Mandíbula

Mandíbula Mónica Ojeda
Mónica Ojeda




Resenhas -


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Rafael G. 15/10/2022

Resenha - Mandíbula
"Mandíbula" começa com um sequestro: Fernanda, a sequestrada, é aluna; Miss Clara, a sequestradora, é professora. E o Colégio Bilíngue Delta - High School For Girls é o cenário que se abre para que entendamos, pouco a pouco, através de idas e vindas no tempo, o que corre por baixo desse encontro - o tanto de coisas não-ditas, micro agressões, violências de gênero e classe que produzem episódios completamente perturbadores (e hipnóticos, porque é impossível parar de ler).

O que mais gostei no romance é o frescor. Nos últimos anos, os debates de gênero e classe têm ocupado a Literatura de forma muitas vezes cansada, repetindo chavões e saídas fáceis. O êxito do livro neste sentido se dá, creio eu, porque os temas estão a serviço das personagens, não o contrário: Fernanda, Miss Clara, Annelise e todas as outras movimentam verdadeiramente a história; suas questões reverberam, interferem e produzem um quadro psicológico muito vivo, pulsante, permitindo que as conheçamos cada vez mais.

E essas entradas na composição psíquica das personagens são importantíssimas na medida em que "Mandíbula" caminha na incerteza. O terreno é pantanoso. Avançamos em cenas movediças, que sempre guardam um tanto de sonho, fantasia, delírio e irrealidade, numa composição intensificada pela mudança de forma a depender de quem conta (diálogo com o psicanalista ou puro fluxo de consciência, por exemplo). A autora costura diferentes registros numa teia complexa, sem perder a sua verve pop ou deixar de acionar referências que vão de Lovecraft a creepypastas. Este livro é daquelas coisas que, pelo menos em mim, disparam criatividade e curiosidade, e reavivam o desejo de continuar lendo (e escrevendo).
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Vinder 01/11/2022

Bom livro de uma jovem escritora equatoriana. Passando por temas como maternidade, adolescência e sexualidade.
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Karlesy 05/10/2023

Que pancada ?
Daqueles livros que ficam na categoria, me traumatizou, amei ?
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Esse livro fala de tanta coisa, que acho difícil de tentar sintetizar tudo que refleti em um simples texto. Além de qualquer coisa, a escrita é crua, direta e reta. O que dá a impressão de levar tijoladas no fundo da alma, na medida em que viramos as páginas. Sobre os temas, além da reflexão a respeito do afeto na maternidade, vamos passando por assuntos que tangenciam a liberdade ou falta dela no universo feminino, além de ser um belo ensaio sobre as angústias e o horror presentes na puberdade. O quanto tudo que é desconhecido é assustador, paralisa e hipnotiza: o Deus Branco, idade de leite!
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A simbiose na relação entre mãe e filha e nas amizades ao longo da vida é tratada de um jeito animalesco e visceral. O que não deixa de ser uma representação no concreto do que se é no emocional! Engolir o outro, de todas as formas possíveis ?
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Terminei batendo palmas! Por favor, leiam ? Apenas 5 estrelas, Favoritado! ?
Letícia 05/10/2023minha estante
tô doida pra ler esseeeee


Karlesy 07/10/2023minha estante
Se joga, pq é otimooooo! Aquele terror psicológico bom pro mês de outubro ??




hijadeartemis 17/02/2024

Um dos piores livros que já li na minha vida. Misógino e lesbo odioso ao limite, mas nenhuma dessas palavras permite a descrição da perversidade tomada como inerentemente feminina que alimenta esse livro. É um fever dream psicanalítico, com as mais superficiais imagens criadas pelo pensamento masculino sobre as mulheres revestida de uma estética também masculina só que na voz de uma autora mulher. Assustador e triste, mas não pelos motivos que esse livro gostaria de ser. É a morte total da liberdade feminina. É pura miséria pornográfica.
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Alexsander.Rosa 31/10/2023

O Deus Branco
Vou ficar refletindo sobre este livro por um bom tempo... que história fantástica, bem escrita.
A autora se inspira em concepções sobre o duplo, se inspira em Psicose, e usa disso e mais elementos para escrever uma história tão crua e verdadeira sobre o universo feminino, a puberdade, a relação mãe-filha, o medo de crescer e o medo da juventude (tão opostos, tão complexos, mas tão verdadeiros).
É visceral, a carta da Anne para a Clara me despertou tantos sentimentos, e o capítulo final da Miss Clara conversando com a Fernanda... hipnotizante.
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nxcecvx 11/03/2023

