Nesta saga judaica inesquecível, os personagens são movidos por paixões universais, mas há nelas a vitalidade das árvores que frutificam em certos pomares de Jerusalém. De 1837, quando membros da família trocaram a Europa do Leste pela Palestina, até os dias de hoje, quando os ramos mais jovens da árvore genealógica chegam até a América, são seis gerações que povoam um mundo ao mesmo tempo real e mítico.
Esther, a matriarca, quando recém-casada dividia-se entre o marido e o padeiro, levada irresistivelmente pelo desejo e pelo cheiro do pão. Avra, a ladra, nunca ficava com as coisas que roubava, apenas as mudava de lugar. Miriam costurava tão bem que suas roupas transfiguravam quem as vestisse. Os Gêmeos Zohar e Moshe cruzaram os muros da Cidade Velha e se defrontaram com uma tragédia que perseguiria a família por gerações. Eliezer, filho de Zohar, certa vez tentou invocar um golem no jardim do pai.
Contagiado pelo talento fulgurante de Nomi Eve, filha de Eliezer, esses quase duzentos anos de história se transfiguraram num pequeno milagre literário, capaz de enlaçar o humor e uma sensualidade viva, quase palpável, e de harmonizar a amplitude do épico com as delicadezas da intimidade.