Davi.Paiva 19/11/2022
PN + A + NS = ACGdFF
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Mais um livro que adquiri graças a uma feira de troca de livros realizada pela Biblioteca Mario de Andrade, em São Paulo. E sendo uma obra do segmento afro, tive grande interesse em ler.
Primeiro, a avaliação editorial: papel pólen, fonte serifada e capítulos abrindo com uma frase em uma página preta? A editora mandou muito bem! Só não foi melhor porque o índice não indicava as páginas dos capítulos e exigiam uma folha inteira para a inclusão de tais frases de abertura. Então deu para sentir um "vazio", dependendo de onde a frase estava colocada e onde começava um capítulo. Mas até aí, não foi nada que possa ser considerado um erro ou vacilo.
A protagonista é bem carismática. A questão de ela ser lésbica é retratada com tanta naturalidade que eu até pensei "é assim que as coisas deveriam ser", visto que ninguém faz alarde.
O mundo criado pelo autor também é muito interessante. Tem um passado, regras, tecnologia avançada comparada com a nossa, um sistema de valorização da cultura afro... Para quem viu o filme do Pantera Negra e/ou conhece a estética afrofuturista, sabe que Fabio Kabral acertou em cheio.
Daí vocês podem me perguntar: se você gostou da protagonista e do mundo, quer dizer que você amou o livro?
E eu digo: não.
Quase posso descrever esse livro com uma fórmula matemática: PN + A + NS = ACGdFF. "PN" porque ele tem a estética afrofuturista tal qual "Pantera Negra". "A" porque ele uma luta e um ódio contra corporações no melhor estilo cyberpunk de "Akira". E "NS" porque as suas batalhas de personagens se movendo rápido, dando enormes saltos e cortando pessoas ao meio com apenas um golpe fazem "Naruto Shippuden" parecer uma inspiração ao autor.
Tudo bem que gosto de "Pantera Negra", "Akira" e não acho "Naruto Shippuden" tão ruim quanto "Dragon Ball Z". Logo, estou comparando coisas boas com o livro. Todavia, acho que o autor misturou coisas demais em um livro que tinha um potencial muito bom para se desenvolver mais coeso. E nessa aventura de juntar tudo, até as coisas boas saíram prejudicadas: eu posso ter gostado da protagonista, mas ver como ela volta a ser uma criatura descontrolada de fúria após saber que o pai havia sido sequestrado pelo vilão mesmo depois de ela passar por todo o treinamento para lidar com o seu poder? Prefiro a imagem estática de Jamila ao que ela se torna no decorrer do livro. Ou melhor: não se torna.
Sem mais.