Valério 02/12/2015
O bode expiatório
Ao pensar em Barrabás, a maioria dos cristãos sentem uma ponta de ressentimento. Afinal, Barrabás era um ladrão contumaz, um homem sem princípios e assassino. E, para que Jesus fosse crucificado, Barrabás foi libertado.
Mas poucos os que refletem que Barrabás não escolheu ser liberto em lugar de Jesus Cristo. Ademais, Jesus foi crucificado porque assim estava escrito, assim haveria de ser. Assim, se fôssemos atribuir a Barrabás a responsabilidade pelo que ocorreu, deveríamos quase que nos sentir agradecidos, pois Barrabás teria ajudado a se cumprir os desígnios divinos. Quantas vezes em nossas vidas não nos vemos diante de situações como essa. Culpamos pessoas próximas pelos infortúnios que nos acometem. Mas muitas vezes elas pouco ou nada tem a ver com isso. E, mesmo que tenham, muitas vezes devemos passar por experiências, como parte de uma estratégia maior. E coube àquela pessoa ser o responsável pela nossa tribulação necessária. Apenas não sabemos aceitar resignados o que nos é imposto, como corajosa e santamente o fez Jesus Cristo.
A história deste livro traz o peso moral que perseguiu Barrabás logo após ter sido solto.
Barrabás não acreditava em Cristo como Messias e Salvador. Mas também não duvidava. Era apenas indiferente. E, ao recomeçar sua vida, se viu convivendo com pessoas que acreditavam no Filho de Deus e começou a se questionar. Mas, de coração duro, ainda assim não se converteu.
Procurava apenas viver a sua vida. Até ser aprisionado como escravo em uma mina e se aproximar de seu companheiro de correntes.
A vida lhe traz surpresas e Barrabás se vê o tempo todo envolto pela aura e pelo rastro que Jesus deixou na terra.
Impressiona o realismo da obra, como o autor teve a perspicácia de imaginar o restante da vida de Barrabás e como se nos parece verossímel, a ponto de não acreditarmos que pudesse ter sido muito diferente.
Um livro excelente, profundo e delicado.
Lindo.
Um livro para Cristãos, ateus e agnósticos.