

Desnecessário
Achei que ia conseguir realmente entender a cabeça um tanto quanto problemática do presidente, mas foi só mais um livro do autor esbravejando e destilando seu ódio pelo asno.
Júlio C. 01/05/2020minha estante
Não dá pra esperar menos de um "Olavo de esquerda" como Ghiraldelli




Eliette 23/12/2023

A filosofia explica Bolsonaro
Bem teórico em alguns momentos.
Interessante ver desdobramentos hoje, apontados quando foi escrito em 2019...
Traz um assunto que já está entre os que serão estudados esse ano: Neoliberalismo!
Fabio909 23/12/2023minha estante
O que achou do livro??




Lindenberg 23/12/2021

Não condiz com a capa.
O autor não entrega o que promete, de filosofia o livro não tem nada, apenas pensamentos soltos sobre os problemas do capitalismo e assim mesmo sem apontar possíveis soluções. A única coisa coerente na fala do autor é quando ele aponta os erros do governo Bolsonaro, o que não é nada especial, qualquer criança seria capaz de fazer isso.
Illana2 18/02/2022minha estante
Concordo plenamente!




Pan 05/12/2019

Esperei demais do livro
Por acompanhar o autor desde a época que ele ainda possuía muitos cabelos e produzia material sobre filosofia adquiri o livro com grandes expectativas, mas o mesmo se mostrou uma grande decepção. Segundo o próprio autor o livro deveria ser dado aos bolsonaristas, mas sinceramente não vejo sentido uma vez que ele escreve para as pessoas de extrema esquerda que provavelmente já conhecem a perspectiva que ele apresenta ou simplesmente irão aceitar tudo o que ele afirma simplesmente por vir de um professor com pós doutorado. Os tópicos são apresentados de forma rasa, pressupondo que as pessoas já conhecem o assunto que o autor está abordando. No entanto, é provável que as pessoas votaram em Bolsonaro justamente por não saberem dessas coisas; no lugar de explicar ele simplesmente joga argumentos ao ar sem um desenvolvimento adequado e por vezes mal apresentados. A afirmação é sempre correta, no entanto algumas vezes o motivo apontado está incorreto ou esse motivo não é desenvolvido o suficiente. Boa parte do livro é dedicada a falar mal de outras pessoas, o que não faz muito sentido em qualquer que seja a situação, mas nesse material me parece ser um erro ainda mais grave. No geral, fico com a impressão que o material não tem muito a acrescentar, seja para o público de direita, esquerda ou centro.
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day 02/01/2020

Necessário
?Somos à época do espetáculo.Mas não de qualquer espetáculo.Somos a época em que o aparecer,que é o que conta,deve aparecer em conexão com o próprio cultivo de imagem pela imagem.
Bolsonaro é a comemoração da morte da legenda.
Amei o livro, o autor realmente nos mostra a era grotesca e o líder grotesco que temos no poder.
Época das fakes News, amantes da teoria da terra plana e do movimento anti vacinas.
É triste e realístico.
Um livro maravilhoso! Menos para olavetes.
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Sandro 20/01/2020

Livro fraco sem relação com o título
O autor até inicia bem o livro, contando a história econômica das últimas décadas (pelo menos um lado da história - crítica ao capitalismo), ou seja, as primeiras páginas se parecem com uma aula universitária típica dos cursos de humanas. Nos demais capítulos o nível desaba e o autor mostra toda seu ódio contra Bolsonaro e asseclas sem se preocupar com a lógica na construção do enredo. Pelo título eu esperava que o livro fizesse uma verdadeira análise filosófica do Bolsonaro e não se resumisse a um compêndio de pequenas (pequenas mesmo) historinhas regadas por grandes porções de suco biliar.
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katy.lira.7 15/02/2020

Pontapé inicial
O livro mostra um panorama superficial da atual situação politico-social do Brasil. Apesar de não se aprofundar muito em questões e apresentações de possíveis sugestões de solução, nos dá uma orientação sobre assuntos que de acordo com nossos interesses podem ser aprofundados futuramente. Vale a pena a leitura principalmente para os Bolsonetes.
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Bruno Cremonezzi 01/03/2020

