Lançado em 1963, o livro de estreia de João Antônio, Malagueta, Perus e Bacanaço, tornou-se de imediato um clássico. O autor, então com 26 anos, movia-se com originalidade e força numa linhagem de prosadores que podia abranger nomes tão distintos como Antonio de Alcântara Machado, Lima Barreto ou Graciliano Ramos. Ao mesmo tempo, seus nove contos concisos e diretos, isentos de sentimentalismo, recriavam saborosamente o ritmo e o léxico da língua popular de uma São Paulo em grande parte desconhecida dos leitores - a língua do pé-de-chinelo, do zé-ninguém, do pobre-diabo que chuta tampinhas pela rua e bebe pelos botecos.
Na geografia desta obra de tintas autobiográficas, onde subúrbios paulistanos são cortados por linhas férreas, os esquecidos da história lutam por sua sobrevivência, muitas vezes à margem da lei. Como na sinuca, um lance errado pode pôr tudo a perder.
Ambientado nos bairros do centro e da periferia da capital paulista no final dos anos 1950, início dos 60, por este livro desfilam pequenos funcionários, soldados rasos, boxeadores, ferroviários, prostitutas, engraxates, camelôs, malandros e desocupados que, pelas mãos de João Antônio, entraram finalmente pela porta da frente de nossa literatura.
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