Play Beckett: uma pantomima e três dramatículos reúne quatro peças de Samuel Beckett - Ato sem palavras II, Comédia/Play, Improviso de Ohio e Catástrofe - que foram escritas entre 1956 e 1982 e são publicadas pela primeira vez no Brasil.
Em Ato sem palavras II, uma pantomima para dois atores, traduzida por Luana Gouveia, vemos as personagens A e B sendo impelidas a uma rotina idêntica de deslocamentos mecânicos, que se repetem, aparentemente sem propósito, presas a um ciclo contínuo, sem fim.
Em Comédia/Play, com tradução de Rubens Rusche, as vozes de um triângulo amoroso - um homem, sua esposa e sua amante - cada um preso em uma jarra cinza idêntica, no centro do proscênio, dialogam em elaborado coro. Tendo apenas a cabeça de fora, seus rostos perderam de tal modo a idade e a fisionomia que dão a impressão de pertencerem às jarras. Nada de máscaras.
Catástrofe, também traduzida por Rubens Rusche, traz para a cena autoritarismo e manipulação. Esta é uma das poucas peças beckettianas de teor político explícito, a qual foi dedicada ao diretor teatral tcheco Václav Havel, naquele momento preso político.
Improviso de Ohio, traduzido por Leyla Perrone-Moisés, trata da perda de um ser amado, da relação a dois, quando só resta um. Segundo a tradutora, "essa é talvez a única peça de amor de Beckett: amor que foi feliz, amor por/de alguém que já morreu e envia outro para confortar o que ficou. Outro que é a sombra desse alguém morto, sombra que é a imagem mesma do que ficou".
O livro ainda traz um posfácio sobre a tradução de Improviso de Ohio escrito por Leyla Perrone-Moisés.
Literatura Estrangeira