Eu queria que você me guardasse na sua mandíbula
A premissa do livro não adianta a leitura, não dimensiona a profundidade e a visceralidade na escrita da Monica Ojeda. Não é uma história linear e pode frustrar quem espera uma conclusão. É uma história de passado, mais focada em construir as intimidades das personagens do que em dar uma trajetória tátil pra elas.
Um livro muito bonito, grotesco, extremamente feminino, extremamente maternal, e um horror (horror mesmo!) muito bem escrito. Mesmo com muita vontade, duvido conseguir descrever o que li. Não acho que seja um livro de recomendação, por ser pessoal demais - eu tenho vontade de guardar, sentir que ele é só meu, só pra mim.
diliterando 14/03/2023minha estante
Belas palavras....tô começando a leitura...




Literatura e Expressão 06/09/2023

Mandíbula [2022], Mónica Ojeda
Demorei mais de um mês para terminar de explorar a monumental narrativa que é "Mandíbula." E confesso, foi uma das melhores experiências de leitura de terror que tive este ano. Esse romance é uma construção psicológica que se encontra na mandíbula e também no útero. A relação mãe/filha, professora/aluna, amiga/irmã, sexualidade/violência... são o centro da narrativa perturbadora de Ojeda.

A história começa com Fernanda em uma cabana no meio da floresta com os pés e mãos amarrados. Quem a sequestrou? Ninguém menos que sua professora de literatura, Miss Clara. O começo da trama suscita a curiosidade do leitor ao apresentar esse evento aparentemente inconcebível: uma professora sequestrando sua própria aluna? Entretanto, esse episódio é apenas um ponto de partida em meio a uma intrincada teia de elementos perturbadores que permeiam a narrativa da autora equatoriana.

Sexualidade, violência, religião, educação... Ojeda incorpora todos esses elementos (e muitos outros) em um mundo regido por um Deus Branco, que representa a "ausência de cor, morte e indefinição", antecipando acontecimentos terríveis. O branco nesta narrativa é o "silêncio em um filme de terror."

O horror branco, o horror do deslumbramento que resulta no medo "do que se revela na luz brilhante e sem saturação". A autora utiliza amplamente elementos da cultura pop, como vampiros, Slenderman, fantasmas e até mesmo Moby Dick de Herman Melville, para ilustrar sua ideia. Essa narrativa aprofunda-se em minúcias, desvelando a difícil relação psicológica que se desenvolve entre personagens femininas complexas.

A mandíbula, frequentemente representada como um refúgio seguro onde as mães protegem seus bebês, também está intrinsecamente ligada ao útero. O termo 'mandíbula' desempenha um papel narrativo que vai além do título, ora como um símbolo de violência, ora como uma representação do ato sexual ou da própria vida. A narrativa de Ojeda procura destacar “a forma verdadeira do medo” e, em minha opinião, ela o faz com maestria.


site: https://www.instagram.com/literaturaexpressao/
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mariwho1661 31/01/2024

Mandíbula - surpreendente!
Fernanda acorda em uma cabana, sem saber onde está. Foi sequestrada por Miss Clara, sua professora de literatura e não faz ideia do motivo.

O enredo do livro já começa de uma forma assim, sombria. Por que uma professora iria sequestrar a sua própria aluna? Ao longo do livro, essa pergunta demora de ser respondida, mas outros elementos - igualmente tão perturbadores quanto o próprio sequestro - vão sendo elucidados nas páginas.

Apesar de todos os capítulos serem escritos em 3ª pessoa, alguns contam a partir da perspectiva de Fernanda e suas aigas, outros da história de Miss Clara e sua falecida mãe, e outros ainda são diálogos mais curtos e até conversas da menina com seu psicanalista. Tudo isso faz o livro se tornar menos denso, mas ainda assim sombrio e perturbador.

Foi a primeira vez que me aventurei no gênero. Mónica Ojeda tem uma escrita interessante, e não poupou palavras para trazer às linhas o que há de mais sombrio nos desejos e no inconsciente de personagens totalmente perturbadoramente disfuncionais - mentalmente falando.

Sinto que precisa de um pouco de estômago para ler. A relação de Fernanda com suas cinco amigas não é nada comum. Sentem prazer no sofrimento e se permitem viver situações absurdas por puro "divertimento". Enquanto a professora, cheia de traumas, abandona a própria identidade e se mostra uma verdadeira parasita. O livro é cheio de dinâmicas perversas e assustadoras. É de se perguntar, será que existe gente assim mesmo?

