Proust foi o primeiro a fazer do duplo sensação-lembrança a matéria-prima de sua obra. O realismo psicológico do escritor, sua preocupação com o tempo e a memória, surgiram como algo totalmente novo, diverso e inclassificável. Além de usar técnicas narrativas já conhecidas, como a do flash-back, Proust utilizou uma técnica de comparações inusitadas, através da qual desenvolveu sua prospecção psicológica. Suas frases têm uma construção musical e harmoniosa, fruto do trabalho de um escritor, que conhecia, como poucos, o material de que se utilizava: a língua francesa. É por estas razões que o enredo, a história propriamente dita, tem importância secundária em sua obra. Pois na verdade em Proust o que importa não são os encadeamentos narrativos, mas sim a análise psicológica, as comparações e conexões estabelecidas e, acima de tudo, a luta do espírito criador para afirmar-se e deixar a sua marca, contra o tempo que tudo arrasta e destrói.
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance