Se nas comemorações dos 500 anos do descobrimento as atenções se voltam para Portugal e os descobridores, Antônio Torres joga um holofote sobre a violência e arrogância dos primeiros portugueses que por aqui aportaram e a brava resistência dos índios. Em Meu querido canibal, Torres se debruça sobre a vida do líder indígena Cunhambebe para traçar um painel das primeiras décadas de história brasileira. Considerado o mais valente dos nativos que lutaram contra a "escravidão ou morte" proposta pelos colonizadores, Cunhambebe, que, presumivelmente, morreu entre 1554 e 1560, era o mais temido e adorado guerreiro índigena e sua vida acabou sendo envolta em mitos.
E para contar a história deste homem-lenda, Antonio mergulhou nos arquivos da história do Brasil. Com rigor histórico, mas narrada com a verve literária de Torres, o livro acompanha a criação, apogeu e massacre da Confederação dos Tamoios, a organização social das tribos, o modo de vida, a ligação com os piratas franceses, o papel ambíguo de Anchieta, as mentiras e trapaças dos conquistadores, a fundação sangrenta da cidade do Rio de Janeiro, entre muitos outros temas que não estão nos livros escolares.