Filosofia?
O livro mais narra a alguns acontecimentos do governo com comentários sarcásticos e ofensivos do que realmente fazer uma análise filosófica da política atual. Seria um sólido 3, mas ao final, faz justamente o que propõe, por isso deixo um vacilante 4.
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Ale Giannini 17/05/2020

Tinha tudo para ser bom
O autor começa bem e desenvolve uma narrativa bem construída sobre a personalidade doentia de Bolsonaro. Infelizmente, em determinado momento só livro, ele foge do tema proposto para tentar explicar a polirica, caindo na armadilha da polarização.
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Davi.Paiva 03/03/2024

Leve, mas bem analítico
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Apesar de ser formado em Letras, a Filosofia é um dos meus ramos de estudo preferidos. E a ascensão do ex-presidente Jair Bolsonaro me fez ter mais vontade de entender política. Logo, é de se esperar que eu tenha gostado muito de encontrar um livro que una uma área de estudo que tanto aprecio analisando uma figura que tanto desprezo. Certo?

Nem tanto.

Vou explicar. Como já li livros como "Super-Heróis e Filosofia", "Star Wars e Filosofia" e também "Matrix: Bem-Vindo Ao Deserto Do Real", esperava encontrar algo mais embasado e fundamentado, usando diferentes filósofos para analisar esta figura execrável que governou o Brasil (e espero que não volte!). Infelizmente, acabei encontrando textos que mal tinham ideias de Nietzsche, Platão e Wittgenstein. Pelo menos as ideias de pensadores mais modernos como Byung-Chul Han e Peter Sloterdijk foram legais.

Se por um lado "A Filosofia Explica Bolsonaro" não se assemelha a outros livros que já li de pautas comuns sob o olhar da Filosofia, pelo menos encontrei textos curtos e fáceis de ler que me lembraram obras como "De Que Lado Você Está?" ou "Quem Tem Medo do Feminismo Negro?". Não sei se o autor, Paulo Ghiraldelli Jr., já escreveu para a revista "Carta Capital", mas se não escreveu, seria uma contribuição valiosa.

Ainda que a leitura tenha me surpreendido e gerado comparações positivas, ter uma introdução tão longa com capítulo de conclusão e excurso a prejudicam. Sem contar que é um livro publicado em 2019, ou seja, não contempla as ações de Bolsonaro na pandemia e na tentativa pífia de reeleição. Todavia, creio que a obra ainda pode ser um bom elemento de estudo do que foi viver esta época quando não se era um alienado chapado de cloroquina e se informando apenas por materiais via WhatsApp ou matérias assinadas por repórteres da Jovem Pan.

Pelo menos, para finalizar, a editora fez um bom trabalho com fonte Minion Pro (que coincidência! Usaram a fonte Minion para imprimir um livro sobre o Bolsonaro! Ahahahahahahah...) em bom tamanho, que compensou a folha branca que eles alegam ser Pólen Soft 70g/m².

Então se querem ler um material leve e analítico do que era esse filhote da ditadura antes e durante o seu primeiro ano na presidência, não deixem de ler esta obra.

Recomendo!
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Renato 28/05/2020

Necessário
Obra mais que necessária para o entendimento do caos e do terror democrático no qual vivemos hoje. É importante entender o que se passa na cabeça do traste eleito pela elite e classe média rancorosa por mentiras deslavadas vendidas pela mídia e pela própria classe política do passado recente, além de uma patologia brasileira que leva as massas a um pensamento de dominação sobre o mais fraco constante. Classe esta que sequestra dia a dia as liberdades democráticas.
Entendê-lo agora é entender o nosso pior inimigo e saber como agir contra atitudes golpistas, militaristas e, logo, bolsonaristas agora e no futuro que nos espera.
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MF (Blog Terminei de Ler) 27/07/2020

Narrativas interessantes para tentar entender o presidente, mas prejudicadas pelo comportamento beligerante de seu autor, bem como falácias oportunas e uma edição descuidada do livro
“A filosofia explica Bolsonaro”, livro do professor e filósofo brasileiro Paulo Ghiraldelli Jr. Na obra, o autor se debruça sobre a figura do atual Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro. São analisados também seus filhos, que possuem protagonismo no Governo, bem como aliados. É analisada também a extrema-direita brasileira.

