OA INFAMES DA HISTÓRIA, POBRES,

OA INFAMES DA HISTÓRIA, POBRES, LILIA FERREIRA LOBO


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OA INFAMES DA HISTÓRIA, POBRES, #2


ESCRAVOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL




O livro se desenrola em quatro partes, recheadas de densas informações e atualizadas discussões teóricas e bibliográficas. Vasto contingente de fontes documentais, de crônicas de viajantes estrangeiros a denúncias da Inquisição, teses de medicina, livros de higienistas e criminalistas alimentam robustos capítulos. A primeira trata das monstruosidades, das resgatadas dos relatos de viagem do Renascimento à teratologia, ciência dos monstros e dos degenerados, que, no século XIX passa a discutir estragos na espécie humana. Na segunda, a autora explora o material produzido pelas Visitas do Santo Ofício analisando casos tão surpreendentes quanto o de Brites Fernandes de Camaragipe, aleijada e mentecapta, perseguida e condenada por deficiência mental. A idiotia, nesses tempos, era vista como um defeito moral. Mais eloqüente do que a Inquisição foi outro tribunal: o da eugenia. Esse perseguia “negros tolos”, onanistas, pederastas, cegos, surdos-mudos, prostitutas e jovens delinqüentes.
A utopia de uma sociedade organizada e produtiva, constituída só por exemplares perfeitos da espécie humana, estava em curso com o apoio de renomados médicos do século XIX. Os remédios? Esterilização, extermínio, embranquecimento. Na terceira parte, Lilia se debruça sobre as marcas da deficiência no corpo de escravos, parcela dos que os teóricos chamavam de “humanidade inferior”. E conta a trajetória dos descartados, dependentes da caridade pública e das redes de solidariedade montadas pelos próprios cativos. Doenças, mutilações, suicídio, fome e castigos eram ao mesmo tempo causa e conseqüência da existência destes “fardos sociais”. E o que dizer de sua inserção no mundo do rendimento e da cidade? Na última parte deste alentado trabalho, excelente é sua contribuição sobre os estabelecimentos especializados como o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, o Instituto dos Surdos-Mudos e o Pavilhão-Escola Bournevelle para crianças, ainda tão pouco estudados. O último, substituiu o hospício que na pena de Olavo Bilac era a “Casa do Sofrimento”: habitada por alucinações, ali tudo respirava miséria e abandono, e as crianças viviam pelo chão, gritando e se arrastando como “animais malfazejos”. O único alimento, além da ração diária que recebiam, era o carinho de certa Tia Ana, uma Cabocla louca e segundo o poeta, doida de amor pelos filhos que não tivera.

História

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Marcia.Cristina
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29/06/2016 10:00:33

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