Apesar de ter gostado muito, senti que faltaram algumas páginas. Principalmente em relação ao sequestro em si. Também tive a impressão de que a autora faz o uso de palavras e ideias, em alguns momentos, desnecessariamente agressias, talvez no intuito de chocar a causar ainda mais perturbação no leitor. Mas, ainda assim, gostei da leitura. Só não sei muito bem como me sinto em relação ao gênero. Talvez precise ler mais uma ou outra coisa para me decidir, mas me surpreendi!
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Jaqueline.Schmitt 30/01/2024

Densidade, adolescência, medo, mulheres, horror e violência.
Mandíbula, Mónica Ojeda. Tradução de Silvia Massimini Felix

Fernanda e Anelise são duas melhores amigas que estudam num colégio muito caro e católico de Guayaquil. Elas têm uma professora de Língua e Literatura chamada Clara, e em torno delas se desenvolve uma trama contada a partir das vozes das personagens, com diálogos, carta e narração em terceira pessoa.

Com muita pesquisa e referências que vão de Paulo Freire à Taylor Swift, passando por Lovecraft e Moby Dick de Melville, Ojeda constrói um enredo denso e amedrontador. A abordagem perpassa a adolescência, com suas transformações físicas e os sentimentos à flor da pele. Um momento intenso nas relações consigo, com amigos, escola e família.

A paixão pela literatura de horror e pelos filmes de terror dão o tom das personagens que criam histórias e se desafiam das formas mais assustadoras: ?O Deus Branco não tem rosto nem forma, mas seu símbolo é uma mandíbula que mastiga todos os medos.? O modo como as cores são usadas no romance também me fascinou: ?Clara não sabia que brigar com a melhor amiga podia ser tão vermelho.?

Podemos refletir sobre a imposição do medo como forma de controle na adolescência. Uma fase tida como intermediária, uma espécie de não ser, nem criança, nem adulto. O medo como uma estratégia para  formatar as jovens para a sociedade, podar seus desejos por sentir, assim como nas religiões há um deus ao qual se deve temer e pedir por misericórdia. Ou seja, representam uma intenção parecida, manter corações revoltos sob uma determinada ordem, patriarcal e dogmática. Uma opressão que é reproduzida de várias formas, pela religião, escola e família.

Fiquei fascinada por tudo o que o romance me trouxe e com vontade de explorar um pouco mais dos temas trazidos, como o viés político e psicanalítico, que também está ali, não só com Lacan na epígrafe: ?Um grande crocodilo em cuja boca vocês estão. A mãe é isso.? Adoro essas histórias com personagens adolescentes, contadas com tanta força. Diante do horror da própria vida, elas criam suas próprias formas de sentir medo, um medo que elas podem controlar. Afinal, segundo Foucault, um corpo sobre o qual se exerce poder, também é um corpo que resiste.
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patriciagguimaraes 23/08/2023

Muito diferente
É uma leitura muito diferente, no começo me empolguei mais, mas a autora divaga bastante, porém não torna o livro chato, apenas meio cansativo
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Tai Martins 13/05/2023

A monstruosidade entre mulheres e o terror do amadurecimento
Vidas disfuncionais. Revelação de obsessões, medos e prazeres. A presença do medo nas relações interpessoais dos personagens e a violência que o amor carrega são explorados ao extremo. Sai da leitura desse romance com marcas indeléveis.
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Beatriz 18/03/2023

Que livro perturbador e que leitura complexa. Diferentes pontos de vista, passado, presente e futuro se misturam em um mesmo parágrafo? As cenas são chocantes e muitas vezes me deixaram enojada. Todos os personagens são extremamente problemáticos, para se dizer o mínimo. Não foi um livro que me agradou.
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Raquel Marina 19/12/2023

Gostei da leitura de Mandíbula, principalmente pela escrita da autora. Ela trata de temas complexos e faz isso com densidade e sensibilidade. Por vezes descreve cenas perturbadoras, mas não o faz de modo leviano. O livro só não me agradou mais, porque depois da metade o livro acaba perdendo o ritmo e fica muito cansativo, as divagações das personagens são muito longas e por vezes repetitivas.
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Lulys 12/03/2023

Relações complexas
Monica Ojeda vai construindo a história através de vários pontos de vista, indo e voltando no tempo. Conseguimos sentir o terror chegando, a angústia crescendo durante a leitura. Às vezes perde um pouco o ritmo e se torna cansativo, mas vale muito a leitura.
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