Um amor de enigma e tão denso como a própria existência do tempo...
Tentou gritar pelo tio, mas uma presença muito maior que ela abafou-lhe o grito.
— Shhh! Quieta, como antes repito: Não te farei mal.
O coração de Angelina, já acelerado pelo medo, deu um pulo e quase parou ao reconhecer a voz. Relaxou o corpo para demonstrar que se lembrava. Aos poucos o braço que a enlaçava pelos ombros a soltou, lentamente voltou-se e aqueles olhos estavam lá novamente, escuros de interesse, olhando-a diretamente na alma. Viu-se refletida neles.
— Espero, Sinhazinha, que aprecies o presente. — Não havia percebido que aquele ser quase lendário lhe oferecia lindas flores.
— Ora... Orquídeas! E quão raras não são estas. Mas quem é o senhor?
— Com certeza as mais raras que se pode encontrar, já que foram apanhadas por mim. Digo isso não por presunção, mas devido ao grau de dificuldade que achei ao apanhá-las no alto de uma cachoeira de pedras muito escorregadias. — O tom de voz era rouco e baixo, muito sedutor por seu intenso sotaque espanhol.
Angelina, com a respiração suspensa, ergueu a mão para tirar-lhe a máscara, mas teve o pulso muito rapidamente capturado. Sentiu os lábios quentes e úmidos em contato com as costas dos dedos que, fechados em torno de si, foram beijados pelo homem misterioso.
— Quem é o senhor? Suplico que esclareça.