Paulo Ghiraldelli é uma pessoa com um currículo acadêmico respeitado. Bacharel em filosofia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, mestre e doutor em filosofia pela USP, mestre e doutor em filosofia e história pela PUC-SP e pós-doutorado em medicina social pela UERJ. É escritor de mais de 40 livros nas áreas de filosofia e educação. Já ministrou em universidades, sendo também o fundador e diretor do Centro de Estudos em Filosofia Americana (CEFA). Possui um canal no YouTube com centenas de milhares de seguidores (1). É, portanto, uma pessoa cujas opiniões, ainda que se discorde delas, merecem uma conferida. Afinal, em um país com muitos influenciadores digitais e pseudo-intelectuais (Luiz Felipe Pondé e Olavo de Carvalho, por exemplo), escutar pessoas que falem com certa propriedade é o mínimo que se espera. Naturalmente, isso não torna tais pessoas imunes a críticas, incluindo o autor, como veremos adiante.

SOBRE O LIVRO

O livro de Ghiraldelli foi lançado no final de 2019. A presente leitura foi feita no final de fevereiro de 2020. O autor, obviamente analisa apenas o primeiro ano de mandato de Bolsonaro. Aqui temos um problema: livros sobre Bolsonaro e/ou seu Governo se tornam, rapidamente, obsoletos. A culpa disso não está no autor, mas na capacidade que o presidente tem de criar, de maneira ininterrupta, situações de crise e polêmicas gratuitas. Em 2019, o Brasil não teve uma única semana de paz, sem que o noticiário tivesse que lidar com algum atrito, polêmica, crise diplomática, escândalo, etc. O militante bolsonarista precisa de um alvo, de um assunto ou problema, previamente estabelecido/fabricado, para se manter “pilhado”, em um front acéfalo, que não leva a nada minimamente relevante para o país. Provavelmente, Ghiraldelli, ciente disso, opta por uma análise mais ampla, sem ficar preso em episódios muito específicos, ainda que sejam citados em momentos oportunos (2).

Um outro detalhe a ser considerado é o título. Quando se diz “a filosofia explica Bolsonaro” o que temos, na realidade, é “o autor opina sobre Bolsonaro”. Digo isso pois, em pouquíssimos momentos, outros filósofos são citados/lembrados na obra. Embora o Ghiraldelli seja um filósofo e educador de formação, o livro carece de uma bibliografia recomendada, referências consultadas e notas de rodapé. Com isso, algumas narrativas podem soar como uma opinião aleatória, um ataque pautado em achismo. Não seria tão correto pois é visível influências de Peter Sloterdijk, Karl Marx, etc., nas narrativas construídas por Ghiraldelli. Há uma visível influência do ur-fascismo de Umberto Eco na análise da extrema-direita brasileira que apoia Bolsonaro. Também é possível notar uma influência de Ladislau Dowbor e Maria Lúcia Fatorelli na análise do atual capitalismo brasileiro e suas pseudo-reformas (as duas figuras não tão consensuais dentro da esquerda). Tais influências são conhecidas por pessoas que já assistiram os vídeos do autor em seu canal no YouTube. Contudo, um leitor comum não conseguirá, provavelmente, captar essas fontes. Um texto sem fontes corre o risco de não ser levado a sério e, com isso, a obra corre o risco de ficar restrita ao grupo de pessoas que já conhecem e/ou acompanham o Ghiraldelli na internet. Não se trata de um livro acadêmico, como o próprio autor diz nas primeiras linhas, mas isso não exime o livro de ter que apresentar os fundamentos bibliográficos de suas narrativas, algo não apresentado em boa parte da obra. Citações ocasionais de filósofos no corpo do texto, em momentos oportunos, não são suficientes, ao meu ver, para gerar novos leitores críticos pois a maior parte das narrativas não tem uma referência atrelada.

