Clarinha 09/06/2021Sobre a heteronormatividade e a autodescobertaÍris Pêssego tem 17 anos, está na 3ª série do Ensino Médio e segue à risca o script de sua vida. Na escola sua melhor amiga é Polly, que no momento está completamente obcecada pelo baile de formatura em perder sua virgindade antes de entrar na faculdade. Na vida, porém, sua melhor amiga é a vizinha, Dona Símia, uma simpática senhora de 68 anos com quem assiste Amor em Atos, sua novela favorita.
Há três anos Íris é apaixonada por Cadu Sena, um dos meninos mais gatos do Colégio São Patrique. Mas o sentimento nunca foi nada além de platônico, já que o rapaz esteve namorando com outra garota por todo esse tempo. Um belo dia, porém, o relacionamento acaba e a ex de Cadu é vista no colégio aos beijos com Édra Norr, uma garota que, até então, Íris nunca tinha visto.
É a curiosidade de saber o que levou ao fim do relacionamento e, principalmente, ao envolvimento de Camila com Édra que faz Íris iniciar o que ela chama de “experimento científico”. Na prática, Íris passa a observar Édra de perto, buscando entender o que a menina tem de tão incrível para que Camila tenha trocado Cadu por ela.
Essa é uma história sobre auto descoberta e que nos leva a pensar sobre os reflexos da heteronormatividade em nosso comportamento e, principalmente, na vida de nossos jovens. Com muita graça e cenas fofas, Elayne Baeta descreve a descoberta e compreensão da sexualidade de Íris.
É possível perceber que o romance na vida de Íris era totalmente idealizado pelas novelas que assistia e esperava poder espelhar na vida real. Através disso, podemos ver sinais da heterossexualidade compulsória imposta socialmente e difundida pela mídia.
Os questionamentos que vão surgindo em Íris são tão reais para quem está se descobrindo... A insegurança gerada pela atração de um corpo semelhante ao seu, os medos do julgamento, a dúvida sobre o futuro, a percepção de que não irá atender aquilo que as pessoas naturalmente esperam de você.
É uma história doce, leve e que pode ajudar muitos jovens que ainda estão se descobrindo por aí. É mais que um livro sobre meninas que amam meninas, é sobre se compreender e compreender o outro.