Caroline Gurgel 27/02/2014Cru...Quando Tatiana Feltrin disse que A Velocidade da Luz foi um dos melhores livros que ela leu no ano passado (2013), não hesitei. Confiando no gosto da blogueira, comecei a leitura às cegas, sem ter lido sinopse ou sequer alguma resenha e, portanto, não tinha ideia do que me aguardava.
A Velocidade da Luz conta a história de um espanhol aspirante a escritor- o narrador, que sonha em escrever um livro, e Rodney Falk, um americano veterano da guerra do Vietnã. O narrador deixa a Espanha para lecionar língua espanhola em uma universidade em Urbana, no estado americano do Illinois, onde cria uma amizade estrita com o ex-combatente. Em posse das cartas que Rodney enviara ao pai durante a guerra, o narrador tentará compreender o que, de fato, aconteceu e escrever a história do amigo.
Ao passo que o autor discorre sobre as dificuldades de se narrar uma história, tenta entender o ex-combatente e toda a bagagem que se traz de uma guerra. É uma história de glória e declínio. De degradação, de bebedeira e traição, de fracasso – e das consequências disso nas amizades e na família.
Não tenho como falar pelos que leram a sinopse, mas, para mim, a história é intrigante e completamente imprevisível. Lá pela página 80 eu ainda não tinha ideia do que viria, nem ao menos conseguia enumerar algumas possibilidades. O livro é cheio de citações que tocam o leitor, mas não do tipo “bonitinhas”. Não. São verdades crudelíssimas sobre o comportamento humano, nem sempre admitidas.
Há os que consideram boa parte desse livro como autobiográfica, pois a história do narrador assemelha-se consideravelmente com a do autor, seus livros, sua cidade natal, seu estilo de vida e o período em que lecionou em Urbana, onde, de fato, conheceu um veterano de guerra.
A escrita mantém um padrão elevadíssimo e faz a leitura fluir muito bem. O autor vai e volta no tempo com destreza, dentro do mesmo capítulo e, muitas vezes, no mesmo parágrafo. Gostei do que li, mas devo admitir que não é meu “tipo” de livro. É sério demais – mas não me entendam mal, não que eu não goste de estórias sérias, pois gosto, não seria esse o problema – mas aqui é tudo muito cru, duro, sem floreios, sem cor, meio deprimente. É sério, mas não emociona. É sentimental, mas não comove. Não a ponto de ser meu-tipo-favorito-de-livro, de me encantar. Talvez seja daqui a uns 15 ou 20 anos, mas não hoje. Porém, não posso negar que se trata de um excelente autor e um digno livro.
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