Sobre os textos contidos no livro, não os abordarei detalhadamente pois acredito que o leitor deve conferir e tirar suas próprias conclusões. As narrativas construídas por Ghiraldelli, criticando o presidente e pessoas ligadas a ele, possuem certo fundamento e são coerentes na maior parte do tempo. O texto é interessante. O problema reside em certas afirmações que podem, facilmente, ser consideradas falaciosas pois são construídas em argumentum ad hominem. Por mais que certos personagens reais sejam figuras execráveis, o ataque provocativo, por vezes contido no texto, afasta os eleitores que votaram em Bolsonaro. No artigo sobre os filhos do Bolsonaro, por exemplo, o possível tamanho diminuto do órgão genital de Eduardo Bolsonaro é citado (assunto que ganhou estranha notoriedade devido a ataques de uma ex-noiva dele), sem uma razão prática clara disso. Faltou uma nota de rodapé, uma referência, que explique a importância desse fato tosco num texto de filosofia/ciência política e que ajude, um possível eleitor do futuro, a entender todo o contexto citado. Citei esse exemplo isolado, mas isso ocorre várias vezes durante a leitura.

A POSTURA PROBLEMÁTICA DO AUTOR

Ghiraldelli é considerado uma figura polêmica dentro da esquerda. Ao meu ver, é mais do que isso: Ghiraldelli, muitas vezes, se comporta de forma belicosa. No início do livro, ele afirma: “(…) estou longe daqueles que dizem que “não é para polarizar”. Faço textos para radicalizar, polarizar e criar conflitos. Não faço livros para ter adversários, faço-os para ter amigos e inimigos”. Isso é problemático pois qualquer pessoa, absolutamente qualquer um, que ouse criticar algo que o Ghiraldelli disse/escreveu, passa a ser um “inimigo” em potencial. Em boa parte dos vídeos de Ghiraldelli, no YouTube, há ataques contra outras pessoas da esquerda brasileira. Uma das brigas mais antigas é com o jornalista Luís Nassif, agredido por Ghiraldelli por, supostamente, ter recebido dinheiro do Partido dos Trabalhadores (PT) durante os anos em que ocorreram escândalos de corrupção na gestão petista. O Nassif escreveu, anos atrás, um texto sobre o assunto (3). Houve ainda polêmica com alunos da UFRRJ, que interromperam uma aula do Ghiraldelli, acusando-o de discurso depreciativo contra minorias, fato que dividiu a comunidade acadêmica daquela instituição (4). Também se envolveu em polêmica com a jornalista Rachel Sheherazade (na época, alinhada à direita, hoje numa posição mais progressista) (5). Ele escreveu também textos polêmicos sobre pedofilia e estupro (6). Em tempos recentes, Ghiraldelli fez ataques contra pensadores progressistas tais como Leandro Karnal e Jessé Souza. Também atacou influenciadores de esquerda como o biólogo Pirula, a Sabrina Fernandes (do canal Tese Onze) e o escritor Henry Bugalho, ambos com atuação no YouTube. Alguns influenciadores progressistas, como a Gabriela Prioli (da CNN e YouTube), também foram atacados. Um apanhado de todas essas posturas pode ser conferido numa live transmitida por Carlito Neto, do canal “O Historiador” (6). Para dar o devido contraponto, recomendo a leitura da entrevista que o Paulo Ghiraldelli deu à revista IstoÉ (7) e a conferência de seu próprio canal de vídeos.

Essa postura belicosa do Paulo Ghiraldelli o isola. Políticos não participam de seu canal (9) provavelmente influenciados por esse histórico. Os ataques contra o Pirulla e o Henry Bugalho, citados acima, tem motivação estranha: seria porque, talvez, ambos abordaram o Ghiraldelli em algum vídeo antigo ou seria porque, por serem nomes em evidência, para se aproveitar da visibilidade dada pelo algoritmo do YouTube, Ghiraldelli crie polêmicas para tornar seu canal mais popular? Se for, trata-se de uma estratégia utilizada por influenciadores de direita no próprio YouTube como, por exemplo, Nando Moura, que por meio de discursos de ódio e ataques deliberados contra figuras conhecidas da esquerda, fez o seu canal crescer e se tornar tão relevante ao ponto do próprio presidente o citar como referência. Pode ser, é claro, sem querer ser injusto, uma mera divergência de opiniões, mas o histórico do autor faz com que todas as opções sejam consideradas. Por mais que o canal do Ghiraldelli tenha centenas de milhares de seguidores, isso não denota uma liderança no campo da esquerda.

