Pedagogia do próximo
Zero parecia começar cada papo do nada, mas o desenrolava como se puxasse uma corda consistente, na qual os interlocutores podiam se segurar bem e, certos de que não se extraviariam no labirinto formado pelas muitas novidades, se sentiam impelidos a ir cada vez mais longe. Eram estimulados, além disso, pelo fato de a narrativa se faer com o máximo de maleabilidade, a partir de qualquer coisa que alguém disesse, de modo que todo mundo se sentia ouvido e convidado a construí-la.
Em certo final de tarde, por exemplo, Zero acabou de amolar a foice na pedra de afiar existente na beira do açude, mostrou-a aos presentes e, em aparente devaneio, perguntou se achavam que havia muito que Jesus tinha vindo ao mundo.
Romance