No livro O som do pólen derramado, os poemas partem de silêncios, paisagens e sonoridades, seguem aos cheiros e ambientes internos da casa e das memórias e então estendem um olhar-mulher-poético-crítico em relação ao mundo. Em todos os casos, as paisagens se conectam com algo de dentro do humano.
Leia o prefácio escrito por Cida Pedrosa:
Poesia em estado de oração
Em “O som do pólen derramado” encontro a palavra aprisionada em voo de garça. A palavra liberta em pouso de garça. A palavra em estado de graça. A palavra sibilando o branco do papel. A palavra sussurrando a tinta negra da impressora. A palavra em estado de polinização. Encontro, encontro, encontro a mim mesma e ao outro, nas palavras necessárias de Yara Fers.
Eu poderia continuar tentando criar as mais diversas imagens para falar deste livro, mas não daria conta de descrever o impacto poético que ele me causou e causará em outros leitores e leitoras. Na verdade, eu não conseguiria criar aqui os versos precisos e preciosos contidos nele. Fui tomada por estes poemas fortes e delicados, onde cada frase é esculpida para ser aninhada ao nosso ouvido, à nossa pele, à nossa boca e explodir em girândolas diante do nosso olhar.
Os poemas de “O som do pólen derramado” me fazem lembrar a escrita de Manoel de Barros e seu universo de metáforas particularíssimas. Neles, os versos se consomem na própria chama do fazer poético e se apresentam ao leitor hora em estado de vento, hora em estado de ventania, nem sempre em silêncio, mas sempre em estado de poesia.
Yara nos entrega seus silêncios, seus sussurros, seus gemidos, seus gritos, em estado de oração. E roga à palavra que crie asas e voe.
(Cida Pedrosa)
Poemas, poesias