Ghiraldelli argumenta que existe uma esquerda identitária que, num discurso pró-minorias, tomou espaço no debate político na medida em que o PT assumiu o comando do país, abandonando as ruas, o que afastou a esquerda do povo e possibilitou a ascensão da atual extrema-direita brasileira: bélica, violenta, intolerante, preconceituosa e retrógrada. É uma narrativa válida e é atualmente um debate existente dentro da esquerda brasileira. Porém, acredito que Ghiraldelli use essa narrativa como uma justificativa para excessos cometidos por ele no passado (citados anteriormente). Uma coisa, obviamente, não justifica a outra pois excessos… são excessos. E o identitarianismo é uma pauta que merece um debate maduro, razoável, sustentado por dados.

A verdade é que, ao longo dos anos, Ghiraldelli se sabotou várias vezes, tendo que se reinventar. Nada contra. O problema é que a postura problemática persiste. Paulo Ghiraldelli caminha, a passos largos, para se tornar a figura que ele mais execra. Ele tem se tornado uma espécie de “Olavo de Carvalho da esquerda”. Tal como Olavo, ele utiliza a erudição como uma forma de impor uma narrativa. Enquanto o guru conspiracionista e charlatão cita leituras (visto que ele não completou os estudos) e autopropaganda, Ghiraldelli cita também leituras e seu currículo, de forma narcisista, em falácias de apelo à autoridade. Enquanto Olavo possui alunos e discípulos que o seguem de forma cega, Ghiraldelli possui seguidores nas redes sociais. Se os olavistas questionam o guru, este os ataca com termos chulos e incentiva os demais membros a isolarem o “rebelde”; se algum seguidor de Ghiraldelli o critica/refuta, este é chamado de “burro” e outros termos. O Ghiraldelli criou, inclusive, um insulto para usar contra pessoas de direita, mas que ele também usa para qualquer pessoa que o critica: “DCP” ou “Deficiente Cognitivo Programado”, no qual uma pessoa, por livre vontade, abre mão de pensar, em favor de uma ideologia. São feitos ataques modificando o nome dos alvos com trocadilhos infantis, prática também olavista: nas palavras do Ghiraldelli, Gabriela Prioli vira “Gabriela Piolho”, Henry Bugalho vira “Bagulho Bochecha”, etc. Eu mesmo, que já tive uma conversa muito amistosa com o Ghiraldelli sobre uma outra resenha minha no passado, fui ofendido (chamado de “burro”) pela atual namorada dele em um chat promovido em seu canal do YouTube, quando fiz uma crítica parecida com a que você está lendo (10). Trata-se de um modus operandi do autor, que contamina quem o ajuda e/ou segue.

É visível que existe uma necessidade de Ghiraldelli em tentar monopolizar o debate e os caminhos da esquerda, algo que ele próprio critica o PT de fazer. Há também discursos fantasiosos como a de que ele foi o primeiro a pedir o impeachment de Bolsonaro, que ele lidera um movimento de resistência, etc. Há uma incapacidade de reconhecer quando erra, pedindo desculpas. Um exemplo emblemático foi envolvendo a Deputada Tabata Amaral (PDT). Ghiraldelli reagia com rispidez e ataques a qualquer crítica feita a ela, vindos da esquerda, oriundos da relação dela com o Movimento Acredito, quase um “partido clandestino”, nas palavras de Ciro Gomes (8). Contudo, ele foi obrigado a rever seu posicionamento quando a mesma Tabata votou a favor de uma Reforma da Previdência que atacava direitos dos aposentados, principalmente os mais pobres. A reforma foi aprovada. Não houve pedido de desculpas aos seguidores que ele atacou.

Nunca se precisou tanto de uma união das esquerdas, principalmente do PT e do PDT, para fazer frente ao cenário que se apresenta para as próximas eleições presidenciais, nas quais teremos, provavelmente, Jair Bolsonaro tentando a reeleição (se não sofrer impeachment devido aos crimes cometidos) e algum candidato da centro-direita-liberal (Sérgio Moro?). Afinal, o PT ainda está enfraquecido para uma disputa num segundo turno, Ciro Gomes possui um eleitorado já estabelecido e que não cresce, e outros nomes da esquerda são inexpressivos (em questão de votos). O jornalista Glenn Greenwald parece um dos poucos que percebeu isso e tem tentado propor um debate Ciro-Lula há tempos (11). A postura de Ghiraldelli prejudica todas essas iniciativas de se criar uma frente ampla para bater de frente com a direita.

CONCLUSÃO

O livro do Paulo Ghiraldelli possui narrativas interessantes, mas que não são isentas de questionamentos válidos e de falácias. A velocidade com que as coisas no atual Governo acontecem, tornam os livros sobre o assunto rapidamente defasados. Entretanto, tais livros são importantes por tirarem um retrato caótico do momento. No caso da presente obra, há uma carência de referências bibliográficas e notas de rodapé para auxiliar ao leitor que não acompanha o autor no dia-a-dia, dando a impressão que a edição foi feita de forma apressada, descuidada.

Por mais que devemos separar o criador da criação, a postura beligerante e narcisista do autor não deve ser negligenciada. Ela contamina a avaliação do livro, tumultua por baixo o debate dentro da esquerda, favorecendo grupos de direita que, supostamente, o autor combate.

É uma leitura válida, regular, que deve ser feita com o senso crítico ligado e afiado.

(1) GHIRALDELLI, Paulo. Filósofo Paulo Ghiraldelli. YouTube.

(2) Nota de julho de 2020: Alguns acontecimentos, ocorridos após o lançamento do livro, tornam a obra um pouco obsoleta. Cito, como exemplos, inquéritos criminais abertos contra os filhos do Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e os ataques contra o STF, o Congresso, o Senado e a imprensa, cometidos por militantes bolsonaristas em retaliação. Alguns aliados do Bolsonaro citados no livro romperam com o presidente, tais como a Deputada Joyce Hasselmann e o ex-juiz Sérgio Moro (que prendeu Lula – quando ele liderava a corrida presidencial – e ganhou o cargo de Ministro da Justiça), que saiu fazendo acusações graves e fundamentadas contra Bolsonaro. Cito ainda a forma irresponsável e criminosa como o Governo Federal lidou com a pandemia de covid-19, maior crise sanitária mundial dos últimos cem anos e que, no presente momento, matou mais de 80 mil brasileiros, número que seria bem inferior se Bolsonaro tivesse seguido as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Nos últimos dias, Bolsonaro foi denunciado no tribunal internacional, em Haia, por genocídio e crimes contra a humanidade.

(3) NASSIF, Luís. O caso do “filósofo” Ghiraldelli. Jornal GGN, 27 de agosto de 2010.

(4) PINTO, Ana Carolina. Alunos da Rural invadem sala e acusam professor de machismo, racismo e homofobia. Extra, 19 de novembro de 2013.

(5) R7. “Espero que ela seja estuprada”, diz professor de filosofia sobre apresentadora de TV. R7, 27 de dezembro de 2013.

(6) NETO, Carlito. Precisamos falar sobre Paulo Ghiraldelli e o papel da esquerda. YouTube, O Historiador, julho de 2020, 97 minutos.

(7) GIRON, Luís Antônio. Entrevista – Paulo Ghiraldelli filósofo: Petista faz auê, bolsominion é perturbado. IstoÉ, 13 de dezembro de 2019.

(8) ARCANJO, Daniela. Ciro diz que movimento de Tabata é ‘partido clandestino’ e que ela faz dupla militância. Folha de S. Paulo, 13 de julho de 2019.

(9) Nota de julho de 2020: Em tempos recentes, Guilherme Boulos (PSOL) negou um convite para participar de uma conversa com Ghiraldelli, por exemplo.

(10) Fato ocorrido em uma live, no YouTube, em julho de 2020.

(11) Nota de julho de 2020.
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@fernandajfguimaraes 07/09/2020

O título não tem nada a ver com o conteúdo do livro. Não é de se jogar fora, mas não traz discussões muito sérias.
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